É o caso de Nawaf al Bashir, chefe da tribo Baqqara, a maior do país, e que compreende mais de um milhão de integrantes, sobretudo nas regiões da província de Deir Ezzor, ao norte.
Em suas mais recentes declarações públicas afirmou “ter dado as costas a Assad (presidente Bashar al Assad) com base em falsas acusações” e acrescentou que “os opositores sírios não são mais que instrumentos nas mãos de alguns países estrangeiros e o fato de tomar as armas constituiu um erro muito grave pelo qual todo o povo sírio tem pago as consequências”.
Para analistas e observadores da situação síria, a verdade abre passagem baseada, sobretudo, em uma inteligente, pausada e firme posição do Governo e das Forças Armadas, respaldadas por aliados tradicionais como Rússia e Irão, nações respeitosas e defensoras da soberania desta nação do Levante.
A isto se une um ativo trabalho diplomático internacional e a continuação de um programa de reconciliação que abarca até a data mais de 1.090 mil localidades em todo o território nacional, incluídas as das complexas regiões de Duma, Gutta e Jobar, nos arredores de Damasco, ainda em negociações.
Outro dirigente oposicionista, Michel Quilo, originário da província de Latakia e do executivo do Partido Democrata Sírio, concordou em promover um diálogo político e acusou a Arábia Saudita de “ter semeado o caos na Síria”.
Nesse sentido, acrescentou que os governantes sauditas “carecem de um patriotismo árabe e do sentimento de pertencer a uma história ou uma religião, deslindando-se publicamente das posições extremistas”.
A também dirigente oposicionista e jornalista Samira al Masalmeh enviou uma recente mensagem ao comitê jurídico de uma coligação antigoverno sírio, na qual criticou a ausência de liberdade de expressão nas fileiras opositoras e afirmou que esta “tem perdido sua fé e seu caminho”.
De igual forma, o ex-presidente dessa Coligação Nacional Síria, Ahmed Yarba, durante um encontro com a imprensa no Egito, afirmou que a Irmandade Muçulmana provocou, entre outros, a crise na Síria, sobretudo quando esse agrupamento rejeitou as negociações de Genebra e acusou os que participaram nela de “vender a Síria”.
Tais posições fazem parte agora de um panorama político esperançoso na Síria e que se enquadra nas próximas negociações que nesse sentido devem ser sustentadas em Astaná, Cazaquistão, em uma data ainda não definida.
Mais de 600 mil mortos, feridos e mutilados na Síria, e não menos de 11 milhões de deslocados – deles algo mais de seis milhões, internamente – constituem uma realidade que obriga a um mínimo de sensatez.
De outro lado, põe definitivamente em causa e evidência a perfídia das potências ocidentais que, lideradas pelos Estados Unidos, propiciam uma aniquiladora guerra terrorista contra a Síria.
Texto original em português do Brasil