Doze dias mais tarde, a 20 de Janeiro, foi barbaramente assassinado a mando do colonialismo português na cidade de Conacri onde se encontrava.
Na sequência da sua morte, o PAIGC lançou uma ofensiva e usando mísseis terra-ar abateu em poucos dias cinco aviões portugueses. A partir desse momento os aviões não puderam mais ser utilizados e a infantaria portuguesa perdeu a proteção aérea que lhe dava vantagem. A guerra estava definitivamente perdida para Portugal.
A sua morte, ao contrário do que os colonialistas pensavam, não impediu o PAIGC de proclamar a independência da Guiné em Setembro desse ano, sendo imediatamente reconhecida por múltiplos países europeus, asiáticos, africanos e latino-americanos. Portugal ficou isolado na comunidade internacional, continuando uma ocupação de um território que muitos reconheciam já como independente. Pouco depois, o 25 de Abril de 1974 em Portugal veio permitir uma solução para a guerra colonial.
Actualmente o 20 de Janeiro é feriado nacional em dois países, Cabo Verde e na Guiné, comemorando-se em ambos o dia dos Heróis Nacionais em memória a Amílcar Cabral e aos seus companheiros caídos na luta de libertação nacional.
Amílcar Cabral, nascido na Guiné mas de origem cabo-verdiana, agrónomo de formação, cientista com mais de 40 artigos científicos publicados no campo da agronomia e do controlo fitossanitário, poeta, teórico do nacionalismo africano, pensador marxista e fundador do PAIGC e seu dirigente máximo foi inicialmente um defensor de uma via pacífica para a independência das colónias portuguesas.
Mas quando a mortífera repressão se abateu sobre os trabalhadores guineenses em 1959 e as portas para uma independência negociada se fecharam pela intransigência do Estado Novo, percebeu que só a luta armada levaria à libertação.
Uma data que devia ser assinalada em Portugal para recordar aos mais jovens a realidade do colonialismo, da guerra e da resistência dos povos africanos e os seus líderes.