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Domingo, Junho 1, 2025
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Frank Sinatra faria hoje 100 anos

Frank Sinatra faria hoje 100 anos

“The Voice” calou-se a 14 de Maio de 1998

Falar de Frank Sinatra é falar de um dos maiores cantores do século XX. Um verdadeiro ícone, que dividiu a sua actividade entre os palcos e o cinema, sempre com aquela voz inconfundível. Se fosse vivo, Frank Sinatra faria hoje 100 anos, pois nasceu em Hoboken a 12 de Dezembro de 1915, mas faleceu a 14 de Maio de 1998, em West Hollywood (Los Angeles).

Frank SinatraFrank Sinatra interpretou uma carreira recheada de êxitos, uma das mais gloriosas da História da Música Popular. Mesmo antes dos Beatles já Frank Sinatra se tinha cruzado com a “histeria” da sua multidão de fãs. Cantor idolatrado, mas também actor em plena época glamourosa de Hollywood, Frank Sinatra coleccionou sucessos discográficos, sobretudo no período do pós-guerra. Uma das suas mais famosas canções “My Way” detém ainda o recorde britânico do single que mais tempo se aguentou nos “charts”: 136 semanas!

A carreira do jovem Sinatra começou em 1935, muito por culpa da sua mãe que convenceu um grupo vocal local, os 3 Flashes,  a aceitá-lo como membro. O grupo iria então tornar-se conhecido por The Hoboken Four. Mas também nesse mesmo ano, aos 19 anos de idade, Frank Sinatra iria ter a sua primeira participação no cinema como actor. Mas este episódio quase que foi apagado da biografia do actor, pois o filme em questão era pornográfico. Frank Sinatra terá recebido 100 dólares para aparecer na fita como um bandido mascarado. Já depois de se ter tornado um artista famoso, Frank Sinatra terá tentado junto de influentes amigos impedir a distribuição e exibição do filme pornográfico, então chamado de “blue movie”. Ao todo, ente 1944 e 1984, “The Voice”, como ficou conhecido Frank Sinatra, participou como vedeta principal em 56 filmes e programas especiais de televisão.

“Entertainer” maior da América, pago a peso de ouro, capaz de arrastar multidões, Frank Sinatra tomou a decisão de não actuar em qualquer casino ou hotel de Las Vegas enquanto estes não aceitassem artistas negros, numa clara manifestação contra o racismo reinante no Estado do Nevada. Contudo, mais tarde, na década de Frank Sinatra60 Frank Sinatra iria estabelecer a sua residência em Las Vegas. A sua figura ultrapassava claramente o mundo do “show business”, com importante influência no mais alto meio político norte-americano. As suas relações com a Máfia, nunca totalmente esclarecidas, fazem também parte da vida ímpar deste ímpar cantor.

Em plena época dominada pelo Rock ‘n’Roll, Frank Sinatra não escondeu a sua aversão a este novo estilo musical, considerando-o “a mais brutal, feia e viciosa forma de expressão que tive o desagrado de ouvir”. Sobre a canção “Light My Fire” dos Doors disse mesmo que “foi o pior disco que ouvi!”. Expressões que mostram bem a forma como Frank Sinatra odiava o novo ritmo que tinha conquistado a juventude. Mas as gerações mais velhas, os seus fãs de sempre, mantiveram-se fiéis ao “crooner” – um dos maiores do século XX. Ao longo da sua carreira, Sinatra vendeu mais de 150 milhões de discos.

https://www.youtube.com/watch?v=kl4Uh5nOFAg

Cimeira do Clima em Paris: Habemus Acordo!

Cimeira do Clima - Paris 2015

Ao fim de duas semanas de negociações, os países reunidos em Paris, na Cimeira do Clima,  aprovaram acordo que pretende abrandar os efeitos do aquecimento global.

O documento aprovado por representantes de mais de 190 países, reunidos na capital francesa, entrará em vigor em 2020. Até lá, as várias partes comprometem-se a promover a ratificação e implementação das medidas alteradas no Protocolo de Quioto e nos Acordos de Cancún e ainda reforçar um exame técnico ao apoio necessário para efectivação das medidas previstas o nível económico, ambiental e social. Um dos suportes para a “assistência técnica” será o Centro de Tecnologia do Clima das Nações Unidas.

O principal objectivo proposto pelo acordo é a imposição de um limite para o aumento da temperatura global em níveis pré-industriais. Inicialmente abaixo dos 2ºC e, a longo prazo, estabelecer esta meta nos 1,5 graus centígrados. Esta medida é, segundo os apoiantes do acordo, essencial para reduzir os efeitos extremos do aquecimento global como ondas de calor, vagas de seca, cheias ou subida do nível do mar.

Os compromissos apresentados no acordo deverão ser revistos de cinco em cinco anos. No entanto, o documento prevê uma avaliação bianual, qualitativa e quantitativa, dos gases emitidos. Todo o documento prevê e sublinha a transparência e clarificação das medidas e resultados obtidos pelas várias partes assinantes.

Acordo universal

Embora estejam representados muitos países na Cimeira do Clima, os envolvidos querem que mais organizações e nações se juntem à causa ambiental. Por isso mesmo, o acordo solicita que o Secretariado-Geral das Nações Unidas o tenha aberto para assinatura em Nova Iorque, Estados Unidos da América, a partir de 22 de Abril de 2016 até 21 de Abril de 2017.

Aos países em desenvolvimento, deverá ser prestado apoio numa lógica cooperativa, por forma a que consigam implementar medidas redutoras da emissão de gases, nomeadamente no que diz respeito à tecnologia. A nível financeiro, o acordo pretende avançar com uma verba de 90,9 mil milhões de euros anuais para estes países, a partir de 2020.

Medidas insuficientes para ONGs

Após ser conhecida a proposta de acordo na passada sexta feira, várias organizações não governamentais (ONG) juntaram-se no dia da votação (hoje) para mostrar o seu descontentamento.  Esta manifestação acontece depois de terem sido proibidos grandes aglomerados de pessoas na capital francesa, devido aos actos de violência decorridos há duas semanas.

A manifestação, pacífica, juntou milhares de participantes junto ao Arco do Triunfo, em Paris. Para os ambientalistas, as medidas propostas na Cimeira são insuficientes. Em declarações à agência de notícias EFE, o activista dos Ecologistas em Acção, Samuel Martin Sosa afirmou: “São os cidadãos que têm de liderar em matéria de alterações climáticas, não podemos confiar nos nossos políticos, porque eles estão a falhar desde há 23 anos”.

Golden State Warriors contra a fadiga em Milwaukee

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Golden State Warriors

Os Golden State Warriors deslocam-se esta madrugada, pela uma e meia, a Milwaukee para defrontar a equipa dos Bucks, após a vitória na noite passada por 124-119 contra os Boston Celtics, num jogo que teve dois prolongamentos até que fosse encontrado o vencedor da partida.

