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João de Sousa

Sexta-feira, Abril 19, 2024

O mundo à deriva

Trump e Pence: Ppara onde vai o mundo com Trump na Casa Branca?

As respostas variam consoante a perspectiva. Oscilam desde um possível retrocesso em questões de direitos humanos e civilizacionais, a um desastre em termos ecológicos se os EUA abandonarem os compromissos internacionais já assumidos em matéria de defesa do ambiente; até ao fim da ordem ocidental tal como a conhecemos, desde o termo da guerra fria, caso a América se retraia para uma posição isolacionista.

Os mais preocupados parecem ser os europeus, que se habituaram desde a Segunda Grande Guerra a colocar a sua segurança nas mãos dos americanos em troca de um seguidismo quase sempre acrítico em termos de política externa. Se Washington agora virar as costas, queira ou não queira, a Europa terá de aumentar os seus orçamentos de defesa e eventualmente reequacionar o relacionamento com a Rússia.

Esta semana, sobre o pano de fundo da melancólica viagem de despedida de Obama ao velho continente, de repente sentiu-se o vazio inquietante que poderia ser o afastamento da América.

Face a muitos dos recentes desastres da política intervencionista dos EUA– Iraque, Líbia, Síria… – tem crescido o apoio a uma ordem internacional mais multilateral, com responsabilidades repartidas e sancionada por instâncias internacionais; o que não se concebe é que a América se recolha a ponto de deixar de fazer valer o seu peso e a sua influência na regulação dos assuntos mundiais.

Um novo rumo ou um novo tom

Falta ainda conhecer quem será o novo Secretário de Estado para se poder avaliar qual poderá ser efetivamente o novo rumo ou o novo tom da política externa americana.

Mas as nomeações já concretizadas para cargos-chave na Casa Branca – do radialista provocador Stephen Bannon como conselheiro estratégico, ao general Michael Flint, conselheiro de segurança, passando pelo senador Jeff Sessions como novo Procurador-Geral e o congressista republicano Mike Pompeo, director da CIA, não são de molde a sossegar os espíritos – todos homens profundamente conservadores, alguns com histórico de declarações racistas e xenófobas.

Dando satisfação aos sectores mais radicais, que querem aproveitar o momento para promover uma ampla agenda de mudanças anti-progressistas, Trump arrisca-se a aprofundar ainda mais a já grande divisão entre os norte-americanos que estas eleições revelaram.

Aguardemos para ver se no plano da política externa acabará por ser escolhida uma personalidade mais consensual.

Se, contra as análises mais alarmistas, Trump, corrigidas as exaltações e provocações da campanha eleitoral, acabar, em política externa, por corrigir a tendência excessivamente intervencionista seguida pelos EUA nas últimas duas décadas, levando de caminho os europeus a preocuparem-se mais com a sua própria segurança, isso acabaria por ser um ganho.

Afinal, Churchill ensinou-nos que os americanos acabam quase sempre por fazer a coisa certa, embora só depois de tentarem tudo o resto…

Até lá, dominam as especulações e a incerteza, num clima de inquietação. O mundo parece à deriva.

Nota do Director

As opiniões expressas nos artigos de Opinião apenas vinculam os respectivos autores.

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