O encontro, este fim-de-semana, reconduz Pedro Passos Coelho como líder, tendo granjeado 95 por cento dos votos das eleições para presidente. Ora, aqui está a primeira dúvida: em que medida Rio seria central entre os congressistas, se o líder eleito é avassalador em votos?
Rui Rio falhou já duas vezes: nem deu de ombro a Passos no momento certo (Costa entrou de pés juntos a Seguro e foi entronizado), nem correu para Belém, depois de ter dito que tinha a decisão “mais de oitenta por cento tomada” – e todos acreditaram que era para avançar… mas não era.
Rui Rio pode estar a sofrer um episódio de auto-ilusão. É verdade que o PSD se agita porque o poder, a única coisa que acalma o partido, está cada vez mais longe. Vêm aí as autárquicas e pode acontecer que os sociais-democratas percam as batalhas de Lisboa e Porto, deixando Passos ainda mais frágil.
Mas onde é que estes problemas levam a que Rui Rio fosse figura central?

Recorde-se que nos tempos da antiga Galileia, andava Santana pelo PSD, em sucessivos jantares e encontros conspirativos Manuela Ferreira Leite e Pacheco Pereira quiseram que Rio avançasse. Recorde-se que Cavaco, de Belém, apoiava a ideia. O povo até o via com simpatia. Mas o então líder da Invicta sempre recuou.
É isso que faz agora, outra vez. Podia ir ao congresso e demonstrar, num bom discurso, que há vida além de Passos. Dar esperança e recolocar-se na vida real. Ser a diferença.
Mas, pelo contrário, decide não ir. Tem razão, Rui Rio. Se fosse, podia ser a figura central, se o fizesse bem.
Como não vai, Rio passa devagarinho à irrelevância, apenas negada na sua própria cabeça – para desespero de muitos sociais-democratas que desejam Pedro longe. É um caso desesperado de oportunidades perdidas.