Depois dos campeões em título da NBA – os GSW – terem conseguido aumentar o número de vitórias consecutivas para 28, a fadiga vai-se tornando cada vez mais o único adversário de um conjunto que parece imbatível. Com Klay Thompson ainda de fora por lesão, Stephen Curry, Green e companhia terão que fazer um esforço extra para minimizar esses problemas de ordem física que ficaram bem evidentes no último encontro.

A noite da principal liga de basquetebol do mundo fica ainda marcada por outros oito jogos, com o principal destaque a ir para o Brooklyn Nets-Clippers, única partida que terá transmissão televisiva num canal português e que abre a jornada às 22 horas.

Lista completa de jogos

22h00: Brooklyn Nets-Clippers

0h00: Hornets-Celtics

0h30: Pistons-Pacers

1h00: Hawks-Spurs, Bulls-Pelicans e Rockets-Lakers

1h30: Dallas-Wizards e Bucks-GSW

3h00: Portland-Knicks

 

 

 

Negócio das águas oferece lucros garantidos a empresas privadas

Negócio das águas oferece lucros garantidos a empresas privadas

É quase impossível não ficar surpreendido e até chocado ao ler a recente notícia de que a Câmara de Barcelos vai ter de desembolsar 87 milhões de euros para comprar de volta a distribuição da sua própria água, que estava concessionada a uma empresa privada.

Mas esta é uma situação com desfecho previsível e que até podia ter tido consequências financeiras ainda mais gravosas para a autarquia. E, a quem acompanha este tema, não será de estranhar que, a curto prazo, possam surgir outras situações do género. Basta ler um famoso relatório do Tribunal de Contas sobre a concessão em baixa das águas, publicado no início de 2014, para constatar que este é um processo que tem tudo para dar errado para o lado das autarquias e dos consumidores.

Nesta altura existem 27 concessões do género, envolvendo 31 concelhos do país, cujos consumidores entregam cerca de 250 milhões de euros a empresas privadas para terem em casa o precioso líquido. À partida, a ideia não parecia má, uma vez que não se tratava de privatizar a distribuição da água, mas apenas de a concessionar. Isso significa que todo o sistema e equipamentos existentes ou a construir pelas empresas privadas continuam a ser propriedade das autarquias. A totalidade ou parte do investimento pertence aos privados que, regra geral, ainda pagam uma verba anual às câmaras por terem o exclusivo da distribuição da água durante um determinado período – longo – de tempo.

Só que o problema é que se as coisas não correm como previsto, as condições contratuais têm de ser alteradas, levando a que os benefícios públicos acabem por se transformar em prejuízos. No relatório referido, o Tribunal de Contas faz críticas arrasadoras à grande maioria destas concessões, que seguem a filosofia das parcerias público-privadas, em que o risco fica do lado público e os lucros garantidos da parte privada.

 

Previsões irrealistas nos contratos

água_4Normalmente, isso acontece por, nos contratos assinados entre as duas partes, se colocaram previsões irrealistas. O Tribunal de Contas concluiu, por exemplo, que “cerca de 74% dos contratos de concessão prevêem, expressamente, a possibilidade das concessionárias serem ressarcidas pelos municípios, no caso de se verificar uma determinada redução do volume total de água facturado e da estimativa de evolução do número de consumidores”.

Quando há um desvio negativo a partir de 10 ou 15%, as concessionárias exigem a reposição do equilíbrio financeiro acordado, o que implica a redução da verba que pagam às câmaras, o aumento do tarifário, a redução dos valores que ficaram de investir, o alargamento do prazo da concessão ou que seja a própria câmara a indemnizar a empresa.

Teoricamente, os desvios também poderiam beneficiar os consumidores e as autarquias. Mas, na prática, acontece que, refere o relatório do Tribunal de Contas, “a figura do reequilíbrio financeiro nunca funcionou em benefício dos municípios concedentes ou dos respectivos utilizadores, quando se verificaram situações suscetíveis de gerar rendimentos líquidos superiores aos previstos no caso base para as entidades gestoras”.

Todos os casos auditados já foram alvo de um processo de reequilíbrio económico-financeiro ou de um processo de revisão contratual.

 

Lucros garantidos acima dos 10 por cento

Numa altura tão incerta, em que as empresas têm tanta dificuldade em encontrar bons negócios e garantir a sua sobrevivência económica, o investimento na distribuição da água em baixa parece ser um oásis. Neste sector não há falta de clientes e as concessionárias têm um determinado nível de facturação e de lucros garantidos por contrato.

De acordo com este relatório, a expectativa de TIR (Taxa Interna de Retorno) accionista destas empresas oscila entre os 9,5% (no concelho de Cascais) e 15,50% (Campo Maior). Trata-se de valores que o Tribunal de Contas considera “inaceitável à luz do actual quadro orçamental e económico”.

Idêntica opinião tem o novo governo socialista, que, no seu programa, critica “as taxas de rentabilidade absolutamente desproporcionadas e inaceitáveis à luz das regras de um mercado saudável, com elevados encargos financeiros para o cidadão”. E das palavras promete passar aos actos, através da renegociação, em parceria com as câmaras, das concessões mais gravosas.

5 dias para conhecer a Arte do Corval | Dia 1

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Anabela Oliveira_Corval_9
A loja, de luz branda, acolhe o colorido das peças

Corval, a tradição ainda é o que era

O céu abre-se em água quando chegamos à freguesia rainha da olaria alentejana: São Pedro do Corval. Mais correctamente, Corval, que a designação de São Pedro caiu, quando o sítio passou a freguesia.

Temos já a mira apontada, quando desembocamos na estrada da vila. Porta sim, porta sim, as olarias espraiam-se pela rua principal, paralelas e perpendiculares. Por isso Corval é tido como um dos mais importantes centros oleiros de Portugal e aí é organizado um dos maiores eventos ibéricos na área, a Festa Ibérica da Olaria e do Barro (FIOBAR).

Os tornos devoram blocos de barro, transformados em peças típicas

Na impossibilidade de entrever todas as cerâmicas, há que fazer opções e inclinamo-nos para a olaria mais antiga. Curiosamente, também aquela onde trabalha o mais novo de quantos se ocupam do mister em toda vila. Rui Santos, de seu nome, com a irmã, Neida Santinha, são hoje os proprietários da Olaria Patalim, testemunho transmitido de pais para filhos desde o tempo dos seus bisavós.

 

 

 

Patalim, de “patalinhar”

Para tornear o barro, a habilidade tem de estar ao nível da velocidade

À vista desarmada, pouco distingue esta das outras olarias, excepto talvez a ausência de exposição ao olhar de quem passa rápido. A loja é recatada, as portas estão abertas a quem queira entrar mas, nitidamente, dá-se primazia à oficina. Lá dentro usa-se o quente sotaque alentejano, meio cantado, sorriso simples, como que a dizer “bem-vindos”. É Neida quem nos recebe. Acertámos na hora do almoço, imprópria para aquilo a que nos propomos. Nada nos interessa a manja de cada um, mas antes o que dá alimento a todos: a arte de bem tornear e decorar todo o barro.

Da original palavra escolhida para nome da olaria não rezam os dicionários, antes fazendo parte do léxico muito próprio de uma mulher, quem sabe se do próprio Alentejo, que disso não fala a História.

