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Quinta-feira, Março 28, 2024

Quincy Jones | De Nova Iorque a Los Angeles

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

A década de 50 começou para Quincy com uma tournée europeia na orquestra de Lionel Hampton. Com 19 anos a Europa era um banho de cultura e fascínio, onde não havia racismo e dava gosto estudar e tocar. Já em 1956 trabalhou com Jimmy e Tommy Dorsey para a CBS, tocou com Elvis Presley na gravação de “Heartbreak Hotel” e voltou a partir em tournée pela América do Sul e Médio Oriente, desta vez como trompetista e diretor musical da orquestra de Dizzy Gillespie.

Quincy Jones fotografia de Chuk Stewart

Após o regresso, assinou com a Paramount Records e criou a sua própria banda. Em 1957, foi viver para Paris, onde estudou composição e teoria com os compositores clássicos Nadia Boulanger e Olivier Messiaen. Neste período atuou algumas vezes com a sua banda, nomeadamente no Olympia. Simultaneamente tornou-se diretor musical da Barclay Records, uma das maiores produtoras francesas da altura, sob licença da Mercury Records. Durante a década de 50 tocou por toda a Europa com diversas orquestras de jazz. Em fevereiro de 1960 criou a sua própria big band, com 18 músicos, a que chamou “The Jones Boys”. Nesta formação destacavam-se o contrabaixista Eddie Jones e o trompetista Reunald Jones, seus grandes amigos.

No final da década, depois de uma tournée com os Jones Boys que resultou em prejuízo, Quincy foi trabalhar como diretor musical para a Mercury Records de Nova Iorque. Em 1961, foi promovido a vice-presidente da empresa, tornando-se o primeiro negro a ocupar essa posição. Nesse ano Quincy descobriu as bandas sonoras de filmes, uma área musical de há muito tempo fechada aos negros. A convite de Sidney Lumet compôs a música para o filme “O Agiota” (1964), a primeira das suas quase 40 bandas sonoras de filmes.

Após o sucesso de “O Agiota”, Quincy deixou a Mercury Records e muda-se para Los Angeles. A partir de 1965 passa a ser um dos compositores de bandas sonoras mais requisitados de Hollywood. Compõe nessa altura mais de uma vintena de bandas sonoras, para cinema e televisão. Trabalha também como arranjador para artistas como Billy Eckstine, Sarah Vaughan, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Nana Mouskouri, Shirley Horn, Peggy Lee e Dinah Washington. Ao mesmo tempo compõe, produz e grava vários trabalhos com a sua orquestra. Entre outros temas, o seu nome fica associado a “Soul Bossa Nova”, tema composto em 1962 e incluído no álbum Big Band Bossa Nova. Depois do lançamento a música tem sido utilizada para muitas e diversas finalidades, como sejam o Campeonato do Mundo de Futebol de 1998, o filme “, Take the Money and Run”, de Woody Allen, ou a série de filmes de Austin Powers.

Em 1975 funda a Qwest Productions, marca para a qual compõe, arranja e produz álbuns de sucesso de Frank Sinatra, Michael Jackson, Diana Ross e muitos artistas do firmamento pop. Em 1981 lança “The Dude”, talvez o seu álbum mais bem-sucedido, que inclui “Ai No Corrida” e “Baby Come to Me”, um soberbo dueto vocal entre Patti Austin e James Ingram. Na sua carreira Quincy lançou quase 50 álbuns (incluindo algumas participações) e produziu mais de uma centena de discos.

Quincy Jones com disco na mão

A partir do final dos anos 1970, Quincy tentava convencer Miles Davis a reviver a música que gravara nos seus trabalhos clássicos dos anos 60, organizados por Gil Evans. Miles sempre recusou, argumentando que não desejava revisitar o passado. Mas em 1991, já sofrendo de pneumonia cujas complicações acabariam por matá-lo, Miles aceitou e concordou em tocar essas músicas num concerto no Festival de Jazz de Montreux. O álbum gravado durante o concerto, a que chamaram “Miles & Quincy Live em Montreux”, foi o derradeiro trabalho de Miles editado, pois o trompetista viria a falecer alguns meses depois. É hoje considerado uma obra prima.

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