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Sexta-feira, Junho 27, 2025
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Tarcísio e Feder aprofundam a destruição da educação pública de São Paulo

O secretário de Educação do estado de São Paulo Renato Feder e o governador Tarcísio de Freitas escancaram a vontade de acabar com a educação pública do estado. O secretário recusou os livros didáticos distribuído há décadas pelo governo federal e implanta plataformas digitais no lugar e pretende colocar slides de power point dirigidos para doutrinar os alunos e acabar com a liberdade de ensinar e aprender.

Inclusive o Ministério Público Estadual de São Paulo entrou com inquérito para a apurar a dispensa dos livros didáticos distribuídos para todas as escolas do país pelo Ministério da Educação. Muito importante descobrir as obscuras razões de Feder para recusar o Programa Nacional do Livro Didático em São Paulo.

Com o argumento e modernizar, essas plataformas do Feder representam um enorme retrocesso em vários aspectos. A começar pela falta de estrutura das escolas estaduais. E com isso, as professoras e professores têm que trabalhar com equipamento próprio, porque a Seduc não fornece computadores aos profissionais e menos ainda aos estudantes, a exemplo do que ocorreu durante a pandemia.

Muitas crianças serão prejudicadas no seu aprendizado por não terem acesso à internet e nem computadores em suas casas. O que já é muito grave. Além disso, as plataformas digitais são totalmente dirigidas ferindo amplamente a democracia no processo de ensino-aprendizagem. Com isso, impedindo as professoras e professores de ensinar e os estudantes de aprender, tornando-os mão de obra barata para o mercado de trabalho.

O empresário Feder tenta adequar a escola pública à política de metas e resultados empresariais. Por isso, a secretaria reforça a pressão e o monitoramento dos profissionais com uma sobrecarga desumana de trabalho o que pode aprofundar o quadro de adoecimento psicológico, emocional e físico dos profissionais na educação, como aconteceu em sua gestão no Paraná como revela pesquisa da APP-Sindicato dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola do Paraná e o Instituto Pesquisas de Opinião (IPO).

Sendo que 91,3%, disseram terem ficado sobrecarregados com as plataformas e a intensa cobrança  de metas extorsivas. Enquanto 74,3% reconheceram impactos negativos do modelo na sua saúde física e mental e 78,3% afirmaram saber de colegas que adoeceram em decorrência das dificuldades impostas pelas novas tecnologias.

Como se vê, o modelo que começa a ser implantado em São Paulo não beneficia ninguém, a não ser as empresas de plataformas digitais. Adoece ainda mais as professoras e professores, tira dos estudantes a oportunidade de aprender, controla o conteúdo aplicado, limitando o aprendizado a uma única forma de encarar a vida e impede o pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes.

Tanto que a reportagem “Material didático do governo de SP é raso e pouco confiável, dizem autores de livros didáticos”, de Laura Mattos na Folha de S.Paulo, nesta sexta-feira (4), aponta que a Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos (Abrale) analisou as plataformas digitais do governo paulista e confirmou a falta de qualidade dessas plataformas.

“O material traz atividades que não apresentam rigor conceitual e editorial, além de ignorarem exigências da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que determina as diretrizes da educação no país e aponta os aprendizados a serem desenvolvidos em cada nível escolar”, dizem os escritores.

Para piorar, aliado à utilização obsessiva das plataformas digitais, a vigilância descabida sobre o trabalho dos profissionais da educação e a pressão por metas e resultados extorsivos leva as professoras e professores ao desespero, além de castrar a possibilidade de um aprendizado que envolva todas as nuances da vida.

De acordo com a APP-Sindicato, “o uso obrigatório, intensivo e indistinto das plataformas educacionais sem a adequada discussão e reflexão tem levado professores(as), pedagogos(as) e o conjunto da comunidade escolar a um vazio pedagógico”.

Em vez disso, lutamos por instrumentos de apoio e mediação do ensino-aprendizagem, com a utilização das ferramentas digitais como apoio pedagógico e não o centro do processo. A gestão democrática com espaço para todos os envolvidos no processo educacional se colocarem com total liberdade e um ensino que abranja toda a diversidade humana continua a ser a nossa luta.

