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Sexta-feira, Setembro 20, 2024

“A língua é muito importante”, ao contrário do acordo ortográfico

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Murade Murargy, diz, em entrevista, que “não considera uma prioridade que se aplique à risca o acordo ortográfico e que o importante é que haja capacidade de comunicar”. “Se as pessoas me entendem, vamos em frente”.

“A língua é muito importante, não há dúvida nenhuma, e é nossa obrigação difundi-la, promovê-la, internacionalizá-la. Mas não podemos ficar apenas agarrados à nostalgia da língua. A língua é um meio de transmissão de conhecimento, de negócios, do comércio, do investimento. Eu, por exemplo, não me preocupo se estou a aplicar ou não. Se as pessoas me entendem, vamos em frente”, afirmou Murargy, em entrevista à Agência Brasil.

“Quanto ao acordo ortográfico, muita gente não está de acordo, há muitos intelectuais, jornalistas, que não o aplicam, pois acham que não traz vantagens. Não há uma unanimidade sobre se valeu a pena, ou não, o tanto de dinheiro que se gastou. As implicações financeiras da aplicação do acordo são grandes”, disse Murargy, dando como exemplo a alteração dos manuais escolares, sobretudo nos países africanos, que não têm capacidade financeira para mandar alterar tudo. “Acredito que devemos concentrar-nos no que é fundamental para permitir que os outros possam se desenvolver”.

Maior desafio é a educação

Para Murargy, que é secretário executivo da CPLP desde 2012, o maior dos desafios que a comunidade enfrenta é na área da educação e do desenvolvimento humano.

“Os países, sobretudo da África, ainda têm um grande défice na área de educação, inclusive na educação de base, e é preciso eliminar o analfabetismo para que não haja um cidadão que não saiba ler, escrever, fazer contas”.

Quanto à mobilidade dos cidadãos dentro do espaço da comunidade, mesmo tendo em conta a dificuldade de abrir já as fronteiras à livre circulação de pessoas e bens, o diplomata sugere que se comece por “grupos identificados, que são os empresários, jornalistas, artistas, desportistas, estudantes, investigadores, pesquisadores”. Seriam os primeiros, “enquanto os países se organizam, para que a abertura seja total para os outros cidadãos”.

“Isso seria um grande avanço nos próximos dez anos (…) E isso tem implicações na questão da educação, dos intercâmbios de conhecimento entre estudantes de Portugal, Brasil, Moçambique. Porque esses são os cidadãos que vão transmitir a imagem do que é a CPLP, deste sentimento de pertença à CPLP”.

O secretário executivo vai estar em Brasília no fim de Outubro para a 11ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, altura em que termina o seu mandato à frente da organização.

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