Transbordante de simpatia e de uma beleza singela, Lígia Ferreira confessa ao Tornado que esta vitória é importante, mas faz questão de frisar que não vem mudar a sua vida nem os seus planos para o futuro. “Tenho os pés bem assentes a terra”, garante. Tem 20 anos de idade e quer ser assistente social. Está no primeiro ano do curso na Haute École de Travail Social et de la Santé (EESP) de Lausanne, e pretende, depois da licenciatura em Serviço Social, fazer um mestrado.
De sorriso gaiato e cheia de vivacidade, é espontânea nas respostas, mas percebe-se bem que já reflectiu sobre estas questões. Lígia tem um mapa de prioridades. Chegar a Miss Friburgo era uma etapa que perseguia teimosamente, pois já tinha concorrido a anteriores concursos, mas deixa claro que esta vitória é apenas um episódio e que continua apostada em acabar os estudos, que serão a base do seu futuro profissional.
Diz que conseguir a coroa de Miss lhe deu a auto-confiança que procurava e veio confirmar que “na vida é muito importante acreditar nas nossas capacidades e não desistir”. E insiste em marcar que um concurso de Miss é mais do que um concurso de beleza, pois nas etapas de avaliação das concorrentes “são tidos em conta outras aspectos, como a personalidade, a postura humana e a maneira de ser de cada uma.”
A emigração impõe desafios difíceis
Lígia está na Suíça desde os nove anos de idade. Veio juntar-se aos pais quando a mãe ficou grávida do irmão. Quando os pais emigraram deixaram-na com os avós, que vivem no Distrito de Viseu, concelho de S. Pedro do Sul, mas tinha chegado a hora de reunir a família. Ficou-lhe um apego enorme aos avós, que visita três ou quatro vezes por ano. A emigração impõe desafios difíceis. Lígia vive entre as saudades dos avós e o enraizamento natural em terras helvéticas:
“Gostaria de pedir a nacionalidade suíça e de ficar por cá, até porque o meu namorado português está cá.”
Os pais planeiam regressar a S. Pedro do Sul, onde têm uma casa à espera, mas o futuro pode fazer-lhe mudar de planos, pois assim que a Lígia e o Diogo lhes derem filhos “a minha mãe vai ficar perto dos netos.”
Nunca se sentiu marginalizada
Comove-se quando fala do sentimento pelas origens portuguesas, mas confessa que, depois destes anos todos em Friburgo, já tem uma parte de suíça, sente-se uma mistura das duas. E acrescenta que nunca se sentiu marginalizada por ter uma origem estrangeira.
Basta uma conversa breve com ela para se tornar evidente que Lígia vive numa família que cultiva laços fortes. Sobre a mãe, Célia, diz que lhe dá “apoio em tudo”. O irmão foi o seu maior apoiante na corrida: “Na escola dele, o José Paulo pedia votos a toda a gente durante a fase da votação aberta ao público.” O pai, que no início observou à distância a sua insistência em competir pela coroa de Miss, acabou a chorar de alegria quando soube que a filha ganhou. Consciente da força que encontra na família, a jovem portuguesa vai seguramente tirar partido dessa base sólida para realizar outros sonhos, depois deste. “Dei sempre muito valor às pessoas e aos laços humanos, foi por isso também que escolhi estudar para ser assistente social”, remata Miss Friburgo.
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