As professoras e professores da rede oficial de ensino do estado de São Paulo se insurgem contra mais a imposição de um sistema que desconhece toda a realidade do estado e exclui grande parcela de crianças e jovens do processo de ensino-aprendizagem como ocorreu no período pandêmico e até hoje não houve correção para suprir a demanda dos que ficaram sem aprender o que precisavam aprender.

Porque as plataformas digitais aprofundam o processo de pressão por metas incabíveis e seleciona ao bel prazer do secretário e do governador o que as crianças e jovens podem aprender, limitando-os ao pensamento único, ou melhor, pensamento nenhum.

Além disso, a maioria das escolas, principalmente nas periferias, é totalmente carente de estrutura básica para o ensino, imagine o acesso à internet com qualidade? Além de muitas salas de aulas terem a infraestrutura elétrica comprometida, superlotação de turmas e porte escolar inadequado agravam o problema.

Seguiremos lutando pela autonomia das professoras e professores, da equipe pedagógica e dos estudantes na produção do ensino-aprendizagem. Contra a mercantilização da educação pública. Porque educação pública é vital para a maioria da população e a tecnologia não pode ser um entrave ao bom andamento do processo de ensino-aprendizagem e sim um aporte que possibilite a dinamização do processo, sempre com a supervisão dos profissionais da educação, inclusive para o processe de aprendizagem não ser deturpado.

Tarcísio e Feder querem tomar o lugar de maior inimigo público da educação do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliás, o governador do estado faz de tudo para conquistar todas as pessoas que ainda não aprenderam que a democracia e o respeito aos direitos humanos constituem a melhor forma de governar.


Texto em português do Brasil

As principais controvérsias de Oppenheimer, na visão de Olival Freire Jr

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O físico e historiador da Ciência comenta o filme sobre o criador da bomba atômica e os argumentos presentes e ausentes na tela.

Cientista angolano nos EUA integra grupo de investigação em Timor-Leste

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Um investigador de Angola que está a desenvolver pesquisa nos EUA e em Portugal para estudar o perfil genético do Plasmodium falciparum aceitou um convite para integrar um grupo de investigação da Universidade de Díli.

O grupo de investigação da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Díli (UNDIL) envolvido no projecto desenvolve pesquisa na área de concentração de saúde pública, e será coordenado, conjuntamente, por Dulce Ximenes Reis (UNDIL) e por Wilson Tavares, o investigador de Angola que realiza pesquisa, uma parte nos EUA (The University of Maryland, Baltimore) e outra em Portugal (Universidade Nova de Lisboa).

A pesquisa, conforme explicou o pró-reitor da área de pós-graduação, investigação e cooperação com a CPLP, irá desenvolver-se na perspectiva multicêntrica,

com o aproveitamento de sinergias entre o investigador de Angola, com fortes capacidades teóricas e de investigação experimental, e as investigadoras de Timor-Leste, boas conhecedoras da realidade timorense em matéria de saúde pública”.

(Pró-Reitor da UNDIL)

Saneamento ambiental e a doença do dengue em Díli

O projecto está inserido na linha de pesquisa “Boas práticas na assistência à saúde comunitária” e denomina-se “Estudo sobre a relação entre o saneamento ambiental e a doença provocada pela dengue no Município de Díli”.

A decana da Faculdade de Ciências da Saúde, Joaninha Carvalho de Jesus, explicou que o objectivo geral é analisar a relação entre o saneamento ambiental, nomeadamente condições ambientais domésticas, depósitos de lixo e abastecimento de água potável, e o surto de dengue observado no Município de Díli.

Investigadoras da Faculdade de Ciências da Saúde da UNDIL

UNDIL e Hospital Nacional Guido Valadares assinam acordo de cooperação

A Faculdade de Ciências da Saúde informou que a Universidade de Díli estabeleceu um Acordo de Cooperação, no passado dia 13 de Junho de 2023, com o Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV), o maior hospital público de Timor-Leste.

O Hospital Nacional Guido Valadares, segundo o Diploma Ministerial Nº 75/2021 de 27 de Outubro, no seu Regulamento Interno, adiantou a fonte, criou um Gabinete de Formação, Cooperação e Pesquisa, onde está previsto a pesquisa e a cooperação.

O Acordo de Cooperação foi assinado por Alito Soares, Director Executivo do HNGV, e por José Agostinho Pereira, Reitor da UNDIL.

