Diário
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João de Sousa

Sexta-feira, Março 29, 2024

Dó ré mi fá Só lá

De todas as coisas que me propus a realizar já as realizei, pelo menos cinquenta porcento, um dia plantei uma árvore, escrevi um livro, queria ter uma profissão que me desse independência… e tenho.  Queria casar com alguém que me amasse… e casei, apesar de seis meses depois ter me separado… já não me lembro se ele me amava mas foi bom enquanto durou. Queria ter seis filhos… hoje tenho quatro, os outros dois foram adiados para a próxima reencarnação, não é fácil.

Outra coisa que sempre quis fazer e faço é comer o me apetece, e ajudar quem precisa… Um dia sonhei ser malabarista. Tenho aguentado firmemente na corda bamba deste circo que chamamos de vida… forte de pernas e coração, entretenho as dificuldades com coloridas bolas de persistência. Também sonhei em ser basquetebolista um metro e oitenta e três de altura… mas sem fôlego para enfrentar a distância entre o musseque e a cidade.

E todos os dias penso em quando queria ser Geóloga ou Bióloga. Lembro-me que ainda estudei geologia, só não sei em que momento contornei a meta e virei “tudóloga”.

Dentre vários prazeres e metas, uns com sabor a pecado e outros nem por isso, sempre quis aprender a tocar um instrumento musical, não a nível profissional, mas a nível angelical, sentar-me no canto da esquina, e despertar em casa ser ouvinte, a mais pura das sensações, elevar sentimentos e despertar saudades e acordar vontades.

Talvez uma guitarra, um piano… uma flauta ou mesmo um trombone, desde que fosse um instrumento afinadíssimo, que soubesse entoar a melodia dos anjos, uma melodia capaz de consolar corações partidos, e tornar menos dolorosa a partida, uma melodia reconciliadora capaz de fazer nascer o perdão para alma traidora. E por eternos instantes embalar a realidade numa ritmada descontracção.

Já me propus a fazê-lo apenas me falta a esquina e talvez os ouvintes, agora também me lembro que o único instrumento que sei tocar chama-se vida… aprendi tocá-la às vezes com notas baixas, às vezes com notas altas e mesmo com Dó, eu toco sempre para Lá… sim para Lá para a frente.

A autora escreve em PT Angola

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