Poemas de Delmar Maia Gonçalves
I
“Perfume afrodisíaco do poder”
Onde está
nosso irmão que pregou a liberdade
e se esqueceu?
Onde está
nosso irmão que prometeu
futuro melhor que não existe?
Onde está
nosso irmão que descobriu
os caminhos da paz
e se perdeu na promessa?
II
Lobo não sou
Solitário permaneço
Recuso-me a integrar a alcateia
Não acredito nesta melopeia!
III
Ausência de gente urgentemente presente
sociedade de odores fedorentos
rede de teias nebulosas
culto sagrado do zombie presente!
IV
“Grito do silêncio”
Nosso grito
é o grito do silêncio humilhado
é o grito amargurado
da voz dos sem voz
é o murmúrio rebelde
dos amordaçados
Não estamos aqui por acaso.
V
“Flôr Lunar”
Quando
amplexo minha dócil e terna
flôr Lunar
quando oiço sua terna voz
quando olho seus meigos olhos cor de amêndoa
e mergulho no seu oceânico mundo fantasioso
todas as muralhas
se diluem,todas
e sai de mim
o homem exilado
esperançado num futuro melhor!
VI
“Ilha”
É…
ausência de mar
no centro circular do mundo.
VII
“Licuári”
Foi celeiro de vida
antes da nova aurora
Até que a morte
congelou a esperança!
VIII
“A propósito da quietude do poeta”
No que
à grande quietude do poeta
diz respeito
Este nunca está sereno
por se dizer
que a bendita serenidade
é excelente
Está sereno sim
porque a enorme multidão de coisas
não pode jamais
perturbar a sua serenidade.
Jamais!!!
IX
Muitos são os muros
que nos separam
o menor dos quais a diversidade!Muitos são os muros
que nos separam
o maior dos quais o egoísmo!
X
“Mucutu”
Vazio
preenchido de passados
na solidão da vulcânica
saudade ancestral!