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Quinta-feira, Março 28, 2024

35 maneiras para prevenir que o seu adolescente use drogas/álcool antes de ter 21 anos (Parte 1)

Ana Pinto-Coelho
Ana Pinto-Coelho
Aconselhamento em dependências químicas e comportamentais, Investigadora Adiction Counselling

Ana Pinto Coelho
Primeira Parte

Num Mundo perfeito as nossas crianças cresceriam com a mente limpinha até aos 18 anos – a idade legal em que podem começar a consumir álcool.

Até aos 25, os seus neurónios estariam preservados, a idade em que se considera que o cérebro humano está completamente desenvolvido. Tudo lhes seria permitido em idade considerada adulta, mas não antes.

Assim, nesse mundo perfeito, estariam livres do uso e abuso do álcool e outras drogas. E felizes, claro, com os seus sorrisos fantásticos, os seus olhos brilhantes de saúde e bem estar. Sentir-se-iam sempre serenos, confiantes e teriam completo controle sobre as suas vidas – dentro do possível.

Nesse mundo, os objectivos que definissem, naquilo de dependesse deles, seriam sempre alcançados. Nada poderia impedi-los!

Mas não é assim, pois não?

O cérebros sofrem mais vezes, cada vez mais cedo e num crescente número de pessoas que assim vão sofrendo injúrias que traumatizam o resto da vida.

E sim, falamos novamente de adicções.

Alguns Conselheiros nesta matéria afirmam, sem qualquer sombra de dúvida, que existe um sem-número de factores que podem induzir o risco de uma pessoa em se tornar um futuro dependente de drogas e/ou de álcool.

Vamos portanto ser sérios e realistas: em vez de falarmos do que seria idílico, fazemo-lo sobre o que podemos tentar para que tal não aconteça.

Young-Man640Mas será que existe uma solução mágica para que os nossos adolescentes possam crescer livres?

Providenciar as suas necessidades básicas, bem ou mal, toda a gente sabe fazer. No entanto, existem algumas atitudes muito importantes que podem ser tomadas com o intuito de prevenir o abuso precoce de drogas e álcool.

É evidente que seria bom se existisse uma receita perfeita para que pudessem todos crescer realmente livres, mas tal não existe. Não só porque cada situação é diferente da outra, como também o estigma continua a proliferar na nossa sociedade.

Hoje em dia, o típico “bêbado” ou “drogadito” já não existe. Em qualquer lar, em qualquer classe social, em qualquer escola ou curso de Universidade, mais ou menos escondido, mais ou menos a dar nas vistas, existe uma pessoa a sofrer. Só que, nesta altura, ainda não sabe que está a sofrer.

Anos mais tarde é que a coisa complica. Progressivamente.

Em qualquer classe social ou económica a coisa acontece. Este drama é cada vez mais transversal.

Contudo, o trabalho pode começar a ser feito com a família, desde bem cedo.

É nesse sentido que venho aqui deixar algumas sugestões que, se forem todas tidas em conta, vão certamente criar um lugar seguro, um clima mais propício para a prevenção que deve começar desde muito cedo.

Saiba como apoiar uma adolescência mais livre, livre de drogas e álcool.

 

Tome nota:

  • Comunique! Converse frequentemente com os seus filhos sobre os riscos do uso do álcool e drogas. Informe-se primeiro, para usar as palavras correctas e não parecer distanciado do tema. Sem medo. Fale disso.
  • Ouça! Seja um ouvinte activo. Quando o seu filho ou filha falar sobre pressões que possa sentir, fique atento. Apoie o esforço que ele ou ela fazem para contrariar essas pressões.
  • Seja um bom exemplo! Não vai servir de muito falar sobre drogas e álcool quando na prática os seus filhos o vêem a consumir diariamente. Não faz sentido.
  • Trabalhe a relação que tem com os seus filhos! Uma relação estável e sólida ajuda certamente a combater o risco. Mas cuidado: uma relação deste género não é uma relação de “amizade”. Amigos são os que estão na escola, na Universidade ou nos treinos. Pai e Mãe são Pai e Mãe. Não são “os melhores amigos”. É muito importante manter essa fronteira, mesmo que passe por distanciamento. Mas um Pai e Mãe têm de ser confiáveis, capazes de falar sobre tudo, em suma, informados.
  • Sente-se com os seus filhos para, pelo menos, uma refeição juntos diariamente. Não imagina o poder que este momento tem: é um “poder oculto”, um hábito que se vai transformando num âncora. Acredite: cria-se numa refeição em conjunto uma sensação de protecção de que todos beneficiam.
  • Seja claro em relação às suas expectativas! Comunique-as de forma objectiva e garanta que, se não forem cumpridas, haverá consequências. É fundamental que os filhos sintam que há objectivos, prémios e consequências.
  • Trate os seus filhos com respeito! Façam eles o que fizerem, sempre com respeito. Todo o ser humano deve ser respeitado.
  • Ensine: os filhos de quem ensina e aponta os riscos do uso de álcool e drogas, são menos propensos a usar do que aqueles que não o fazem. Acredite: estes problemas existem mesmo em todo o lado, no prédio, na rua, na escola. Longe vão os tempos dos “bairros de uso” estanques.
  • Saiba o nível de risco que o seu filho tem. Está provado que a adicção é uma doença também genética. Os genes são um elevado factor de risco para que o seu filho se possa tornar num adicto. Saiba o risco que ele vive e explique-lhe esta importância e a razão porque tem que estar extra-vigilante!
  • Compreender bem os factores de risco. Ajude o seu adolescente a entender os factores de risco se vier a desenvolver um problema de abuso de substâncias.
  • Tenha conversas com os seus filhos. Ter conversas em vez de confrontos ajuda a manter uma relação forte.
  • Estabeleça fronteiras de forma bem específica. Deixe bem claro que não os quer a usar drogas nem álcool.
  • Mantenha-se em contacto! Conheça os amigos dos seus filhos e faça ponto de honra em conhecer os pais deles. Mantenha-se envolvido, conectado com o Mundo dele.
  • Esteja atento! Saiba sempre onde e com quem os seus filhos estão.
  • Seja proactivo! Ao contrário do que possa pensar, não faz mal nenhum: verifique as mochilas, bolsos, latas, lixo, carro, armários, debaixo das camas, invólucros vazios e outras evidências do uso de drogas.

Por hoje fico-me por aqui. Terei ainda mais sugestões para acrescentar a esta lista. Traga-a consigo! Cada dia é um bom dia para começar.

 

Ana Pinto-Coelho com Cathy Taughinbaugh e Elizabeth Gordon, contribuição para a divulgação, também na língua portuguesa, de vários trabalhos sobre adicções e comportamentos aditivos.

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