Quinzenal
Director

Independente
João de Sousa

Terça-feira, Junho 3, 2025

Porque não sou monárquico

João de Sousa
João de Sousa
Jornalista, Director do Jornal Tornado

João de SousaA Democracia portuguesa está a tornar-se mais Queiroziana, por um lado, e Balzaquiana, por outro, a cada dia. Suponho que a psicanálise explique isto e que se trate apenas da crise dos 40, manifestada de forma paradoxal.

Desde que tomei conhecimento da composição do actual Governo, que na generalidade me merece respeito e conta com a minha simpatia, a nomeação de João Soares para Ministro da Cultura me pareceu um grave erro de casting, reiterando o erro habitual que caracteriza, desde sempre, a formação de governos pelos dois maiores partidos – PS e PSD – que é o de fazerem concessões às capelinhas e  “baronatos” dos respectivos partidos.

Por isso não fiquei surpreendido pelo modo como João Soares afastou o responsável do CCB e, mais recentemente, pela promessa de aplicar uns tabefes, ressabiados de 17 anos, a um conhecido colunista por este manifestar livremente as suas opiniões. Só o colorido da linguagem usada introduziu, dado o cargo que ocupa, um tom refrescante e novo no nível do debate. Tudo o mais era expectável e ainda a procissão vai no adro.

Note-se que a oferta de distribuição de tabefes não é uma total novidade na vida política recente. Ainda há não muito tempo, um cavaleiro andante, jornalista de profissão e “com sorte” da ex- Ministra das Finanças, se desdobrava em bravatas marialvas, prometendo aplicar os piores correctivos a um jornalista se este criticasse, ou mesmo condenasse como é o meu caso, a equação das políticas neoliberais e “amigas dos bancos” do governo anterior.

João Soares passeia uma soberba e jactância absolutamente infundadas. Alguém o intrujou, com imensa piada, que o pedigree se herdava. Pois ele existe para provar o contrário e a história não lhe consagrará mais que uma nota de rodapé. Já o senhor com sorte da ex-ministra mostrou-se à altura das expectativas que sobre ele existiam, isto é, zero porque não havia nenhumas.

Deixo todavia uma sugestão aos dois protagonistas deste marialvismo serôdio: já que apreciam tanto expressar-se sob a forma de tabefes porque não marcam um encontro entre ambos para determinar quem leva o cinto do Portugal dos Pequenitos?

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

1 COMENTÁRIO

Comentários estão fechados.

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -