A festa do cinema no Bósforo

O ponto de partida foi dado com a exibição da curiosa produção americana Midnight Special, de Jeff Nichols, sobre a perseguição movida a um garoto com poderes especiais. O filme acaba por ser um interessante misto de filme de família, com perseguições e ainda com inesperados contornos de ficção científica, a cimentar o percurso crescente do cineasta do Arkansas.

Depois de Histórias da Caçadeiras (2007), e Procurem Abrigo (2011), exibido na Quinzena dos Realizadores, Nichols regressou a Cannes com Fuga (2012), já na Selecção Oficial para a Palma de Ouro. Entretanto, aguarda-se até que o seu novo trabalho, Loving, possa ser de novo seleccionado para Cannes 2016.

Integrando parte da imprensa convidada, o TORNADO irá fazer uma cobertura diária do certame, bem como um aproximar à cidade milenar e à sua cultura. Seguramente, teremos oportunidade para conviver com a imprensa local, escutando e partilhando ideias sobre cinema e não só.

Oportunidade para apreciar a vastíssima programação muito apoiada no cinema do mundo, filmes de culto, bem como as novas produções turcas, os clássicos e novas descobertas. De salientar a enorme pujança do cinema turco que já nos deu várias obras primas e venceu vários prémios internacionais.

Muito haverá para descobrir nesta mostra junto ao Bósforo e naquela que é considerada a quarta maior cidade do mundo e a segunda mais populosa da Europa, depois de Londres. Será também regressar a um país que viveu ainda recentemente atentados terroristas e que motivou, por isso mesmo, algumas alterações, como o encerramento da Soho House Istambul, após o atentado em Ankara.

E muitos serão os filmes para ver, seleccionados a partir da lista de 187 longas, 10 curtas e 24 filmes experimentais, num total de 221 filmes provenientes de 62 países, e exibidos em 10 cinemas. Portugal estará bem representado pela trilogia de Miguel Gomes, As 1001 Noites.

Atenção à secção competitiva para o Golden Tulip, júri liderado pelo realizador Pablo Trapero, mas secundado pela actriz Melisa Sozen, pelo actor Lior Ashkenazy, pelo artista vídeo Ali Kazma e pela produtora Ewa Puszcynska.

Paralelamente, o festival oferece propostas mais vocacionadas para o grande público, com as galas Akbank Galas, incluindo filmes como Salvé César!, dos irmãos Coen, entre outras propostas.

Mas cumpre ainda destacar a secção dedicada ao cinema de autor, igualmente defendida por uma programação vigorosa em ‘Challeging the years’.

Entretanto, teremos tempo de revelar algumas secções que merecem o seu destaque, como a dos ‘Young Masters’/Novos Mestres, onde descobriremos, por exemplo, Boi Neon, do brasileiro Gabriel Mascaro, uma das sensações do passado festival de Veneza.

Isto entre outras propostas aliciantes, como a retrospectiva do cinema avant gard americano dos anos 70, ou a muito aguardada mostra do cinema de uma dezena de filmes de Otto Preminger, em Anatomy of a Director.