… o que é um bom resultado para um país de média dimensão como Portugal?
A resposta é simples. Comparando com os nossos pares o mínimo que define uma participação mediana são seis medalhas.
Um artigo publicado na Revista Sociologia online da Associação Portuguesa de Sociologia, sobre a participação de Portugal nos Jogos de Londres de 2012, em que obtivémos uma única medalha, estabelece os patamares competitivos dos Jogos e as expectativas de medalhas de acordo com critérios precisos.
Inúmeros estudos sociológicos demonstraram que os três factores determinantes na conquista de medalhas são: a demografia, quanto mais habitantes um país tem mais medalhas ganha, o rendimento quanto mais rico mais medalhas e a cultura, algumas culturas parecem não atribuir excessiva importância ao desporto, nomeadamente a cultura muçulmana e hindu.
Um conjunto largo de países com população inferior a 1 milhão de habitantes ou com rendimento inferior a 2.500 USD per capita não conseguem competir e se conseguem uma medalha é um feito excepcional – Em Londres 2012, a Etiópia, o Quénia foram heróis neste grupo. Os jogos disputam-se entre os países com mais de 1 milhão de habitantes e mais de 2.500 USD per capita. Esses países arrebatam mais de 97% das medalhas.
Mas mesmo entre esses existem patamares competitivos precisos: a segunda divisão, a primeira divisão e a elite. A elite olímpica é constituída por países com mais de 10 milhões de habitantes e mais de 10.000 USD de rendimento per capita. Os países da elite olímpica dividiram entre si mais de 70% das medalhas a concurso. Portugal pertence aos países da elite olímpica, o desempenho contudo está muito longe da média deste grupo.
Com uma população de 10 milhões de habitantes e com um rendimento de 26.000 USD per capita, Portugal compara em população com países como a Hungria, a Bielorrússia, a República Checa, a Suécia, a Servia, a Bélgica, a Grécia.
Com rendimento semelhante temos a República Checa, a Eslováquia, a Arábia Saudita e a Coreia do Sul.
O estudo demonstra, analisando os resultados deste grupo de pares, que uma participação esperada para Portugal devia situar-se nas seis medalhas: uma de ouro, duas de prata e três de bronze. Concluía-se que a participação portuguesa fora muito negativa.
Nos jogos do Rio 2016 estão em disputa mais medalhas do que em Londres pelo que a fasquia deverá ser um pouco mais alta. No entanto as seis medalhas são um mínimo para que a nossa participação possa ser encarada como mediana. Tudo o que fique abaixo, por mais que a nossa imprensa embandeire em arco, será sempre visto internacionalmente, como um desastre.
Até ao dia 9 de Agosto eis os resultados de Portugal e dos seus pares:
Dois países, a Hungria e a Coreia, já atingiram as seis medalhas. Já estamos um pouco abaixo da média. Veremos com chegaremos ao final.