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Terça-feira, Dezembro 16, 2025

Economista Jeffrey Sachs critica Hillary Clinton

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O site Democracy Now  recebeu dois convidados para comentarem o duelo entre Bernie Sanders e Hillary Clinton, enquanto se aproxima o próximo caucus, a caminho das eleições presidenciais nos EUA.

Gregory Meeks, líder do Congressional Black Caucus (que declarou apoio público a Clinton) e Jeffrey Sachs, reputado economista com vários livros publicados e crítico da ex-primeira-dama, reflectiram sobre a campanha.

No debate que opôs Sanders a Clinton, em Milwaukee, Wisconsin, as diferenças entre os candidatos ficaram ainda mais claras. Enquanto que Sanders afirmou que Clinton recebera 15 milhões de dólares em donativos para a campanha de Wall Street, esta lembrou que Barack Obama também recebeu donativos da mesma proveniência e que isso não o impediu de aprovar leis restritas de regulação dos mercados financeiros.

Sanders replicou “não vamos insultar a inteligência do povo americano, as pessoas não são burras. Porque razão Wall Street faz enormes contribuições de campanha? Deve ser só por diversão. Querem andar a atirar dinheiro ao ar. Porque é que a indústria farmacêutica faz enormes contribuições de campanha? Alguma ligação ao facto de que as pessoas pagam os maiores custos do mundo em medicamentos prescritos?”, insinuou Sanders, visando ainda a indústria petrolífera e seus interesses.

meeksGregory Meeks, congressista, sublinha que é importante existirem dois senadores a disputarem a candidatura democrata à Casa Branca, numa fase em que de facto começou a campanha, que está a chegar a estados “que reflectem mais o que é a América”.

Meeks disse ainda que Hillary Clinton é a sua escolha porque enquanto senadora esteve do lado dos afro-americanos.

Por sua vez, Jeffrey Sachs elogiou o debate por ter “clarificado muitas coisas” mas também confundiu algumas: o economista apontou quando Hillary Clinton afirmou ter negociado o cessar-fogo de 2012 na Síria, quando na verdade não houve nenhum cessar-fogo, acusa Sachs: “ela foi a razão por não ter havido qualquer cessar-fogo, ela apoiou uma tentativa de mudança de regime pela CIA que levou a um banho de sangue na região”, aludindo ao artigo “Hillary É A Candidata da Máquina de Guerra”, publicado no Huffington Post.

sachsPara o economista, Clinton não vai mudar nada, numa altura em que mudanças são necessárias no país. Sachs chama a atenção para o facto de que, ao contrário do que a senadora disse no debate, Wall Street exerceu influência na Casa Branca graças às contribuições para a campanha de Barack Obama para a presidência; recorda que em 2009 não houve executivos bancários nem a serem demitidos nem a irem para a prisão mesmo depois das instituições bancárias terem pago multas na ordem dos 200 biliões de dólares.

“Esta Administração não foi atrás de Wall Street, e este tem sido o problema do Partido Democrático desde há 20 anos, desde que o presidente Clinton levou Wall Street para o Partido Democrático”, acusou o economista.

O congressista Meeks respondeu que os EUA estão agora “substancialmente melhor” do que estavam quando Barack Obama chegou ao poder, e que tem trabalhado numa série de questões desde então. Afirmou que para que “as coisas sejam feitas no Congresso dos EUA, é preciso que o Congresso tenha vontade de trabalhar com o presidente” e acredita que os progressos feitos até agora vão continuar se Hillary Clinton conquistar o cargo, mas chama a atenção para o facto de “nada muda da noite para o dia, isso é um sonho”.

Sachs concordou nestes aspectos com o congressista, mas recusou a ideia de que o status quo vigente é o que as pessoas querem; apontando de novo críticas a Clinton, acusou-a de ter contribuído para o agravar dos cenários de guerra no Iraque, Líbia e Síria, mudanças de regime orquestradas pela CIA que levaram ao caos. “Precisamos de outra agenda de política internacional”, acrescentou, acusando que o complexo da indústria militar é a raiz de todos os problemas neste campo e que Clinton sempre apoiou esta indústria.

Visando de novo Wall Street, Sachs acusou Clinton de rodear-se dos banqueiros e da sua entourage, lembrando que na crise de 2009 estes receberam os seus bónus de desempenho.

O economista, tal como agora, demonstrou incredulidade perante esta atribuição prevista na lei, – “estão a brincar comigo?” – , e disse que “chegou a altura de reagir contra estes interesses”.

Meeks rejeitou o argumento de que não houve mudanças na política externa dos EUA com Hillary Clinton como secretária de Estado, alegando que, ao contrário da Administração Bush, Obama começou a trabalhar em parcerias e coligações com outras nações ao compreender que num mundo globalizado, não é viável estar só. De apenas estar aliado com a “velha Europa”, Clinton ajudou Obama a estabelecer parcerias com estados árabes e sul-americanos, sublinhou Meeks.

Sachs contra-argumentou, lembrando um artigo do New York Times (de há várias semanas atrás) que desvendou um plano conjunto da CIA e da Arábia Saudita para desestabilizar a Síria, levando ao conflito violento que se arrasta. O economista repete o conceito de “irresponsabilidade” para classificar esta atitude e recorda a operação para tirar Saddam Hussein do poder, no Iraque.

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