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Quinta-feira, Março 28, 2024

A cascata do absinto sinto sono

Vitor Burity da Silva
Vitor Burity da Silva
Professor Doutor Catedrático, Ph.D em Filosofia das Ciências Políticas Pós-Doutorado em Filosofia, Sociologia e Literatura (UR) Pós-Doutorado em Ciências da Educação e Psicologia (PT) Investigador - Universidade de Évora Membro associação portuguesa de Filosofia Membro da associação portuguesa de Escritores

À cabeceira a jarra vazia cheirava a amorfo como os garfos do jantar deitado, a meu lado sozinho o tempo em mim coisa horrível, de roda aos sete ventos perdido busco-me o cheiro dos garfos que nervos

Maria e ela em viagem para Luanda sonho comigo
– Espera por mim meu amor
raiva coisa nenhuma o sabor enjaulado que garganta este refresco sadio diziam longe na taberna
– Francisco
nem abusava pensava beber sacia a morte conta-me em segredo nada de medo vive com Deus a cabeça estiola que ferrugem nos dedos este ferro de vernizes a tua mão a meu lado nada de ti sei lá como o absinto no jazigo como pedras sobre a cabeça estoirada sou feliz pensei sempre e nunca a morte mata e nem sempre depressa já morri sei lá quantas vezes nunca um ressuscitado contigo a meu lado nada
– Espera-me amor com quem embriagado a solidão lá dentro dizes
– A morte é individual
nem te ouço perdido nunca a cabeça sei lá nas trevas quando sinto descer a noite sobre as tripas desforradas nesta entupidela de cães raivosos no quintal a minha alma cansada vai-se como quem se desespera e parte num ruído que nasce apenas pela madrugada sei lá, gotas pingam ao lado e a cabeça sem olhos sobre os cabelos dela a saudade e nada este labirinto escondido que me abre o caminho e sigo como nada quer a morte é individual numa campa do campo sem festejos morrer-se sem ninguém para largar ao menos uma rosa que pena amor, o absinto vagaroso é o torpor sabes e que fazes agora se nada pode já ser feito morres como cães vadios nessa viagem sem regresso pena.

(ninguém me ouve tenho a certeza)

A cascata do absinto sinto sono, raios me partam nem durmo vejo televisão fechando a porta a minha mãe coitada o meu filho saio, abro talvez nem sei a porta e que rua vejo a cabeça em ti que pena nada mais adianta bebo para nada a vida é isto enganando-me acredito sou um balcão de bares para nada onde gritos desesperados ela morreu Caetano que horror dores embutidas num cálice vertido a cada gesto e nada ela foi, sentado, onde mora a minha casa sei lá a cabeça segou de vez não sei mais nada escrevo uma carta amor parti.

(ninguém mais acreditará em ti)

O rumo saboreia como se fosses decapitado quem sabe nem tens cabeça amigo já morreste tantas vezes esse vício levou a tua roupa agora caixas para que nada mais saiba de ti quem eras infelizmente acabado nesse caixão de raivas que adianta é o fim e pronto. O absinto foi contigo abraça-o!


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