Corre o ano da graça de 1927 quando o mestre Manuel Nunes Fialho decide mandar construir um forno apropriado para cozer as peças de barro que fabrica. Contratados os pedreiros, reclama a consorte, Maria Antónia Conde, da falta de rapidez dos operários,  “sempre a patalinhar”. Tanto “patalinham” que facilitam o baptismo da Olaria Patalim.

 

Tiro Neles

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João Vasco AlmeidaNão embarco na onda de chamar Daesh aos idiotas do Estado Islâmico. Como nunca chamarei “os betinhos” aos Delfins. As coisas e as pessoas têm autonomia para se auto-intitular como quiserem. A idiotice de chamar Daesh a um grupo terrorista tem como base a palavra querer dizer qualquer coisa como “bando de canalhas”. Pensam, os burocratas que isto irrita os miúdos e os sauditas. Nã. Nada melhor para os deixar contentes. Quando a imprensa vai atrás de uma parvoíce quer dizer que os parvos ganharam.

Se o Estado Islâmico tivesse conseguido o que queria: criar um estado em que havia segurança social, escolas, saúde e segurança, apesar das leis anacrónicas de costumes, o ocidente andava mais calmo. Se decapitassem como a Arábia Saudita ou tratassem os homossexuais como o Irão ou a Rússia, mas assim dentro de portas, sem se ver, todos assobiariam para o lado.

Mas o Estado Islâmico é uma Hollywood de realidade aumentada. Os filmes são bons, os atentados são cirúrgicos e pensados para matar poucos de cada vez. Envenenar um depósito de água numa cidade com 20 mil habitantes deve ser mais eficaz se quiserem matar em barda. Mas não querem. Qual estrela de telenovela o que eles querem é aparecer. Conseguem-no. Até conseguem que não lhes chamem Estado Islâmico – porque não o são mas, principalmente, porque lhes dá ar de maus.

 

Ranking das escolas

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Anabela OliveiraHoje é o dia marcado para sabermos as classificações das escolas nacionais. Que nos traz essa informação de realmente útil?

Recordo, há 15 anos, quando os primeiros rankings foram publicados, a curiosidade com que procurei os resultados da escola frequentada pelo meu filho e sorri, entre o mordaz e o aliviada. A escola em questão não passara do meio da tabela. Desastre de mãe, poderão dizer. Aceito, concordo e, sobretudo, agradeço.

Se me interessa que o meu filho tenha uma boa formação? Claro que sim. Não interessa a todos nós, quer enquanto pais quer enquanto pessoas que pretendemos uma sociedade melhor. A questão está em: que formação? A académica ou a de cidadania, complemento do que as nossas crias levam de casa?

E passo a contar:

Há 18 anos li uma redacção do meu filho e fiquei absolutamente apavorada. Como era possível que escorressem tantos e tamanhos erros ortográficos da caneta da criatura e, pior que tudo, aquela redacção estivesse classificada com um “suficiente”?

Corri, de caderno na mão, mais do que pronta a desancar a professora,  quem a defendesse e quem mais se atrevesse. Releu calmamente a composição e olhou-me com um ar interrogativo onde, juraria, havia uma nesga de divertimento.

“Isso é redacção para um suficiente? Que exigências são feitas ao rapaz?!” Inquiri, com a voz no volume mínimo, pela ira. Quase asseguro que sorriu quando disse estar o infante perfeitamente dentro dos parâmetros requeridos pelo ministério. Deve ter notado que a resposta foi pólvora  atirada para fogueira viva e tratou de me deixar com boca de peixe fora de água: “O seu filho cumpre o que é requerido mas, mais do que isso, daqui a uns anos, preferiria ser atendida por um médico com a formação de carácter que têm os nossos miúdos, mesmo dando erros ortográficos, do que por alguém que escreva correctamente mas que não tenha formação Humana. Confia em nós?”

Sentia que as chispas dos meus olhos iam perdendo força, à medida que a ouvia, apagando-se por completo com a pergunta final. Nesse preciso momento demiti-me do papel de mãe-polícia-escolar. Sabia do que ela falava, bem visível em toda aquela ”arraia miúda” que observava amiúde, no final das aulas; naquela auxiliar que não punha os putos de castigo mas “a descansar”.

Passadas quase duas décadas, durante as quais tenho sabido de alguns desses miúdos e miúdas, com mais ou menos sucesso académico e profissional, sei que há uma coisa que é comum  à maioria: carácter.

Ah, a quem interesse,  sabe-se lá por que mistério, o rapaz já não dá erros.

Disso não falam os rankings. Temos pena.

O preço de um derrame ocular

A palavra aos Especialistas

A senhora tem 85 anos. Sentiu uma dor muito grande e tem uma pasta de sangue num olho.

Do atendimento telefónico Saúde 24 encaminham para o Hospital Garcia de Orta. Chega às 11h da noite, mas à noite não há médicos da especialidade, pois a racionalização determina que estes só se encontrem no hospital das 8:00 às 20:00. Comparado com outras vezes que lá passei, ontem estava quase vazio. Meia hora até chegar à triagem. Pulseira amarela. Chamada às 03:00. Tensão alta, pedido de análise sanguínea, que faz às 04:00.

Não se consegue dormir naquele espaço. A senhora não pode mais dos ossos da coluna, da anca, da perna, tanto o desconforto.

Há pessoas que gemem. Por vezes um grito vem lá do fundo. Há uma mulher numa cadeira de rodas que já é conhecida porque sofre de convulsões recorrentes. Depois de horas na sala de espera a cravar dinheiro para comer coisas nas máquinas, já lá dentro, pede para lhe mudarem as calças. Pede uma fralda. Pede para ir à casa de banho. Passam-se eternidades e os enfermeiros e auxiliares têm outras prioridades. A mulher chora, só quer que lhe mudem a roupa mijada.

Há uma outra que não pode com dores. Os pés são diabéticos e assustam: inchaço, tumefacções, manchas brancas, unhas como garras enormes… e anda descalça.

francisco-onetoChega um rapaz novo também descalço. Vomita, cai e acaba por ficar estendido ao comprido nuns bancos até que mais tarde o tentam acordar, sem sucesso. Parece morto, não reage, mas lá se levanta trôpego e mandam-no embora assim mesmo.

E há outros, cujas histórias também devem ser de dor.

A senhora não dorme. Já todos aqueles doentes se foram embora, porque é já dia, segundo o relógio. Mudam as equipas, com os ‘briefings’ de passagem de testemunho e a senhora, sem dormir nem comer e o olho numa pasta de sangue, ali está, ainda. Às 8:00 da manhã abre a oftalmologia nas consultas externas, mas constata-se que a médica que a viu se esqueceu de fazer essa menção no relatório. Agora é preciso esperar por outra médica, para que encaminhe para os serviços teclando mais uma linha no relatório visível no ecrã. Recomeça a explicação do sucedido e lá vai, por fim, num labirinto de corredores para a oftalmologia. Por toda a parte onde se passa há salas de espera, cheias, à pinha, sempre.

