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Sábado, Maio 31, 2025

“ReAlive”, o melhor do Fantas 2017

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

Mateo Gil é um argumentista espanhol de créditos firmados, vencedor de vários prémios Goya (por exemplo, com “Mar Adentro” e “Ágora”, ambos de Alejandro Amenábar). Também realizador, apresentou na 37ª edição do FANTASPORTO que ontem terminou, o seu filme mais recente: “ReAlive”. Um homem a quem é diagnosticada uma doença que só lhe dará um ano de vida opta por congelar o corpo por dezenas de anos até que seja descoberta uma cura para o seu padecimento.

Este é o tema do trabalho de Mateo Gil que obteve, no festival portuense, os prémios para o melhor filme e para o melhor argumento da Competição de Cinema Fantástico.

“A Dark Song” do irlandês Liam Gavin esteve também em evidência ao conquistar o prémio para o melhor realizador e o galardão da melhor actriz, Catherine Walker.

O britânico Drew Casson obteve a distinção para os melhores efeitos especiais com “The Darkest Dawn” e Frederick Koehler foi considerado o melhor actor pela sua interpretação no filme norte-americano “The Evil Within”.

O prémio especial do Júri do Cinema Fantástico foi para a co-produção franco-filipina “Saving Sally”, de Avid Liongoren, que recebeu também o Prémio do Público. Este foi um dos poucos filmes “fantásticos” que tivemos oportunidade de ver. Deixou-nos uma excelente impressão. A combinação muito bem conseguida de imagens reais com a animação, um extraordinário trabalho de desenho e uma história da relação de um rapaz e uma rapariga no final da adolescência, à partida banal mas contada com uma invulgar imaginação, dão corpo a uma obra muito meritória.

O prémio da Melhor Curta-Metragem foi para o filme espanhol “Cenizo” de Jon Mikel Caballero.

O Júri da Secção de Cinema Fantástico decidiu ainda atribuir menções especiais ao brasileiro “A Repartição do Tempo”, de Santiago Dellape e à curta-metragem francesa “Garden Party”.

Filme filipino “Pamilya Ordinaryo” venceu na Semana dos Realizadores

O grande destaque da 27ª Semana dos Realizadores / Prémio Manoel de Oliveira foi para o filme filipino “Pamilya Ordinaryo” de Eduardo W. Roy Jr, interessante retrato da vida de “gente comum”, os mais pobres de uma sociedade pobre, centrado na história de um casal de jovens que vive na rua e sobrevive à custa de pequenos roubos e outros expedientes. Atingidos pelo “rapto” da sua filha recém-nascida envolvem-se na tentativa desesperada de a encontrar. Merecido o prémio de Melhor Filme e também o de melhor actriz, Hasmine Kilip.

Este último foi partilhado com Nahed El Sebaï, a protagonista do filme egípcio “Sins of the Flesh” / Pecados da Carne, Prémio Especial do Júri. Realizado por Khaled el Agar e produzido pela empresa de Youssef Chahine, nome maior do cinema daquele país, “Sins of the flesh” tem como pano de fundo a revolução que em 2011 levou à destituição de Mubarak mas passa-se integralmente numa propriedade agrícola situada longe do Cairo. Uma história de amor, traição e morte, em que uma mulher procura lutar pelo seu amor numa sociedade dominada pelos homens (o marido, o patrão, …). Filme muito interessante.

“The Age of Shadows” exibido na sessão de abertura valeu ao seu autor, o sul-coreano Jee-Woon Kim, o galardão para o melhor realizador.

“The Citizen” de Roland Vranik , relato do drama de um homem negro que tenta, durante anos, tornar-se cidadão húngaro, conquistou o prémio do melhor argumento.

Um dos títulos mais marcantes desta edição do FANTASPORTO foi “The Net” do multi-premiado cineasta sul-coreano Kim Ki-Duk. O drama de um pobre homem vítima da violenta animosidade que se vive entre as duas Coreias é o tema central de um filme que obteve o prémio da secção Orient Express e valeu ao seu protagonista, Park Ji-Il, a distinção para o melhor actor da Semana dos Realizadores.

O Júri da secção Orient Express atribuiu o Prémio Especial a um filme do Laos, “Dearest Sister” de Mattie Do e uma menção honrosa ao já citado “Saving Sally” .

João Lourenço, com “Um Refúgio Azul” ganhou o prémio do cinema português. O Instituto Politécnico do Porto venceu o concurso entre escolas.  “Schlboski”, de Tomás Andrade e Sousa, aluno da ETIC de Lisboa, obteve uma menção especial de criatividade.

Os prémios de carreira foram atribuídos ao cineasta holandês Ate de Jong e à argumentista brasileira Glória Perez.

Uma referência para o Prémio da Crítica que foi atribuído, ex-aequo, a dois filmes britânicos: Caught de Jamie Patterson e Division 19 de Susie Halewood. Só vimos o primeiro dos dois. Foi, em nossa opinião, o menos interessante da dezena e meia de longas metragens que pudemos ver durante o certame. Não descortinámos mensagem nenhuma no filme. Terror? Também não. Um longo bocejo.

Já agora, e se de terror e horror se fala a propósito do FANTASPORTO, o trabalho que mais nos assustou foi “Lines” do grego Vassilis Mazomenos. Filme triste, cinzento, sombrio. Um retrato da sociedade grega actual e um grande grito de revolta. Com extra-terrestres podemos nós bem. O terror induzido pela “troika”, esse sim, é que é verdadeiramente assustador…

E pronto caiu o pano sobre o 37º FANTASPORTO. A sessão de encerramento e de entrega dos prémios teve lugar na noite do passado Sábado. Nela foi exibido o filme brasileiro “Através da Sombra”, de Walter Lima Jr.

A edição de 2018 já tem data marcada: de 26 de Fevereiro a 11 de Março.

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