O último balanço oficial confirma três portugueses entre os cerca de 130 mortos nos atentados terroristas de Paris na noite Sexta-Feira, que provocaram também cerca de 350 feridos, das quais 100 estão ainda em estado grave. Entre os bombistas-suicidas está identificado o jovem Ismael Omar Mostefai, apontado como filho de mãe portuguesa e pai argelino.
Précilia Correia, de 35 anos, foi a segunda portuguesa confirmada na lista das vítimas mortais no Le Bataclan. Précilia estava com o namorado francês a assistir ao concerto da banda norte-americana Eagles of Death Metal. Morreram ambos. Filha de pai português de Sarilhos Grandes, Montijo, e mãe francesa, Précilia visitava frequentemente a terra do pai durante as férias. A família comprou até casa em Almada e é possível que os restos mortais de Précilia sejam trasladados para Portugal após as cerimónias fúnebres em Paris.
Também Christine Gonçalves, de 50 anos, filha de portugueses, foi a última a vítima com origens nacionais a ser confirmada como estando entre os mortos do Le Bataclan. Pouco se sabe ainda sobre as origens nacionais de Christine.
Outros quatro portugueses sofreram ferimentos nos atentados e dois outros luso-franceses estão ainda desaparecidos, Cédric Santos e Julien Ribeiro.
Taxista que morreu tinha desistido de passar a semana em Portugal
Manuel Dias, de 63 anos, taxista em Paris, foi o primeiro português confirmado como vítima mortal nos atentados. Foi baleado no tiroteio junto ao estádio de futebol, quando transportava três clientes para aquela zona, uma última viagem antes de recolher a casa.
Manuel Dias optou, sem saber, por se cruzar com a morte quando decidiu não viajar com os filhos para Mértola, a terra alentejana onde nasceu. A família tinha previsto passar a última semana em Mértola mas, sem qualquer motivo de força maior, acabou por preferir ficar a trabalhar em Paris, onde morreu.
Manuel Dias vivia em França há vários anos mas visitava várias vezes por ano a terra alentejana. Desta vez, o destino trocou-lhe o local da última viagem.
Terrorista-suicida no Le Bataclan é filho de portuguesa e pai argelino
De acordo com a imprensa francesa, Ismael Omar Mostefai, de 29 anos, foi um dos terroristas identificados após os atentados de Sexta-Feira. Uma impressão digital aos terroristas-suicidas no Le Bataclan permitiu identificar Ismael Mostefai devido ao cadastro de delitos comuns. É filho de pai argelino e mãe portuguesa.
Omar estava referenciado pela polícia como um bandido banal condenado várias vezes por pequenos delitos relacionados com tráfico de droga ou por dirigir carros sem carta de condução. Ismael Mostefai não era suspeito de estar ligado a organizações terroristas, apesar do jovem se ter ausentado vários meses para ir à Síria, tendo deixado rastro na passagem pela Turquia no final de 2013. Já em meados de 2014, os serviços de segurança terão identificado Ismael durante a investigação a um pequeno grupo suspeito, mas terá sido considerado como um simples membro.
Alerta mundial sobre terrorista suspeito em fuga
As investigações sobre suspeitos em fuga seguiram pistas até Bruxelas, na Bélgica, onde estão referenciadas importantes células jihadistas do auto-denominado Estado Islâmico.
Um grupo de três irmãos, os Abdeslam, cidadãos belgas, está no centro da investigação. A Bélgica emitiu um mandado de detenção internacional contra Abdeslam Salah, de 26 anos, apontado como suspeito pela polícia francesa que divulgou já uma foto descrevendo-o como “pessoa perigosa”. Salah é suspeito de ter alugado o Polo preto usado por terroristas no atentado ao Le Bataclan. O carro que Salah terá usado em Paris foi abordado este Sábado a caminho da Bélgica, mas nele viajavam um dos irmãos Salah e outros dois homens, todos detidos. O Seat preto com matrícula que terá sido usado pelos terroristas foi encontrado nas imediações do Estádio de França, com amas no seu interior.
Está agora lançada uma caça ao homem chamado Abdeslam Salah, que poderá ser o único dos oito terroristas que não morreu. Sete usaram cintos com explosivos para concretizar os atentados e morreram. Os ataques ocorreram em pelo menos seis locais diferentes da cidade de Paris.