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Quinta-feira, Setembro 12, 2024

EUA: Salmões jovens acusaram medicamentos, café… e cocaína

salmõesOs salmões da região de Puget Sound, costa de Seattle, nos EUA, estão contaminados com 81 medicamentos diferentes. Cientistas analisaram os tecidos de vários salmões daquela zona e concluíram que estes absorveram desde fármacos contra o colesterol até anti-depressivos, passando por fungicidas, anticoagulantes e antibióticos, para além de cocaína, revelou o jornal The Seattle Times.

O estuário de Puget Sound está localizado perto de estações de tratamento de esgotos; os níveis de fármacos detectados são os mais elevados de todo o país.

Jim Meador, toxicologista ambiental no Northwest Fisheries Science Center de Seattle e autor de um artigo científico sobre o assunto, acredita que estes níveis podem dever-se ao uso aumentado destes fármacos e drogas por parte da população, mas também os processos de tratamento dos esgotos. “As concentrações nos efluentes eram maiores do que esperávamos”, admitiu. “Analisámos amostras para 150 compostos e 61% deles foram detectados nos efluentes. Por isso sabemos que estes vão para os estuários”.

Os peixes estudados provinham do estuário de Nisqually, perto de Seattle.

Este estuário não recebe qualquer descarga de tratamentos de águas residuais ao nível municipal, porém, os peixes aí capturados deram positivo para “uma sopa de letras de químicos em águas supostamente pristinas”, escreve o jornal norte-americano.

Meador duvida que o consumo destes salmões com presença dos químicos possa ter efeitos negativos na saúde humana, tendo em conta que estes peixes ainda em estado muito juvenil não são consumidos, e os níveis detectados são demasiado baixos para o organismo humano.

Apesar disso, o especialista defende que “temos de nos questionar o que está a fazer aos peixes”, porque outro estudo de sua autoria revelou que o salmão juvenil que migra por estuários contaminados em Puget Sound morre duas vezes mais depressa que os salmões de outras paragens. Os químicos detectados podem ser a origem do problema, uma vez que afectam o crescimento do peixe, bem como o comportamento, o seu sistema imunitário e resistência a antibióticos.

Os resultados podem ser variáveis: os níveis até podem aumentar ou diminuir sazonalmente, dependendo do consumo humano das substâncias e dos volumes de descargas das águas residuais tratadas.

Noutro efluente, o de Bremerton, foram detectados altos níveis de dimetil-meta-toluamida (um repelente de insectos) cafeína, ibuprofeno e hormonas reprodutivas femininas.

O estudo concluiu que a quantidade de fármacos e químicos de todas as fábricas da região de Puget Sound pode chegar aos 44 mil kgs por ano. As estações de tratamento da região são eficazes ao removerem fármacos da água da rede de esgotos, porém, algumas substâncias conseguem passar pela malha. Por exemplo, o ibuprofeno permanece, apesar de ser em quantidades muito pequenas, e medicamentos para as convulsões mantém-se, revelou Betsy Cooper, responsável do Wastewater Treatment Division da região. Por sua vez, Jessica Payne, porta-voz do Department of Ecology, defende mais financiamento para investigação, de forma a monitorizar e avaliar o impacto da presença de químicos, como os que foram identificados no estudo.

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