Diário
Director

Independente
João de Sousa

Terça-feira, Setembro 10, 2024

Cruzeiros nos Bijagós

Começou com uma paixão. Um tributo a uma embarcação lendária: a Africa Queen. Uma embarcação da década de 50 que fazia cruzeiros pelos Bijagós.

Jorge Horta era um dos passageiros frequentes do navio comandado por Djibril Barr. Da frequência nasceu a amizade e, mais tarde, o negócio em conjunto.

Mas vamos por partes

Tudo começou quando se soube que o Africa Queen iria ser desmantelado. A embarcação já não era rentável. A sua idade obrigava a uma manutenção avultada. E foi numa conversa de memórias que Jorge Horta e Djibril Barr tiveram a ideia de, juntos, recriarem o Africa Queen. Compraram um navio, a que deram o nome de Africa Princess.

A montagem do negócio, refere Jorge Horta, implicou a compra de um barco e a sua adaptação ao conforto dos dias actuais. Tendo em conta que o cruzeiro é feito numa zona inóspita, num arquipélago de ilhas desertas (apenas visitam duas povoadas) houve que fazer algumas adaptações essenciais.

Criar cabines, casas de banho completas e independentes, uma outra para convidados, montar dessalinizador (que faz 140 litros por hora); reservatórios de água, um sistema de painéis solares, de forma a assegurar a energia (sem recurso a gerador), todos os quartos (incluindo a cabine do comandante) têm ar condicionado; montar bombas que permitam a utilização simultânea das torneiras de água quente (o que incluiu a montagem de um sistema solar de aquecimento de água…) e isto foi apenas no início do negócio.

Prestes a fazer três anos de existência todos os anos o Africa Princess tem alguma melhoria.

Basicamente, o Africa Princess tem de estar preparado para toda e qualquer emergência.

O serviço é assegurado por sete membros da tripulação onde se inclui um cozinheiro que “chega a fazer croissants no meio do Bijagós ou carpaccio de barracuda”. Sem esquecer o serviço de hotelaria e os marinheiros, que acompanham os passageiros aquando das visitas a terra. É uma equipa na qual trabalham juntos há muitos anos.

A ideia foi a de fazer um tributo ao Africa Queen, pelo que a decoração é evocativa dos seus tempos áureos. Materiais naturais, muita madeira (o único local que não tem madeira são as casas de banho) e peças vintage. Mas sempre sem descurar o conforto.

Apesar de ser um barco moderno, de estrutura de fibra, todo o resto apela ao romantismo dos anos 50 e 60.

 

Dois segmentos – vários perfis de clientes

Os cruzeiros nos Bijagós disponibilizados pelo Africa Princess dirigem-se essencialmente a dois tipos diferentes (mas complementares) de negócio: o turismo de pesca e o lazer.

Pescar num ambiente idílico. É desta forma que a região é “vendida”. Com França a assegurar o “grosso” do negócio.

Mas há outros mercados. Os portugueses, por exemplo, estão a despertar para aquela região. E convém não esquecer o turismo local. Os expatriados que estão em Bissau. Que regressam para visitar a beleza das ilhas.

Cada cruzeiro dura uma semana embora, refira Jorge Horta, haja cada vez mais grupos a solicitarem cruzeiros de 15 dias.

E depois, há os clientes locais, que pedem viagens de quatro dias (fim-de-semana prolongado). Tipicamente nas datas festivas e feriados. Nesse caso o barco parte na sexta-feira de manhã para os Bijagós e regressa na madrugada de segunda-feira. Tudo para que as pessoas não percam muitas horas de trabalho.

O cuidado com o cliente tem dado frutos. Há cada vez mais clientes, muitos deles vindos através da publicidade “boca a boca”. Um amigo ou familiar que fez o cruzeiro e que o recomendou.

A isto junta-se o poder das redes sociais e do Google Earth.

Para ajudar os passageiros a perceber o itinerário e o que poderiam ver, os dois proprietários da Africa Princess publicaram diversas fotografias geo-referenciadas. Que começaram a ser divulgadas pelo Google Earth e pelo Google Maps.

Outra ajuda, segundo Jorge Horta, é o número de voos directos para Guiné-Bissau. De Portugal, por exemplo, são apenas quatro horas de voo, com a vantagem de ambos os países terem o mesmo fuso horário. O serviço da Africa Princess inclui o transporte do aeroporto para a embarcação e vice-versa. Depois é iniciar viagem. No regresso ainda há tempo para conhecer a cidade.

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -