Diário
Director

Independente
João de Sousa

Sábado, Abril 27, 2024

“Concha de Ouro” para filme brasileiro

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

67º Festival Internacional de Cinema de San Sebastián: “Pacificado” foi o grande vencedor do Festival

À 67ª edição finalmente um filme falado em português venceu o Festival de San Sebastián. Apesar de ser realizado pelo norte-americano Paxton Winters, “Pacificado” é um filme brasileiro, com actores brasileiros e que retrata uma realidade muito presente e impactante da vida de uma grande parte da população do Rio de Janeiro. A comunidade do “Morro dos Prazeres” é a principal protagonista deste interessante trabalho sobre a vida nas favelas, as relações de poder em que se baseia a sua organização e os modos de subsistência dos seus habitantes. Gente pobre que vive do seu trabalho ou de expedientes mais ou menos lícitos e que disfruta, apesar da dureza das suas condições de vida, das mais belas paisagens cariocas.

“Pacificado”, filme brasileiro de Patxon Winters

A equipa de “Pacificado” com a ‘Concha de Ouro’

Não constando na lista dos principais favoritos a figurar no palmarés do Festival o certo é que o júri oficial presidido pelo renomado realizador irlandês Neil Jordan fez de “Pacificado” o grande vencedor desta mostra basca.

De facto, para além da ‘Concha de Ouro’ para o melhor filme, esta obra do cinema brasileiro conquistou ainda a ‘Concha de Prata’ para o melhor actor, Bukassa Kabengele, e o prémio para a melhor fotografia, de Laura Merians.

Bukassa Kabengele (melhor actor)

Laura Merians (melhor fotografia)

Outro grande destaque do palmarés foi “La Trinchera Infinita”, uma produção basco-andaluza, que obteve os prémios para a melhor realização e para o melhor guião, em ambos os casos um trabalho a três de Aitor Arregi, Jon Garaño e Jose Mari Goenaga.

A “La Trinchera Infinita” foi ainda atribuído o Prémio Irizar para o cinema basco.

“La Trinchera Infinita”

Aitor Arregi, Jon Garaño e Jose Mari Goenaga

Apontado como um dos principais favoritos para a ‘Concha de Ouro’ “La Trinchera Infinita” é um filme impressionante sobre um homem que em consequência das perseguições resultantes de casos acontecidos durante a Guerra Civil de Espanha vive durante 30 anos escondido na cave da sua casa. O actor Antonio de la Torre, por muitos apontado como o principal candidato ao prémio de melhor interpretação masculina, desempenha de forma admirável a figura deste ‘topo’, designação dada a inúmeros espanhóis que viveram uma situação idêntica à do personagem do filme e que só terminou com a publicação de uma amnistia no final dos anos 60.

Outros prémios oficiais

“Próxima”, prémio especial do júri

Alice Winocour

O Prémio Especial do Júri  foi para “Próxima”, filme franco-alemão de Alice Winocour em que Eva Green dá corpo ao papel de uma astronauta francesa que integra  a tripulação de uma missão da Agência Espacial Europeia e que se vê perante dois difíceis desafios. A missão propriamente dita e a separação durante longos períodos da sua filha de sete anos. “Próxima” é, sobretudo, uma homenagem às mulheres que até hoje fizeram parte de missões espaciais.

A “Concha de Prata” para a melhor interpretação feminina foi atribuída ex-aequo à espanhola Greta Fernández protagonista de “La Hija de un ladrón” de Belén Funes e à alemã Nina Hoss pelo seu desempenho no papel de uma professora de violino em “Das Vorspiel”/ A Audição,  filme franco-alemão de Ina Weisse.

E pronto. Foram estes os prémios da secção oficial de San sebastián/2019, uma selecção sofrível, com alguns trabalhos interessantes mas sem títulos que se impusessem de forma clara. O júri escolheu estes e a sua decisão é, obviamente, soberana.  Fora do palmarés ficaram outros filmes que, em nossa opinião, têm qualidade semelhante à dos premiados.

Uma referência muito especial merece a presença portuguesa na competição: “Patrick” de Gonçalo Waddington, promissora estreia na realização do conhecido actor. “Patrick” conta o regresso a Portugal, passados muitos anos, de um jovem desparecido e levado para o estrangeiro quando era ainda um pré-adolescente. Em Portugal, Patrick  já não o Mário de anos atrás, a mãe já não é a sua mãe e para esta o filho já não é o seu filho. Este é um filme de pessoas que viram as suas personalidades destroçadas. Diríamos que “Patrick” é a outra face da moeda que terá no verso “Alice” de Marco Martins. O filme de Gonçalo Waddington surpreendeu-nos pelo rigor da realização e pela contenção e maturidade dos intérpretes. Se calhar merecia outra sorte neste festival…

Outros prémios

Finalmente referimos outros filmes que foram premiados no Festival:

  • Prémio Novos Realizadores– “Algunas Bestias” de Jorge Riquelme Serrano (Chile)
  • Menção especial na secção Novos Realizadores– “Sestra” de Svetla Tsotsorkova (Bulgária/Qatar)
  • Prémio Horizontes– “De Nuevo outra vez” de Romina Paula (Argentina)
  • Menção especial na secção Horizontes– “La Bronca” de Diego Vega e Daniel Vega (Perú / Colômbia)
  • Prémio do Público– “Hors des Normes” de Olivier Nakache, Éric Toledano (França)
  • Prémio do Público / Filme Europeu – “Sorry We Missed Youl” de Ken Loach (Reino Unido/França/ Alemanha)
  • Prémio da Juventude– “Las Buenas Intenciones” de Ana Garcia Blaya (Argentina)

 


 

Transferência Bancária

Nome: Quarto Poder Associação Cívica e Cultural
Banco: Montepio Geral
IBAN: PT50 0036 0039 9910 0321 080 93
SWIFT/BIC: MPIOPTPL

Pagamento de Serviços

Entidade: 21 312
Referência: 122 651 941
Valor: (desde €1)

Pagamento PayPal

Envie-nos o comprovativo para o seguinte endereço electrónico: [email protected]

Ao fazer o envio, indique o seu nome, número de contribuinte e morada, que oportunamente lhe enviaremos um recibo via e-mail.

 

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -