Essa é a impressão de um correspondente estrangeiro que foi entrevistado na GloboNews nesta noite (29). Outro correspondente, no mesmo programa de TV, disse que tinha muita dificuldade de explicar o Brasil na Alemanha: “como é alguém pode ser réu e ao mesmo tempo presidir (a câmara dos deputados)? A política no Brasil é muito diferente” (risos, incrédulos, de todos)
Eu sou brasileira, não ri com eles, mas tenho a mesma dificuldade desses correspondentes para explicar a nossa situação. Por que é que o país não pede a cabeça do Eduardo Cunha com o mesmo ódio com que pede a cabeça da Dilma (Roussef)?
Como não tenho acesso à conta bancária dos políticos do Brasil (embora tenha acesso, via Juiz Sérgio Moro, às conversas telefônicas da nossa presidenta), não posso afirmar que o deputado Eduardo Cunha tenha pagado propina para alguém nesse momento, garantindo a sua “eterna” liberdade. Mas posso afirmar – a grande imprensa já noticiou e o empresário Marcelo Odebrecht, na sua delação premiada, confirmou — que ele integrou um esquema bilionário de propinas.
É réu, diz o que quer, faz o que quer. Conta com um séquito de invejosos (os que o odeiam e o admiram ao mesmo tempo) e, talvez, com o apoio de quem mais quer que a Operação Lava Jato estanque. Ele mesmo? Alguns outros?
Tudo parece revestido de mistério nessa noite à brasileira, mas quem acompanha a história sabe que a noite calada trama.
O que mais lamento é um país, tão grande, com tanta riqueza e tanta gente bonita — ter que compartilhar a mesma cara de um ladrão!
Nota: A autora escreve em português do Brasil