O Reitor da UNDIL explicou ao Jornal Tornado que foram estabelecidos vários objectivos e um deles é,

Facilitar a actividade de pesquisa e o intercâmbio entre as partes

(Reitor da UNDIL)

Portanto, segundo informou a investigadora Dulce Ximenes Reis, o processo de selecção de amostras será concretizado em parceria com o Hospital Nacional Guido Valadares, com quem a UNDIL celebrou o Acordo de Cooperação.

Wilson Tavares investiga em Lisboa e em Baltimore (EUA)

O Jornal Tornado apurou que Wilson Tavares desenvolve com outros investigadores uma pesquisa na Unidade de Parasitologia Médica do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com a Universidade de Maryland, Baltimore (Estados Unidos), portanto, com um percurso académico e científico muito promissor.

O jovem cientista angolano que está agora nos EUA e recebeu este ano uma honrosa bolsa de viagem para a conferência anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene, começou por fazer o bacharelato em Ciências Médicas na especialização em Hematologia na Universidade de Coventry (Inglaterra), depois um mestrado em Ciências Biomédicas com ênfase em Neurociências, obtido na Universidade de Keele, também em Inglaterra, e por último o doutoramento, onde desenvolve pesquisa com o projecto de investigação que visa determinar o perfil genético do Plasmodium falciparum, o parasita causador da malária, com alta mortalidade em África e em países de outros continentes.

Wilson Tavares explicou que a linha de pesquisa com o título “Epidemia genómica”, originou o projecto de pesquisa “Estrutura populacional de Plasmodium falciparum em Angola, utiliza dados de sequenciação genómica de isolados de campo e tem como objectivos investigar a demografia de P. falciparum em Angola, estimular a diferenciação genética entre a população de parasitas em Angola e as populações em países vizinhos e determinar o impacto de intervenções de saúde pública em Angola na diversidade genética de P. falciparum.


por Luís dos Santos, Angola

Investir na atenção primária e na educação para prevenir doenças

Uma reportagem da BBC News sobre o custo dos tratamentos de câncer para o Sistema Único de Saúde (SUS) por causa do diagnóstico tardio chamou a atenção das dirigentes da área da saúde da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) para a necessidade de falar sobre a atenção primária à saúde e medicina preventiva.

Com o título Quanto o SUS gasta a mais por detecção tardia de câncer, a reportagem de André Biernath mostra que o SUS “gastou mais de R$ 3,8 bilhões no tratamento do câncer em 2022 — e, segundo pesquisadores, parte significativa desse dinheiro poderia ser economizada se os tumores tivessem sido diagnosticados em fases precoces, quando o tratamento é mais efetivo e mais barato”.

Para Elgiane Lago, secretária da Saúde e Meio Ambiente do Trabalho da CTB, “é preciso investir na prevenção da doença e principalmente na promoção da saúde em relação ao câncer” porque “o câncer está ligado à nossa alimentação e nossos espaços ambientais”, argumenta.

A secretária adjunta da Saúde da CTB, Débora Melecchi complementa ao falar sobre o necessário “fortalecimento da atenção básica, ou seja, prevenção, mas a necessidade de mais médicos e demais profissionais especialistas em oncologia”.

Elas explicam a importância de incentivar o consumo de alimentos saudáveis em vez de ultraprocessados e o necessário combate ao uso de agrotóxicos e conservantes nos alimentos. “Felizmente o presidente Lula voltou com as políticas públicas de alimentação saudável nas escolas com produtos da agricultura familiar”, diz Elgiane

Também são importantes os cuidados com alimentação e atividade física para a prevenção de doenças e o Ministério da Saúde volta a investir com mais vigor na Secretaria de Atenção Primária como forma de tornar a vida das pessoas mais saudável.

Para Nésio Fernandes, secretário de Atenção Primária à Saúde do ministério da Saúde, “estamos caminhando para alcançar padrões de países desenvolvidos em termos de proporção por equipe de saúde da família e população. Cada vez mais teremos municípios com uma equipe a cada 2 mil ou 2,5 mil habitantes. Na saúde bucal já estamos vivendo a maior expansão da história do SUS”.

Débora ressalta a importância de programas como o Mais Médicos para melhorar o atendimento do SUS porque “a APS é a porta de entrada no SUS. Sua estrutura vem para promoção à saúde com prevenção às doenças e consequente melhoria na qualidade de vida”.

Além disso, “a saúde não pode seguir centrada nos médicos, mas sim no conjunto das 14 profissões da aérea” para  “cada profissional complementar no atendimento às necessidades das pessoas”, reforça.

Já Elgiane destaca a importância do programa Médico da Família como forma de “trabalhar a prevenção e apontar as práticas integrativas e complementares no SUS para o atendimento ser integral”.

Isso “agiliza os atendimentos nas unidades básicas de saúde e unidades de pronto atendimento” porque “a equipe da família com profissionais nas casas das pessoas acaba criando vínculo” e “com o conhecimento das rotinas de cada família pode contribuir mais rapidamente com prevenção das doenças”, analisa Débora.

Trabalhar integrado com outros ministérios e aumentar  o número de aparelhos de atividade física nos parques e praças e cozinhas solidárias são formas de trabalhar a medicina preventiva, argumenta Débora. E também “investir na educação popular em saúde e nas práticas integrativas e Complementares no SUS, buscando novas terapias”, acentua Elgiane.

Também é fundamental lutar pela redução da jornada de trabalho para as pessoas terem mais tempo para si mesmos e para as suas famílias. “Tempo para diversão, informação, cultura, esporte e até mais tempo para cozinhar e se alimentar com tranquilidade”, finaliza.


Texto em português do Brasil

Lucros dos bancos à custa dos depositantes

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Como os bancos estão a obter enormes lucros à custa dos depositantes e clientes como Mário Centeno defendeu. A CGD com Paulo Macedo é o pior banco na exploração de depositantes e clientes em Portugal.

UNDIL adere à RACS – Rede Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia

A Universidade de Díli (UNDIL) tornou-se membro associado da RACS. Com mais esta adesão, a UNDIL é a instituição de Ensino Superior de Timor-Leste mais empenhada em aderir a redes de ensino superior da CPLP.

A primeira adesão da Universidade de Díli a uma rede de Instituições de Ensino Superior (IES) concretizou-se com a  sua entrada na FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, onde continua, fazendo-se representar nos Órgãos sociais e na Academia FORGES.

Em Abril do corrente ano, a Universidade de Díli (UNDIL) optou por estender a sua rede e associar-se também à RACS – Rede Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia, com o objectivo de fortalecer a Faculdade de Ciências da Saúde, sendo até ao momento a única universidade timorense membro da RACS.

Esta prestigiada universidade timorense estabeleceu no seu plano estratégico desenvolver a Faculdade de Ciências da Saúde com a criação de grupos de investigação, cursos de pós-graduação na área da saúde e com a promoção da mobilidade de docentes, investigadores e estudantes no espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

No passado dia 24 de Abril de 2023, a Direcção da RACS aprovou a adesão da UNDIL na Rede Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia – RACS.

A RACS, com apenas 7 anos de existência, está em grande expansão, registando mais de 50 membros efectivos e entidades parceiras, tudo da área de Ciências da Saúde, englobando mais de 90 mil estudantes e 4.500 professores e investigadores.

A Rede Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia – RACS foi criada a 1 de Setembro de 2016, com a missão de «promover a formação e a cooperação científica na área das ciências da saúde, entre instituições de ensino superior e centros de investigação de países e comunidades de língua portuguesa».

Projectos actuais da RACS

Presentemente a RACS está envolvida em vários projectos muito importantes, nomeadamente:

  • Reuniões Internacionais;
  • RevSALUS – Revista Científica Internacional da RACS;
  • Programa de Mobilidade Académica – MOTUS;
  • Núcleos Académicos Internacionais;
  • Observatório do Ensino Superior da Saúde em Territórios de Língua Portuguesa;
  • Rede de Bibliotecas da Saúde no espaço internacional lusófono;
  • Boletim da RACS.

Segundo informações da RACS, a RevSALUS – Revista Científica Internacional da Rede Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia – RACS,

“é uma revista em língua portuguesa, de Acesso Aberto (Open Access), com a finalidade de promover a divulgação da produção científica, fortalecendo a cooperação internacional no contexto da investigação, ensino, desenvolvimento e inovação, em todas as áreas da saúde ou a elas aplicadas.

Os artigos a publicar estão sujeitos a um sistema de revisão por pares (Double blind peer-review), de submissão e publicação gratuitas. Após a aceitação do artigo, cabe aos autores assegurar a tradução do mesmo para inglês.

