Segunda e última parte
No artigo anterior, escrevi que o uso de álcool e drogas pode acontecer na vida do adolescente de qualquer classe social ou económica, em idade em que o cérebro ainda não está completamente formado (por volta dos 21 anos) e que este drama é cada vez mais transversal.
Escrevi também que o trabalho contra esta realidade pode começar a ser feito com a família e desde bem cedo.
Na primeira parte deste artigo enumerei 15 das 35 sugestões que reuni e que penso serem uma base construtiva e séria para apoiar uma adolescência mais livre, livre de drogas e álcool.
Tome nota das restantes 20:
- Seja um pai/mãe! Os adolescentes são desafiadores por natureza. O seu filho precisa de ter um Pai , uma Mãe, não de “amigos” ou “compinchas” dentro de casa.
- Não entre em negação! Nunca assuma que o uso e abuso de substâncias alteradoras de humor só acontece na família dos outros. É uma questão epidémica e pode perfeitamente acontecer na sua casa e no seu seio familiar.
- Guarde bem os seus medicamentos. Se usa medicação prescrita pelo seu médico e a tem em casa, saiba exactamente onde a guarda, conte os comprimidos que tem e mantenha as embalagens guardadas e afastadas dos seus filhos.
- Sintonize-se com os comportamentos do seu adolescente: observe se ele está a mudar de relacionamentos ou grupos com que geralmente se dava. Note se a sua aparência está a sofrer alguma alteração mais ou menos súbita.
- Apoie as actividades dos seus filhos. Assista o mais que lhe for possível aos eventos e apresentações públicas, da escola, da Universidade ou desportivos. Se o seu filho não for do género atlético ou artístico (que entra em festas desportivas ou peças de teatro, por exemplo), encontre alternativas, situações em que o possa ver brilhar.
- Vá-se apercebendo do estado emocional do seu filho. Sabemos como os adolescentes podem parecer autênticos “rollercoasters” emocionais. Mesmo assim, existe um equilíbrio a que ele e você estão habituados. Mesmo quando existe paz no seio familiar, não desarme nem se desleixe: parece-lhe que ele está a ficar com a auto-estima em baixo? Está a tornar-se muito pouco cooperante ou até mesmo desafiador? Há sempre sinais de alarme por muito evasivos que possam parecer.
- Mantenha controle sobre o álcool que existe dentro de casa. Os adolescentes admitem que lhes é fácil encontrar álcool no próprio lar. Mantenha as suas bebidas alcoólicas inacessíveis, ou, pelo menos, muito pouco expostas. Evite que se olhe facilmente para elas como se fossem algo perfeitamente natural.
- Encoraje os seus filhos adolescentes a serem pessoas independentes, de forma saudável e correcta. Sem que se apercebam disso, os pais enviam mensagens subliminares constantemente aos seus filhos adolescentes. Tenha presente que eles observam a forma como lida com a sua vida, com os desafios e o stress. Mostre-lhes como se pode lidar com todas as situações de forma saudável, enfrentando o dia-a-dia e o stress sem uso de álcool ou drogas.
- Seja consistente! Estabeleça fronteiras, regras e respectivas consequências caso não sejam cumpridas. E cumpra com o que estabelece.
- Não tenha medo de ser Mãe/Pai. O seu adolescente precisa de si mais do que nunca, muito embora possa não parecer. Precisa de pais que o ajudem nesta travessia que é a adolescência, de forma sólida, segura, tranquila, firme.
- Mantenha-se calmo! Quando o seu filho levantar a voz, baixe a sua e permaneça calmo.
- Primeiro a segurança! Lembre o seu filho com regularidade que o mais importante de tudo é a segurança dele próprio.
- Avalie a saúde física do seu filho com alguma regularidade. Tire tempo para o levar ao pediatra que o acompanha. Se for rapariga, leve-a à sua primeira consulta de ginecologia.
- Discuta questões de saúde com o seu filho. Converse sobre álcool e drogas. E comece cedo, por volta dos 10/11 anos.
- Aprenda com o seu filho! Tire algum tempo para que ele possa partilhar consigo as suas motivações e interesses. Aprenda sobre os seus hobbies e faça-o sentir-se orgulhoso pelas suas conquistas.
- Planeie tempo de qualidade com o seu adolescente. Encontrem em conjunto actividades divertidas para ambos e que possam fazer um com o outro.
- Aceite! Aceite o seu filho tal como ele é para que sua auto-estima seja alta. Valorize-o. Nunca se esqueça que o seu filho é uma pessoa autónoma e independente, e não aquilo que você quer que ele seja (ou venha a ser).
- Expresse o seu amor. Sem medo. Assegure-se de que diz com frequência ao seu filho o orgulho que sente por ele e o quanto o ama!
Para terminar, faça-se o favor de partilhar os seus pensamentos e sentimentos com outros pais que também tenham filhos adolescentes!
Talvez algumas das suas ideias o possam ajudar pontualmente, seja numa fase mais complicada ou no ritmo do dia-a-dia em que qualquer mudança é levada como se fosse a coisa mais importante da vida, do mundo. Ajude-o e oriente-o de forma a ser bem sucedido na tarefa difícil que é manter longe o álcool e as drogas, principalmente nos dias que correm.
Acredite e leve isto muito a sério: pode acontecer na sua casa!
Ana Pinto-Coelho com Cathy Taughinbaugh e Elizabeth Gordon, contribuição para a divulgação, também na língua portuguesa, de vários trabalhos sobre adicções e comportamentos aditivos.