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João de Sousa

Sábado, Maio 17, 2025

Com seu rosto

Delmar Gonçalves, de Moçambique
Delmar Gonçalves, de Moçambique
De Quelimane, República de Moçambique. Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD) e Coordenador Literário da Editorial Minerva. Venceu o Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro em 1987; o Galardão África Today em 2006; e o Prémio Lusofonia 2017.

Poemas de Delmar Maia Gonçalves

I

Com seu rosto
de morte anunciada
que nos visita
diariamente
A noite abraçou-me
Soprou forte
o vento do Norte
levantando
a poeira
do desespero a Sul
E a lua
surgiu nascente
e banha-me
com a esperança adormecida.

 

II

Estou sempre
no local errado
onde sucedem
suicídios conscientes
e as paisagens
se diluem
onde as chamas
avançam
entre rochas
e pedras surdas
e a morte ganha rosto.

 

III

“Toda a poesia mora no coração das árvores que trémulas,
inquietas , mas tranquilas e lúcidas
encontraram pujantes vozes na floresta.”

 

IV

Todos os dias
sou carbonizado
pelo olhar flamejante
de Hienas
que vestem penas
de Pombas.

 

XXIV

Quanto vale o choro dos pássaros
e o tilintar dos peixes
neste universo?

 

XXVII

Pétalas de rosas beijaram
teus lábios de mel
colmeia!

 

XLI

Se as algas falassem
gritariam de dor o cemitério plantado
em águas virgens e impolutas.

 

XLVII

Nuvens de gafanhotos
geram a festa
entre os humanos.

 


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