A revista tem publicação contínua, desde 2022, com um volume de três números por ano (quadrimestral). A abertura dos números regulares acontece em fevereiro, junho e outubro do respetivo ano. A revista pode editar, extraordinariamente, números especiais a definir pelo Conselho Editorial”.

(Fonte: RACS)

De acordo com a mesma fonte, o Editor Chefe da RevSALUS – Revista Científica Internacional da RACS, Prof. Doutor Ricardo Jorge Dinis-Oliveira, está entre os investigadores incluídos na World’s Top 2% Scientists list, na última atualização ao ranking dos cientistas mais citados a nível mundial (2021).

A lista resulta do estudo coordenado por John P.A. Ioannidis, da Universidade de Stanford, Califórnia: August 2021 data-update for “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators”, que classifica o impacto científico ao longo da carreira de investigadores de todo o mundo, com o apoio da Scopus.

O homem do charuto

“ Foi há quase 30 anos. Não posso deixar que volte a acontecer”.

Winston Churchill

Em 1944 os aliados tinham de libertar a França do Nazismo e da invasão Nazi para ganhar a guerra e reorganizar uma nova ordem internacional assente na liberdade dos povos; a sua integridade territorial; e, a democracia como modelo politico de alternância ditada pelo cidadão eleitor.

O homem do charuto teve um desempenho inigualável numa das mais ferozes guerras onde Hitler foi líder e ele opositor com o sucesso reconhecido pela História Universal mas também pelos atuais estádios civilizacionais que a Humanidade já atingiu.

Mas, depois desse desempenho, disputou eleições no seu Pais em 1945 e perdeu.

Tornando-se assim num vencedor perdedor sem que se consiga extrair substância razoável da vontade popular que decidiu reduzir um herói nacional a nada!

Serviu para suster e liderar a libertação da Europa a partir de Londres mas não o quiseram continuar a ter como primeiro ministro de Inglaterra.

O homem do charuto, reconhecido e valorizado internacionalmente não o foi no seu próprio País que defendeu até ao limite para que não fosse devastado com as consequências conhecidas daquilo que é a destruição maciça hoje recordada pelo inferno que Putin implantou na Ucrânia.

A ingratidão é uma faceta das democracias cuja bandeira as oposições, avidas pelo poder, dirimem em defesa de interesses não confessos e assim manipulam as populações para que votem contra os seus próprios interesses de cidadãos para uma vida estável e, de melhor qualidade que a tida até então, fruto de circunstancia que a razão desconhece.
O homem do charuto ficou para a Historia Universal como um herói e um homem de princípios e convicções centradas na liberdade e na democracia.

No fumo extravasou os sonhos e, no paladar a defesa intransigente da defesa da Europa e do mundo de um medíocre que não olhou a meios para matar milhões de Judeus e quem tivesse a veleidade de se lhe opor. Os seus generais delapidaram a riqueza histórica e patrimonial dos Países que invadiram. Mataram milhões de pessoas em campos de concentração mas também nas incursões militares de invasão e, não satisfeitos, pretendiam construir um mundo diferente em que todos os Homens fossem espadaúdos, loiros, de olhos azuis. A raça Ariana. Sobra a duvida, uma vez que pessoalmente nenhum deles reunia esse perfil, sobre o que fariam deles próprios.

Uma questão sobre que nunca saberemos a resposta uma vez que foram derrotados e os seus ideais ultrapassado por civilização diferente.

“A coisa mais importante numa guerra, se pensarmos bem, é que as pessoas se sintam verdadeiramente unidas, inspiradas e esperançosas”, segundo Winston Churchill em conversa com a esposa, foi o pilar central para a sua convicção de que a segunda grande guerra mundial teria um desfecho em que a razão se sobreporia à irracionalidade como veio a acontecer.

