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João de Sousa

Sábado, Outubro 5, 2024

Guerra de informação III

Hélder Costa
Hélder Costa
Actor, dramaturgo e encenador do Teatro A Barraca.

Eleitoralismos e etc.

O operacional – Chefe, andamos a dizer que o orçamento é eleitoralista. Não é demais?
O chefe – Demais, porquê? É verdade.

O operacional – Não percebo.
O chefe – Quando você vai a eleições, de que é que precisa?

O operacional – De votos.
O chefe – Muito bem. De quem?

O operacional – Do povo.
O chefe – Está muito atrasado, coitado. Do povo? (ri). Do operário, do camponês, do burguês, do capitalista?

O operacional – Se fosse possível, era bom.
O chefe – Isso das classes, era dantes. Agora é outra coisa. É o nosso querido ELEITORADO! Quando os comunas querem mais dinheiro para os camaradas, é para terem o voto deles.

O operacional – Então, se nós dermos esse dinheiro, eles passam a votar em nós.
O chefe – Só me faltava isto! Está armado em Papa Francisco? Damos dinheiro a essa gente, começamos a ganhar menos. Olhe, foi por essas e por outras que tivemos de começar a fazer desfalques nos Bancos e em muitos sítios.

O operacional – Mas isso é perigoso. É a corrupção.
O chefe – A corrupção? Isso vem logo na Bíblia! Espalha-se por todas as classes, ricos, pobres, bandidos, santos, todos abraçam essa divina Deusa.

O operacional – Divina Deusa?
O chefe – Como é que ela nos convence? Com beleza, amor e prometendo riqueza tranquila. A história da Humanidade tem ensinado isso tudo. Conhece o caso das tulipas da Holanda?

O operacional – Não…
O chefe – A tulipa, uma flor linda que os Holandeses, sempre grandes comerciantes, começaram a criar com cores diferentes. E o bolbo atingiu preços inacreditáveis, criou milionários.

O operacional – E as pessoas compravam esses…
O chefe – Bolbos, bolbos…como se fossem sementes para criar outras…e a dada altura, rebentou o negócio. Tudo falido, acabou a festa (ri)

O operacional – E o chefe ri –se?
O chefe – Para alguém ser muito rico, é preciso que haja muitos pobres, não se esqueça. E quem manda é que ganha.

O operacional – Mas como é que há tantos que se deixam enganar?
O chefe – É a ambição do dinheiro fácil. Tudo, menos trabalhar. É aí que nós entramos. Não se lembra da “Dona Branca”? Dava juros impossíveis. Uns safaram-se, outros milhares lixaram-se. Isto é que é a luta de classes.

O operacional – Ouvi dizer que eram uns pobres diabos.
O chefe – Sim, uns pelintras. Bom, bom, é o ataque ao peixe graúdo. Já se esqueceu do milionário Madoff como roubou os amigos? E da falência dos Bancos Americanos? Foi há pouco tempo.

O operacional – Isso sei, até está lá o Durão Barroso.
O chefe – Rapaz sério, tem trabalhado bem, foi compensado. Nunca se esqueça, a corrupção é que faz avançar o mundo. Cantemos uma bela canção de homenagem a essa qualidade superior da Humanidade!

(Com musica de We shall over come …)

Nós havemos de corromper…
Nós havemos de corromper…
Nós havemos de corromper…

(Com musica da Internacional)

Sorriso aqui, mentira acolá
Um favor, um segredo
Uma intriga a preceito
Ir para a frente sem medo
A vida não é só galhofa
Quero ter tudo na mão
Se não for eu é outro
Pois viva  a corrupção!

(Com musica de We shall overcome)

Nós havemos de corromper
Nós havemos de corromper…
Nós havemos de corromper…

FIM

 

 

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