“Às portas da Europa, uma caça às bruxas condenou dezenas de jornalistas e transformou a Turquia na maior prisão do mundo para a profissão. No espaço de um ano, o regime de Erdogan esmagou todo o pluralismo dos meios de comunicação, enquanto a União Europeia não disse praticamente nada”, denunciou o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.
Mais de 100 profissionais da imprensa detidos na Turquia
O balanço anual da organização não-governamental, com sede em Paris, revela que só na Turquia, mais de 100 profissionais da imprensa estão detidos. Os números que englobam jornalistas, colaboradores freelance e bloggers caíram, no entanto, relativamente aos reféns.
Comparativamente a 2015, foram registados 52 reféns contra 61. Entre eles, estão 26 na Síria, 16 no Iêmen e 10 no Iraque. Este ano, apenas um jornalista – Jean Bigirimana, do Burundi – está dado como desaparecido (contra 8 no ano passado).
Perante os riscos “cada vez mais numerosos” que enfrentam os jornalistas, a RSF volta a pedir a criação da figura do “representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a segurança dos jornalistas”.
Pela primeira vez, desde 2008, o Irão não aparece no topo da tabela, ” já que muitos dos condenados na repressão pós-eleitoral de 2009 cumpriram as penas e foram libertados”, pode ler-se ainda no relatório.
Relativamente aos profissionais assassinados, a RSF revela que desde Janeiro último foram mortos 75 jornalistas, freelancers e bloggers. A Síria, o México e o Iraque são os países onde foram registadas mais mortes.
O barómetro assinala apenas os casos em que a organização conseguiu comprovar que foram assassinados ou presos devido à sua atividade jornalística. Não inclui aqueles que foram assassinados ou presos por motivos não relacionados com a sua profissão ou aqueles em que não foi possível confirmar um nexo com o seu trabalho.