Em oftalmologia, a bicha para o guichet estende-se para fora da sala, pelo corredor. Todas aquelas pessoas são maioritariamente velhos. Pobres. Tristes. Vítimas de um estado ao serviço dos predadores a quem entregam depois o voto.

E a senhora espera. Pouco, desta vez. É vista pelo especialista que confirma não ser nada de grave. Passa uma receita e já está. Em todas as fases há sempre computadores e médicos que mal olham para os doentes, pois têm que teclar tudo no processo.

Os enfermeiros inteiram-se da situação não pelo contacto e a interrogação directa dos doentes mas pelo computador na parede. Modernizou-se, a medicina. Por tudo isto a senhora pagou 20 euros de taxa e 5 euros de análises sanguíneas. Saiu do hospital às 11:00 da manhã, doze horas depois de ter dado entrada.

derrame ocularTem 85 anos, a senhora, e passou a noite sem dormir, está aflita da anca, do joelho, das costas, coxeia, anda a custo, apoiada na bengala.

Felizmente que o filho a acompanhou. O filho que já lá passou nas urgências algumas vezes e que nem consegue sentir revolta nem desespero com tudo aquilo.

Todos cantam loas ao “nosso” SNS e muitos louvam ainda o criminoso que ocupou a pasta da saúde como se estivesse a gerir repartições de finanças, cortando nos transplantes, nos medicamentos para as doenças crónicas, no número de médicos, enfermeiros, funcionários, pagando cada vez menos a todos, racionalizando, para tornar tudo mais eficiente. Custo-benefício. Tudo tem um preço para o erário público, como aqueles médicos que são pagos à hora para fazer urgências e que se vão arrastando com calma olímpica por aquele lugar, como o ruivo que já lá encontrei duas vezes e que aparenta viver numa realidade paralela, ao retardador, tendo a arte de conseguir parar para conversar com todo o pessoal médico e de enfermagem em todos os gabinetes e em cada dois metros do seu percurso. Mas está a trabalhar, certamente não tem culpa da espera dos doentes que o vêem passar e anseiam sair dali.

Os enfermeiros e auxiliares, esses, não têm mãos a medir e são a face visível do esforço para manter a máquina a funcionar. Não param, porque os doentes são o serviço. A máquina processa-os e produz resultados para dar andamento ao serviço… E já não é possível a revolta nem o desespero. Apenas a convicção profunda do abandono. De estarmos entregues aos caprichos do destino.

A senhora não tem transporte, é preciso ir de táxi para casa. Na rádio do carro de praça há destaque para uma sondagem da Universidade Católica que diz que Marcelo ganhará à primeira, com mais de 60% dos votos. E ontem havia sondagens que continuavam a insistir que a vitória pertenceria a Passos e Portas se as eleições fossem hoje outra vez. E dizem também que esses mesmos políticos e os seus partidos apresentaram um projecto para criminalizar o abandono de idosos. Seria bom se servisse para criminalizá-los a eles e ao ministro Mota Soares, que outra coisa não fizeram ao longo dos últimos 4 anos do que contribuir para o abandono e para os maus-tratos institucionais aos idosos.

A senhora tem 85 anos e já está em casa, bem, apesar de ter visto por lá idosos sós, perdidos, à espera. Um derrame ocular custou 12 horas de vida à senhora. E outras doze ao filho…

Golden State Warriors procuram 28.ª vitória consecutiva com Klay Thompson em dúvida

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Os Boston Celtics recebem esta madrugada, pela meia noite e meia, os campeões em título da NBA – os Golden State Warriors -, em mais uma ronda da fase regular da competição. Klay Thompson é a grande dúvida na formação forasteira após ter contraído uma lesão no tornozelo no final da partida contra os Indiana Pacers, jogo que aumentou para 27 o número de vitórias consecutivas dos GSW, igualando o segundo melhor registo de sempre a par da equipa de 2012-2013 dos Miami Heat e a apenas seis vitórias dos Los Angeles Lakers de 1971-1972.

A lesão do shooting guard  preocupa especialmente por aparecer após ter conseguido o seu recorde de pontos (39) num jogo, esta época, na última jornada, lançando 51.9% da linha de 3 pontos (10 concretizados em 16 tentados), numa altura em que a imprensa norte-americana vem dando destaque ao decréscimo físico dos actuais líderes da Conferência Oeste. Os holofotes estarão, no entanto, depositados quase na totalidade na estrela da companhia Stephen Curry, embora também não seja de ignorar o embate de David Lee contra a sua antiga equipa, ele que após 5 temporadas nos GSW foi trocado para os Celtics e revê hoje os ex-companheiros.

A noite da principal liga de basquetebol do mundo fica ainda marcada por dez outros jogos, com o principal destaque a ir para o Raptors-Bucks, único jogo que terá transmissão televisiva num canal português.

Lista completa de jogos

0h00: Pacers-Heat, Magic-Cleveland e 76ers-Pistons

0h30: Celtics-GSW e Raptors-Bucks

1h00: Memphis-Hornets e Pelicans-Wizards

2h00: Utah-OKC e Denver-Minnesota

2h30: Suns-Portland e Spurs-Lakers

Há 47 anos filmava-se o “Rock & Roll Circus”

Há 47 anos filmava-se o “Rock & Roll Circus”

Programa dos Rolling Stones para a BBC, com convidados de peso, nunca seria transmitido pelo canal público britânico, por decisão dos “Stones”

Em 1968, o Reino Unido vivia em pleno ritmo de pop/rock. As bandas britânicas somavam sucessos em todo o mundo e novos grupos iam surgindo continuamente. A invasão do “Brit Pop” era uma realidade, dominando os tops do então mundo ocidental. E à frente do pelotão britânico seguiam grupos como The Beatles, The Rolling Stones, The Who e Cream, entre outros.

Rock & Roll CircusA 11 de Dezembro de 1968, faz hoje 47 anos, os Rolling Stones juntaram alguns desses amigos e colegas músicos numa tenda de circo para as filmagens de “ Rock & Roll Circus ”, um programa de tv produzido pelos “Stones” para a BBC. Nessas míticas filmagens participaram, para além dos próprios The Rolling Stones, John Lennon, Marianne Faithfull, The Who, Eric Clapton, Taj Mahal e Jethro Tull.

O ambiente era mesmo circense, com palhaços e acrobatas e com os músicos e o público também vestidos a rigor. Com algumas prestações de grande nível, o evento ficaria marcado pela única apresentação pública de uma improvável super-banda – The Dirty Mac –, formada por Eric Clapton (Cream), Mitch Mitchel (baterista dos Jimi Hendrix Experience), Keith Richards (The Rolling Stones) e do Beatle John Lennon, que trouxe a sua companheira Yoko Ono. O grupo interpretaria então o tema “Yer Blues”, composto por John Lennon Paul McCartney (ver vídeo)

Rock & Roll CircusAs filmagens duraram dois dias e deviam ter sido difundidas pela BBC, como estava inicialmente previsto. Contudo, os Rolling Stones impediram que tal acontecesse pois consideraram que não estavam contentes com a sua prestação no programa. Uma decisão que até pareceu bem estranha, tendo em conta a realidade do “show” da banda, sobretudo pela excelente interpretação de “Sympathy For The Devil”, que se iria tornar numa das mais emblemáticas canções da banda e da história do rock. Rock & Roll CircusA recusa dos Rolling Stones em autorizarem a difusão televisiva do programa levantou então polémica, com outras eventuais razões a serem apresentadas pelos média britânicos. Constava então que os “Stones” não queriam o “ Rock & Roll Circus ” no ar porque os The Who, com uma extraordinária performance, tinham roubado o protagonismo aos anfitriões. Contudo, seria editado um disco com o registo sonoro das filmagens. Mas o filme integral seria mesmo lançado em 1996, não na tv, mas em salas de cinema dos Estados Unidos. Hoje, está também disponível em edição DVD.

https://www.youtube.com/watch?v=Iuy-10Ejck4

 

Cultura: o “país real” neste fim-de-semana

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Nelas: Mercado de Natal com o maior tronco feito em Portugal

Está já a decorrer, desde hoje, e até ao próximo dia 13 de Dezembro, o Mercado de Natal em Nelas, que irá apresentar o maior tronco de Natal feito em Portugal ao vivo. A produção deste bolo com cerca de 25 metros decorre no Domingo, pelas 16h30, e reverterá a favor da CPCJ de Nelas.

 

Seixal: Concertos de NatalCorosSeixal

Regressaram os Concertos de Natal ao concelho seixalense, em que várias formações se juntam para interpretar canções alusivas à quadra. Dia 12 de Dezembro, o Coro da Casa da Música de Fernão Ferro actua às 10h no Mercado Municipal de Fernão Ferro. Dia 13 de Dezembro, às 17h, é a vez do Coro Cantata Viva actuar na Igreja Beato Scalabrini, na Amora, com o organista Daniel Oliveira como convidado especial. Dia 19 de Dezembro, às 10h, actua no Mercado Municipal do Seixal o Grupo de Canto Feminino da Associação Unitária de Reformados, Pensionistas e Idosos da Torre da Marinha, e no mesmo dia mas às 15h30, o Cinema São Vicente recebe o Coro Flamma Vocis.

 

Cartaz PombalPombal: Eventos no fim-de-semana

Em Pombal, dia 12 de Dezembro, destaca-se a apresentação do livro “O Rapaz Que Nasceu Raro”, de Abel Almeida, que decorre às 16h na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal. Às 17h, o mágico João Soares actua pelas ruas da cidade de Pombal, e às 18h no Café Concerto, é lançada a reedição do livro “Os Sete Demónios “ de Madalena Martel. Às 21h15, João Carlos e Sofia Guedes dão um concerto de harpa e canto lírico nos Claustros dos Paços do Concelho. Dia 13, destaque para a apresentação, às 15h, do livro “A Chave de Pandora”, de Rúben Oliveira, no Mercado. Segue-se a actuação de tocadores de realejo de Sintra e às 21h30, os Black Mamba actuam no Teatro-Cine.

 

Porto: Silo Auto com mercados de Natal e concertosP1170454

O Sábado vai ser de grande animação no Silo Auto, no Porto. O parque de estacionamento vai ser palco de três iniciativas em simultâneo, todas com entrada livre. Durante a tarde, decorrerão os habituais mercados urbanos, o Flea Market Porto e o Mini Porto Belo, bem como o Jameson Urban Soul, um evento que incluirá vários concertos e DJ sets, entre as 14h e as 19h. Este último, que decorre no piso 7, terá como principal atracção o concerto de The Legendary Tigerman, pelas 15h.

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Viseu: “Aos Olhos da Rita”

Vai ser apresentado, no próximo dia 12 de Dezembro, pelas 17h, no piso 0 do Palácio do Gelo Shopping, em Viseu, o livro “Aos Olhos da Rita”, da Editora Guerra e Paz e do Clube do Livro da Sic. A apresentação contará com a participação da autora Rita Bulhosa, Ricardo Pereira e Teresa Conceição.

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Porto: “O Projeto” de Lúcia Saldanha

A Casa-Museu Guerra Junqueiro, no Porto, recebe, a 12 de Dezembro, pelas 18h, a apresentação da obra de Lúcia Saldanha, “O projeto”. A apresentação do livro será feita pelo geógrafo Álvaro Domingues, seguida de um apontamento do arqueólogo João Pedro Cunha Ribeiro, sobre o propósito da dedicatória da autora.

 

livrosLisboa: Livros esquecidos para recordar

Continuam as conversas “Recordar os Esquecidos” na Livraria Almedina Atrium Saldanha. Desta vez, dia 12 de Dezembro, às 18 horas, os jornalistas Mário Rufino e Luís Ricardo Duarte vão fazer uma retrospectiva do ano de 2015 e dos livros que foram publicados, bem como as memórias de livros que leram e que partilham com o público presente. A entrada é livre.

 

Penela: Concerto

A Igreja de Santa Eufémia recebe, dia 12 de Dezembro pelas 16h, o concerto de vozes corais do grupo holandês “The Key Singing Foundation”, sob o tema “Em Viagem com Scarlatti”. O ensemble vai interpretar obras de Domenico Scarlatti, nomeadamente um Te Deum, obras da ópera “Tolomeo e Alessandro”, “Stabat Mater” e “Laetatus Sum”. Os “The Key2Singing Foundation”, dirigidos pela maestra Margot Kalse, foram fundados em 2010 na Holanda com o propósito de dar a conhecer ao grande público a arte do canto “no sentido mais lato do termo” organizando ainda ateliers especializados e master classes.

 

ImageGen (1)Porto: NOS Club na Casa da Música

A noite de 12 de Dezembro, na Casa da Música, está reservada para o NOS Club, que terá início, pelas 22h30, em vários espaços, com os concertos de Peter Kruder, DJFirmeza, Savanna, Chibazqui, KingLeer, Vicente Abreu, Álvaro Costa, Digitópia Collective e Dub Video Connection. Já pelas 23h, na Sala 2, sobem ao palco os We Trust e os X-Wife, ficando reservado para as 00h o concerto de De-Phaz z e Deau, na Sala Suggia. Os bilhetes variam entre os 5€ e os 12€.

 

Leiria: Rota culturalRotaCrimePadreAmaro

O livro “O Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queirós, inspirou uma rota cultural que terá lugar dia 12 de Dezembro, às 15h. O ponto de partida é na Praça Rodrigues Lobo, a partir de onde se desenrola uma rota literária e histórica, que evoca este retrato ácido e crítico do “meio beato de Leiria” dos finais do séc. XIX. Os interessados poderão inscrever-se pelo telefone 244 839 549.

 

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Sintra: Concerto

Dia 12 de Dezembro o Centro Cultural Olga Cadaval recebe o concerto Histórias, de Miguel Gizzas e Ricardo Carriço. Os músicos vão apresentar as respectivas canções num concerto que prometem ser de partilha e cumplicidade com o público. Miguel Gizzas apresentará algumas canções do seu mais recente álbum, “Até Que O Mar Acalme”; por sua vez, Ricardo Carriço apresenta temas do seu álbum de estreia, “O Meu Mundo”, e canções do novo disco.

 

manoeloliveira

Porto: Encerramento do Ciclo de Manoel de Oliveira

É já este sábado, 12 de Dezembro, que tem lugar a sessão de encerramento da retrospectiva Manoel de Oliveira: Grande Plano – Toda a obra. Para tal, será exibida, pelas 22h, no Grande Auditório Manoel de Oliveira, o filme “O Gebo e a Sombra”, apresentado pelos actores Cláudia Cardinale e Luís Miguel Cintra. A entrada é gratuita sujeita a levantamento de bilhete (disponível apenas no próprio dia).

 

Penela Livro Concerto

Penela: Lançamento literário

Dia 13 de Dezembro às 15h30, é lançado no Salão Nobre do Município o livro “Vozes ao Alto: Cantar Em Coro em Portugal”, com coordenação de Maria do Rosário Pestana. Trata-se de uma colectânea de estudos sobre o orfeonismo e o desenvolvimento dos coros em Portugal no séc. XX e nos primeiros anos do séc. XXI, fruto da investigação de uma equipa multidisciplinar. De seguida, actua o Choral Polyphónico João Rodrigues de Deus e o Manuel Faria Ensemble, sob a direcção de Paulo Bernardino.

 

Montijo: Dois Cavalos em destaque2cv

A 13 de Dezembro, decorre uma exposição de cerca de 40 automóveis clássicos 2 Cavalos no Passeio do Cais, no Montijo. O Club 2CV Dyane de Portugal organiza a mostra, em que os cerca de 80 participantes irão visitar o Moinho da Maré, seguindo-se a clássica caravana onde desfilarão os históricos modelos, percorrendo várias ruas do Montijo. Este clube, fundado em 1982 por bicavalistas (fãs do Dois Cavalos) é o mais antigo dedicado a um único modelo existente em Portugal.

 

ParqueMonserrateParquesSintraSintra: Sentir Monserrate

Dia 13 de Dezembro, a iniciativa “Património em Gestos” propõe aos visitantes do Parque de Monserrate uma visita diferente, com recurso à linguagem gestual para melhor descobrir estes jardins, que albergam mais de 3 mil espécies de plantas vindas de várias partes do mundo. A visita inicia-se às 10h30. Segue-se “Sentir o Património”, também no Parque de Monserrate, em que o tacto, olfacto e a audição são os sentidos-chave para o visitante descobrir o espaço. As marcações podem ser feitas através do número 21923 7300.

Pacheco

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João Vasco AlmeidaJá se sabia que o PSD ia querer correr com Pacheco Pereira, esse perigoso marxista e revisionista. Arranjaram à pressa um Duarte Marques, que é o cruzamento entre uma galinha sem ossos e um pedestal de igreja, para empurrar o historiador borda fora. O que Duarte não percebe é que quem perde não é Pacheco Pereira, mas o PSD. Na sua inutilidade, Marques pensa que está a prestar um serviço ao chefe e ao partido. Não está. Ao pobre falta-lhe a noção do que é uma pessoa livre e que pensa com a cabeça que deus lhe deu. Pacheco pensa, lê, estuda e escreve. Duarte debita, mal, uma coisa qualquer que lhe arranjaram para ler. É que o rapaz quer que Pacheco saia do partido “pelo próprio pé”. Ora, ninguém sai de lugar nenhum por pé alheio.

A infantilidade de Duarte é natural: ele anda com os pés em cima dos de Passos Coelho e, por isso, tem essa ideia de que toda a gente faz como os putos de três anos. Na sua soberba imagina que Pacheco Pereira se poria em cima dos pés dele e, alegremente, sairiam da São Caetano aos ziguezagues – como se faz quando se dança com as criancinhas.

Duarte Marques é o bobo dos PSDs, mas só ele ainda não o sabe. Dito isto, auguro-lhe um futuro glorioso, quiçá com pasta num futuro governo. E da sua língua cantar-se-á “olha que coisa mais linda, mais cheia de graxa…”

 

Prémios do Cinema Europeu 2015 – Juventude e Victoria contra o Pombo

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No serão do próximo sábado, em Berlim, serão conhecidos os nomes dos vencedores dos Prémios do Cinema Europeu. Em termos de marketing, esta recompensa até poderá ser encarada como uma analogia europeia ao prémio Óscar. Até porque a grande diferença entre os Estados Unidos e a Europa é que na Europa o sucesso económico não é tão relevante. Acaba por pesar mais o relevo artístico, a inovação da linguagem cinematográfica e a manutenção de tradições de cada país. Seja como for, os EFA são os prémios mais importantes para o cinema que se faz no Velho Continente.

A Juventude, de Paolo SorrentinoPara já, o filme A Juventude (Youth) do italiano Paolo Sorrentino lidera as nomeações, com cinco categorias: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor (Michael Caine), MelhorActriz (Rachel Weisz) e Melhor Argumento (Paolo Sorrentino). Depois, com quatro nomeações, Um Pombo Pousou Num Ramo a Reflectir na Existência (A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence) do sueco Roy Andersson e The Lobster de Yorgos Lanthimos. O drama inglês 45 Years consegue a nomeação para Melhor Actor (Tom Courtenay), Melhor Actriz (Charlotte Rampling) e Melhor Actor (Andrew Haigh).

Já agora, importa atentar na curiosidade que para além de Victoria e A Juventude os outros filmes têm todos relações com o mundo de fauna. Será essa uma aspiração dos realizadores em generalizar para criar metáforas poéticas? A verdade é que todas as histórias são uma espécie de meditação sobre a vida (o que sublinha o título do filme do Roy Andersson). A diferença está na forma como cada um fez a sua aproximação, escreveu o guião e optou por um género. Há anti-utopias, um mockumentary ou a procura de paradoxos de vida e temos ainda um caso de cinema clássico.

Quem será o escolhido? Sorrentino até pode ganhar de novo, depois de tudo arrebatar há dois anos atrás, com A Grande Beleza. No entanto, a verdade é que esta não é uma palavra nova para o cinema europeu.

Talvez seja mais interessante reparar em dois filmes bem interessantes – The Lobster e Um Pombo Pousou Num Ramo a Reflectir na Existência. De um lado, o grego Yorgos Lanthimos (The Lobster) oferece ao sujeito algo inesperado e atravessado por uma realidade nova e muito paradoxal. Já o filme de Roy Andersson também conserva um paradoxo. Algo que se prolonga dos seus filmes anteriores. Por isso com extravagância o trabalho do Andersson tem a aparência das coisas bem conhecidas. The Lobster, deYorgos Lanthimos

Victoria também é muito interessante. Desde logo pela sua premissa de se afirmar como um filme de 2 horas com um único plano! Sim, sem truques de montagem. O importante que Victoria é a estreia do Sebastian Schipper. Uma estreia com muito bom nível. Mas talvez o lado ‘caseiro’ possa ser desfavorável.

Por outro lado, este grupo de filmes comunga de valores políticos. Deniz Gamze Ergüven pode ganhar. Em Mustang ela fala sobre o direito das mulheres no mundo moderno. Algo que a Europa civilizada gosta de abordar. O filme também é feito com o género mais fácil de agradar, a comédia trágica.

Falta referir Rams de Grímur Hákonarson. O cinema nórdico é muito especial e Rams prova-o. Mas se os membros da Academia optarem por este humor islandês muito severo, a cerimónia com o prémio para o Grímur Hákonarson seria realmente a maior das surpresas.

Seja como for, há muitas nomeações. E mesmo quem não ganhar o prémio principal de Melhor filme, terá mais oportunidades nas outras categorias.

NOMEADOS

Melhor Filme Europeu

A Juventude, do italiano Paolo Sorrentino.

Dois amigos, um compositor e um realizador passam o verão num hotel termal alpino. Passeios longos e conversas ajudam-nos a refletir sobre o passado e sobre a felicidade da juventude.

 A Piegon Sat on a Branch Reflecting on Existence, do sueco Roy Andersson

O raciocínio sobre a vida. Triste e ao mesmo tempo muito espirituoso.

The Lobster, do grego Yorgos Lanthimos

O futuro próximo. Um hotel muito estranho onde as pessoas participam numa espécie de reality show em que têm de arranjar namorados. Em caso de falhanço, convertem-se em animais e vão viver na floresta. Um dia um senhor decidiu ser uma lagosta.

Mustang, da turca Deniz Gamze Ergüven,

Cinco irmãs rebeldes numa aldeia turca. Elas estão contra as tradições. Mas não é fácil lutar para ter o direito de liberdade.

Rams, do islandês  Grímur Hákonarson

Islândia. Dois irmãos não se falam há 40 anos. Mas um dia têm de superar desavenças para salvar os seus carneiros.

Victoria, do alemão Sebastian Schipper

Victória veio de Berlim para Espanha. Numa noite de folia conhece miúdos com quem passa o resto da noite. Ninguém sabe como esta noite vai acabar… Um filme com a curiosidade de ter sido filmado num único plano, sem cortes.

Melhor Realizador Europeu do Ano

Roy Andersson, por A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence

Yorgos Lanthimos, por The Lobster

Nanni Moretti, por My Mother

Sebastian Schipper, por Victoria

Paolo Sorrentino, por Youth

Malgorzata Szumowska, por Body

Melhor Comédia Europeia

A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence, de Roy Andersson

The Bélier Family, de Eric Lartigau

The Brand New Testament, de Jaco Van Dormael

Melhor Actor

Michael Caine, em Youth

Tom Courtenay, em 45 Years

Colin Farrell, em The Lobster

Christian Friedel, em 13 Minutes

Vincent Lindon, em The Measure of a Man

Melhor Actriz

Margherita Buy, em My Mother

Laia Costa, em Victoria

Charlotte Rampling, em 45 Years

Alicia Vikander, em Ex Machina

Rachel Weisz, em Youth

Melhor Argument0

Roy Andersson, por A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence

Alex Garland, por Ex Machina

Andrew Haigh, por 45 Years

Radu Jude & Florin Lazarescu, por Aferim!

Yorgos Lanthimos & Efthymis Filippou, por The Lobster

Paolo Sorrentino, por Youth

Melhor Documentário

A Syrian Love Story, de Sean McAllister

Amy, de Asif Kapadia

Dancing With Maria, de Ivan Gergolet

The Look of Silence, de Joshua Oppenheimer

Toto and His Sisters, de Alexander Nanau

Melhor Animação

Adama, de Simon Rouby

Shaun The Sheep, de Richard Starzak & Mark Burton

Song of The Sea, de Tomm Moore

Prémio Revelação – FIPRESCI

Goodnight Mommy, de Veronika Franz & Severin Fiala

Limbo, de Anna Sofie Hartmann

Mustang, de Deniz Gamze Ergüven

Slow West, de John Maclean

Summer Downstairs, de Tom Sommerlatte

 

Miguel Gomes vence prémio

Entretanto, no passado dia 27 de Outubro foram divulgados os primeiros vencedores das categorias técnicas, para Fotografia, Montagem, Design de Produção, Guarda-Roupa, Compositor e Design de Som.

Melhor Fotografia

Martin Gschlacht, por Goodnight Mommy (Austria)

Melhor Edição

Jacek Drosio, por Body (Polónia)

Melhor Design de Produção

Sylvie Olivé, por The Brand New Testament (Bélgica/França/Luxemburgo)

Melhor Guarda-Roupa

Sarah Blenkinsop, por The Lobster (RU/Irlanda/Grécia/França/Países Baixos)

Melhor Compositor

Cat’s Eyes, por The Duke of Burgundy (RU/Hungria)

Melhor Design de Som

Vasco Pimental e Miguel Martins, por As Mil e Uma Noites – Vol. I-III (Portugal/Alemanha/França/Suíça)

Professores do ensino artístico ameaçam ir para a greve

ensino artístico

Os professores do ensino artístico vão avançar para a greve em Janeiro, caso, até ao final deste mês, não recebam os salários que têm em atraso. O alerta foi lançado pela Federação Nacional dos Professores (FENPROF), que vai lançar um pré-aviso de greve já no próximo dia 18.

ensino artísticoA situação que estes docentes vive é “dramática”, diz aquele sindicato em comunicado, pois há vários meses que têm as suas remunerações em atraso. Isso faz com que muitos se vejam obrigados a acumular a actividade lectiva com outra ocupação para garantirem um rendimento suficiente para pagar as contas no final do mês.

A FENPROF responsabiliza pela situação o anterior governo PSD/CDS, que “não honrou a palavra dada, violando prazos que tinham sido aprovados para evitar os problemas já verificados em 2014/15”. A primeira tranche da verba do financiamento do Governo deveria ter chegado às escolas até 15 de Outubro, mas apenas a 11 de Novembro entrou no Tribunal de Contas para apreciação.

prof ensino artístico_2A isto juntou-se a “incompetência” dos responsáveis da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, que, pelo segundo ano consecutivo, “preencheram incorrectamente os documentos a enviar ao Tribunal de Contas para a obtenção de visto” necessário para a disponibilização do dinheiro. Um erro grave que, para a FENPROF, justifica o pedido de demissão do respectivo director.

Agora, a forma mais rápida de resolver o problema é “a criação de uma linha de crédito, sem juros, a que tenham acesso as escolas que ainda não receberam qualquer financiamento, que sirva para adiantar a verba necessária à regularização dos salários dos trabalhadores docentes e não docentes”. O Ministério da Educação deve, também, de imediato, solicitar um visto tácito ao Tribunal de Contas para desbloquear as verbas e apresentar àquela entidade, sem qualquer incorrecção, os processos necessários à transferência de financiamento para as escolas.

prof ensino artístico_4Para dar conta dos problemas que a situação acarreta, a FENPROF promoveu, na Quarta-feira, uma conferência de imprensa com alguns professores afectados. Um deles é Ricardo Mota, da Escola de Música de Perosinho (Vila Nova de Gaia), que diz ter recebido o último salário em Setembro. A instituição em que trabalha está em ruptura financeira, o que faz com que, para além dos professores, também os funcionários tenham os vencimentos em atraso. Para fazer face aos encargos “somos obrigados a recorrer à família, aos amigos e ao crédito”.

prof ensino artístico_6A sua colega Sílvia Sobral, da Academia de Música de Almada, relatou uma situação muito parecida. Tem dois meses de salários em atraso, estando o marido sem ordenados desde Agosto, mas há docentes que vivem um drama ainda maior, pois têm “cinco ou seis meses de salários atrasados”.

Estes são apenas dois dos muitos exemplos de professores do ensino artístico afectados por um problema que põe em risco a continuidade das aulas e até a sobrevivência de muitas escolas. O presidente da FENPROF, Mário Nogueira, vê, no entanto, uma luz ao fundo do túnel, pois os contactos realizados levam-no a acreditar na “sensibilidade da actual equipa ministerial para a solução do problema, também em termos de futuro”.

Globos de Ouro: nomeações para a 73ª edição

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As maiores estrelas de Hollywood preparam-se para o Ouro!

Foram hoje anunciadas no Beverly Hilton Hotel as nomeações para a 73ª edição dos Globos de Ouro, naquela que é uma antecâmara para os Óscares de Hollywood. As escolhas da imprensa estrageira sediada em Hollywood, foram reveladas pelas actrizes Angela Bassett, America Ferrera e Chloe Grace Moretz e ainda Dennis Quais. A cerimónia de premiação fica marcada para o próximo dia 10 de janeiro, com uma apresentação a cargo uma vez mais do comediante britânico Ricky Gervais, no que se espera venha a atingir o mesmo sucesso (e até a controvérsia!) depois das memoráveis edições de 2010 e 2011, sucedendo assim a Tina Fey e Amy Poehler.

 

No papel, Carol leva dianteira com cinco nomeações (Filme, Actrizes, Realizador e Banda Sonora Original), confirmando o favoritismo como um dos mais fortes candidatos às nomeações aos Óscares.

Façam as vossas apostas!

 

Aqui fica a lista completa dos nomeados para Cinema e TV:

 Cinema

 NOMEADOS

Melhor Filme – Drama

Carol

Mad Max: Fury Road

The Revenant

Room

Spotlight

 Melhor Actriz – Drama

Cate Blanchett, Carol

Brie Larson, Room

Rooney Mara, Carol

Saoirse Ronan, Brooklyn

Alicia Vikander, The Danish Girl

Melhor Actor – Drama

Bryan Cranston, Trumbo

Leonardo DiCaprio, The Revenant

Michael Fassbender, Steve Jobs

Eddie Redmayne, The Danish Girl

Will Smith, Concussion

Melhor Filme – Comédia ou Musical

The Big Short

Joy

The Martian

Spy

Trainwreck

Melhor Actriz – Comédia ou Musical

Jennifer Lawrence, Joy

Melissa McCarthy, Spy

Amy Schumer, Trainwreck

Maggie Smith, Lady in the Van

Lily Tomlin, Grandma

Melhor Actor – Comédia ou Musical

Christian Bale, The Big Short

Steve Carell, The Big Short

Matt Damon, The Martian

Al Pacino, Danny Collins

Mark Ruffalo, Infinitely Polar Bear

Melhor Filme de Animação

Anomalisa

The Good Dinosaur

Inside Out

The Peanuts Movie

Shaun The Sheep

Melhor Filme Estrangeiro

The Brand New Testament

The Club

The Fencer

Mustang

Son of Saul

Melhor Actriz Secundária

Jane Fonda, Youth

Jennifer Jason Leigh, The Hateful Eight

Helen Mirren, Trumbo

Alicia Vikander, Ex Machina

Kate Winslet, Steve Jobs

Melhor Actor Secundário

Paul Dano, Love & Mercy

Idris Elba, Beasts of No Nation

Mark Rylance, Bridge of Spies

Michael Shannon, 99 Homes

Sylvester Stallone, Creed

Melhor Realizador

Todd Haynes, Carol

Alejandro Iñárritu, The Revenant

Tom McCarthy, Spotlight

George Miller, Mad Max

Ridley Scott, The Martian

Melhor Argumento

Emma Donoghue, Room

Tom McCarthy, Josh Singer, Spotlight

Charles Randolph, Adam McKay, The Big Short

Aaron Sorkin, Steve Jobs

Quentin Tarantino, The Hateful Eight

Melhor Banda Sonora Original

Carter Burwell – Carol

Alexandre Desplat – The Danish Girl

Ennio Morricone – The Hateful Eight

Daniel Pemberton – Steve Jobs

Ryuichi Sakamoto & Alva Noto – The Revenant

Melhor Música Original

“Love Me Like You Do”, por 50 Shades of Grey

“One Kind of Love”, por Love and Mercy

“See You Again”, por Furious 7

“Simple Song No. 3”, por Youth

“Writing’s on the Wall”, por Spectre

TV

Melhor Série – Drama

Empire

Game of Thrones

Mr. Robot

Narcos

Outlander

Melhor Actriz – Drama

Caitriona Balfe, Outlander

Viola Davis, How To Get Away With Murder

Eva Green, Penny Dreadful

Taraji P. Henson, Empire

Robin Wright, House Of Cards

Melhor Actor – Drama

Jon Hamm, Mad Men

Rami Malek, Mr. Robot

Wagner Moura, Narcos

Bob Odenkirk, Better Call Saul

Liev Schreiber, Ray Donovan

Melhor Série – Comédia ou Musical

Casual

Mozart in the Jungle

Orange Is the New Black

Silicon Valley

Transparent

Veep

Melhor Actriz – Comédia ou Musical

Rachel Bloom, Crazy Ex Girlfriend

Jamie Lee Curtis, Scream Queens

Julia Louis Dreyfus, Veep

Gina Rodriguez, Jane the Virgin

Lilly Tomlin, Grace & Frankie

Melhor Actor – Comédia ou Musical

Aziz Ansari, Master Of None

Gael García Bernal, Mozart In The Jungle

Rob Lowe, The Grinder

Patrick Stewart, Blunt Talk

Jeffrey Tambor, Transparent

Melhor Minissérie ou Telefilme

American Crime

American Horror Story: Hotel

Fargo

Flesh and Bone

Wolf Hall

Melhor Actriz (Minissérie ou Telefilme)

Kirsten Dunst

Lady Gaga

Sarah Hay

Felicity Huffman

Queen Latifah

Melhor Actor (Minissérie ou Telefilme)

Idris Elba

Oscar Isaac

David Oyelowo

Mark Rylance

Patrick Wilson

Melhor Actriz Secundária (Minissérie ou Telefilme)

Uzo Aduba, Orange is the New Black

Joanne Froggatt, Downton Abbey

Regina King, American Crime

Judith Light, Transparent

Maura Tierney, The Affair

Melhor Actor Secundário (Minissérie ou Telefilme)

Alan Cumming, The Good Wife

Damian Lewis, Wolf Hall

Ben Mendelson, Bloodline

Tobias Menzies, Outlander

Christian Slater, Mr. Robot