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Domingo, Novembro 3, 2024

5 dias para conhecer a Arte do Corval | Dia 3

As tradicionais bilhas
As tradicionais bilhas

A pintura decorativa faz parte da Arte

Após a primeira cozedura, a decoração, feita por mãos hábeis
Após a primeira cozedura, a decoração, feita por mãos hábeis

Por ali andou também Neida, igualmente desde os catorze anos, aparentemente a idade iniciática para meter a mão na argila. Porém, assuntos de barro por cozer pareciam não ser com a moça. “Não tinha muito jeito para aquilo nem muita paciência”. Trocou a roda pelos pincéis, onde treina há vinte seis anos apesar de, a tempo inteiro, apenas ter assumido o ofício há dezassete, quando contava vinte e três primaveras. Não é pois caso para admirar que o traço lhe saia de uma só pincelada, que domine a pressão do colorido, que gire a tornetilha com habilidade e afirme que fazer tudo isso “é simples”. “Dois meses, é tempo suficiente para qualquer pessoa ficar a pintar assim”, sorri Neida. O “assim” é pôr pintas, traços curvos e riscas. Permitam-nos as dúvidas mas sessenta dias para risco tão exacto, parece ser avareza de tempo. Facto é que as peças têm os minutos contados nas tornetilhas, que giram ligeiras enquanto os pincéis correm velozes entre o traçado e a tinta.

Tradição mas não em tudo

A essencial delicadeza do traço e 5 tipos de pincéis diferentes, para a decoração de uma única peça
A essencial delicadeza do traço e 5 tipos de pincéis diferentes, para a decoração de uma única peça

É ofício de habilidade e de paciência, este de trabalhar barro. Corre mais depressa a roda do que os segundos num relógio. As mãos não param. Enquanto conversa, Rui Santos vai satisfazendo a última encomenda para a Holanda. São 3000 peças manufacturadas. De quando em vez o garrote excede-se no corte e deixa um vazio no lugar do fundo. As mãos não param e a argila cai, para voltar a ser amassada. Na roda, nova peça ganha já forma.

Vários blocos de barro aguardam, à entrada, a sua vez de passarem de quilos de massa rude a frágeis tigelas de vários tamanhos. De cima do cone que gira na roda, elas nascem, dos afagos exactos, pelas mãos húmidas do artífice. O barro já quase não é feito no local. Apenas para peças que se querem mais resistentes, como as que vão ao lume, a ajudar o sabor da gastronomia portuguesa. Para telhas, tijoleira e tijolo burro o barro é também amassado na Patalim. De forma menos expressiva mas de modo a que a tradição não morra. Se houver encomendas, obviamente que os fazem.

Os tornos devoram blocos de barro, transformados em peças típicas
Os tornos devoram blocos de barro, transformados em peças típicas

Para esses, a argila vem de quintas mais ou menos próximas, ainda em bruto, à espera de amasso, no tanque de água feito no chão, forma resistente de suportar a máquina que vira e revira a argila. A restante massa cor de tijolo chega, já pronta a tornear, da região de Leiria.

“Não compensa amassar barro”, afirma Neida. Até porque uma das quintas onde adquirem a greda virgem mudou de donos e há alguma dificuldade em que os novos proprietários deixem extrair a argila. Além disso, a finura da argamassa em blocos prontos a utilizar, adequa-se melhor às peças para uso doméstico sim mas com uma grande vertente decorativa, que na Olaria Patalim se produzem em grande escala.

Leia também:    5 dias para conhecer a Arte do Corval Dia 1

Leia também:    5 dias para conhecer a Arte do Corval Dia 2

 

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