“Não podemos avançar assim”, alertou o pontífice em evento online.
Em mensagem que marcou o encerramento do evento online “Economia de Francisco” neste sábado (21), o papa Francisco pediu para a juventude mundial fazer um “pacto” por um novo modelo econômico. Segundo o pontífice, “não podemos avançar assim”.
“Vocês sabem que precisamos de uma narrativa econômica diferente. Precisamos agir com responsabilidade pelo fato de que o sistema mundial atual é insustentável, de diferentes pontos de vista”, afirmou Francisco aos mais de 2 mil participantes, de 120 países diferentes.
Os jovens empresários, empreendedores, economistas e estudantes foram desafiados a criar um sistema que respeite tanto terra, “tão maltratada e despojada”, quanto “os mais pobres e os mais excluídos”. Na opinião do papa, “não é um ponto de chegada, mas o pontapé inicial de um processo que somos chamados a viver como vocação, como cultura e como pacto”, acrescentou.
Francisco disse que é a hora de ousar, de sujar as mãos, sem atalhos, para transformar a economia e, consequentemente, toda a sociedade, com um estímulo de modelo de desenvolvimento, progresso e sustentabilidade nos quais as pessoas – em especial os excluídos – “sejam protagonistas”. O evento, iniciado na quinta-feira (19), estava inicialmente marcado para março, na cidade italiana de Assis, e foi adiado por causa da pandemia do novo coronavírus.
“Não estamos condenados a modelos econômicos que focam seu interesse imediato no lucro como unidade de medida e na busca de políticas públicas semelhantes que ignorem seus próprios custos humanos, sociais e ambientais”, advertiu. O pontífice desafiou todos os jovens a serem uma presença concreta nas “cidades e universidades, no trabalho e nos sindicatos, nas empresas e nos movimentos, nos cargos públicos e privados, com inteligência, empenho e convicção”.
“A gravidade da situação atual, que a pandemia de Covid trouxe ainda mais à tona, exige uma consciência responsável de todos os atores sociais, de todos nós, entre os quais vocês têm um papel primordial”, acrescentou. O líder religioso ainda defendeu uma “nova cultura”, que exige “mudanças nos estilos de vida, nos modelos de produção e consumo, nas estruturas consolidadas de poder que governam as sociedades hoje”.
“A crise social e econômica, que muitos sofrem na própria carne e que está a hipotecar o presente e o futuro, com o abandono e a exclusão de tantas crianças e adolescentes e famílias inteiras, não nos permite privilegiar interesses setoriais em detrimento do bem comum”, lembrou. Para Francisco, é necessário dar voz aos pobres e vulneráveis na criação de outras políticas, para que se tornem “protagonistas das suas vidas e de todo o contexto social”.
“Com a exclusão, a própria raiz da pertença à sociedade em que se vive é afetada, pois nela não se está nas favelas, na periferia”, lamentou. “Não, não somos obrigados a continuar a admitir e a tolerar silenciosamente em nosso comportamento que uns se sintam mais humanos do que outros, como se tivessem nascido com maiores direitos”.
Por fim, Jorge Bergoglio ressaltou que “a política e a economia não devem se submeter as regras e ao paradigma da eficiência da tecnocracia”. Falando sobre o futuro, o papa pediu que a política e a economia estejam “decididamente a serviço da vida, especialmente da vida humana”, gerando um modelo de solidariedade internacional, que “reconheça e respeite a interdependência entre as nações”.
O Santo Padre ainda alertou que, após a crise de saúde provocada pela pandemia de Covid-19, a “a pior reação seria cair ainda mais no consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta”. Francisco advertiu: “Não se esqueçam de que de uma crise nunca se sai igual: saímos melhores ou piores”. Segundo ele, é importante “deixar crescer o que é bom, aproveitar a oportunidade e nos colocar todos a serviço do bem comum”.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado