Não é preciso entender inglês para interpretar a foto de Donald Trump “orando” com o Pastor Joshua Nink, um dos principais líderes evangélicos nos Estados Unidos da América (a foto circulou na mídia em de 01 de Março de 2016).
Há uma interpretação óbvia: Trump está crescendo na corrida presidencial graças aos votos da comunidade evangélica.
O óbvio torna-se estranhamento quando sabemos que o apoio a Trump contraria um dos maiores mandamentos das tradicionais igrejas cristãs: amar o próximo como a si mesmo.
Trump ama a si mesmo, mas odeia o próximo de outra raça ou classe social. Não é segredo para nenhum de seus eleitores que ele quer barrar mexicanos e sírios nas fronteiras. Para começo de gestão.
Aliás, o seu programa de governo é tão confuso e contraditório quanto a sua vida pública. Ninguém explica nem quer explicar.
Trump promete tudo e assume praticamente todos os pecados do mundo, inclusive o de ser um grande mentiroso. Mesmo assim convence um mundo amedrontado de que tem superpoderes e pode salvar os que o seguirem.
No Brasil, também temos nossos Trumps. Não estão em campanha eleitoral, que se saiba, mas trabalham em um objetivo comum que é o retrocesso dos direitos humanos via agenda legislativa.
A Proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 que transfere para o Poder Legislativo a responsabilidade por demarcar terras indígenas e territórios tradicionais e a Proposta de Lei (PL) 5069/2013 que dificulta o atendimento de saúde a mulheres vítimas de estupro, encontram-se atualmente em discussão na Câmara dos Deputados ou no Senado, juntamente com a proposta de revogação do Estatuto do Desarmamento (PL 3722/12), a tipificação do Terrorismo (PL 3714/12) e o Estatuto da Família (PL 6583/13).
Meu palpite é que o Super-Homem voltou à cabine telefônica e trocou o maiô e capa por um terno caríssimo. Resta saber qual é a nova verdadeira identidade do velho super-herói, já que Clark Kent morreu. Acho.
Enquanto a mídia não noticia essa morte, Trump percorre o mundo, incógnito e superpoderoso, na missão de barrar refugiados na fronteira do que antes eram países, crenças e valores éticos.