Aconteceu em 1945 mas, corre sérios riscos desde a ocupação da Península da Crimeia inicio de uma invasão com intenção de ocupação de toda a Ucrânia em pleno século XXI.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

Reciclar as ideias

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Entre avanços e recuos, hesitações e impulsos, Bruxelas lá vai continuando na senda da economia verde e a promover a economia circular, como se pode confirmar nesta nota difundida pela própria Comissão Europeia:

«Economia circular: melhor concepção e gestão do fim de vida dos automóveis para uma utilização mais eficiente dos recursos

A Comissão propõe hoje medidas para reforçar a circularidade do sector automóvel, abrangendo a concepção, a produção e o tratamento em fim de vida dos veículos. Esta iniciativa melhorará o acesso aos recursos da economia da UE, contribuirá para os objectivos ambientais e climáticos da UE, reforçando simultaneamente o mercado único e contribuindo para enfrentar os desafios associados à transformação em curso da indústria automóvel. As ações propostas deverão gerar receitas líquidas no valor de 1,8 mil milhões de euros até 2035, com a criação de mais postos de trabalho e o aumento dos fluxos de receitas para a indústria da gestão de resíduos e da reciclagem. Além disso, contribuirão para melhorar a segurança rodoviária nos países terceiros, impedindo a exportação de veículos não aptos a circular e reduzindo a poluição nociva e os riscos para a saúde nos países que importam veículos usados da UE. O regulamento proposto, que substitui as actuais directivas relativas aos veículos em fim de vida e à reutilização, reciclagem e valorização, deverá ter benefícios ambientais substanciais, incluindo uma redução anual de 12,3 milhões de toneladas de emissões de CO2 até 2035, uma melhor valorização de 5,4 milhões de toneladas de materiais e uma maior recuperação de matérias-primas essenciais. A aplicação do regulamento conduzirá a poupanças de energia a longo prazo na fase de fabrico, a uma menor dependência das matérias-primas importadas e à promoção de modelos empresariais sustentáveis e circulares.»

que, abundante em promessas de grandes benefícios ambientais, graças aos milhões de toneladas de CO2 poupados, e em grandes receitas para a indústria da reciclagem (mais de mil milhões de euros durante a próxima década), deixa por responder a questão fundamental da ausência de tecnologia adequada para o efeito e não apresenta qualquer ideia significativamente nova.

Sabendo-se que cerca de 6 milhões de veículos são retirados anualmente de circulação nas estradas da UE e pouco ou nenhum dos seus materiais são reciclados, percebe-se a ideia de reduzir o desperdício de matérias-primas – especialmente quando, graças às sanções económicas ditadas pela guerra na Ucrânia, a UE agravou a sua dependência em matérias-primas cruciais para a indústria automóvel – numa opção de política industrial mais amiga do ambiente, mas altamente dependente da cooperação (leia-se, interesse) de todo o sector automóvel europeu.

Com maior ou menor justificação, também surgiram rapidamente as habituais críticas a este tipo de proposta, com a ACEA (associação de construtores do sector automóvel) a criticar o excesso de ambição de Bruxelas, enquanto as associações ambientalistas as classificam como insuficientes.

Mas é esta intenção ou necessidade de cooperação de todo um sector de actividade, que me leva a recuperar uma ideia a que já aludi aqui e a repetir a pergunta: porque não se incentiva a reconversão de veículos com motores de combustão interna em veículos 100% eléctricos, mediante a pura e simples substituição das respectivas motorizações?

A mera simplificação de regras administrativas que facilitassem esta solução significaria uma opção ainda melhor no capítulo da reciclagem (reduzida à mais simples reciclagem dos motores versus a mais complexa e ainda quase impossível reciclagem de uma miríade de componentes e compostos), prolongaria a vida útil de milhões de viaturas e criaria uma nova vertente de trabalho para o sector da reparação e manutenção automóvel. É claro que ela contraria frontalmente a actual estratégia de desperdício, própria do moderno modelo consumista, praticada pela indústria automóvel e que consiste na realização de constantes actualizações aos modelos em produção com o mero objectivo de fomentar o efeito moda numa área de negócio onde o principal foco deveria ser a qualidade e a durabilidade de um produto inegavelmente caro para a bolsa da maioria dos consumidores.

O que a maioria destes necessita são viaturas fiáveis e de utilização simples, mas a indústria insiste em impingir-lhes gadgets como câmaras de visão a 360º ou a condução autónoma que apenas servem para justificar os injustificáveis níveis de preços de venda praticados e as suas elevadas margens de lucro. Situação que se manterá enquanto perdurarem os governos que servem os interesses dos grandes investidores em prejuízo do dos cidadãos.

Anuário da Contag aponta o que é necessário para a vida melhorar no campo

O Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2023 – a segunda edição desta importante publicação –, da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), mostra o potencial desse modo de produção no campo para se ter comida de verdade em todos os lares sem agredir o meio ambiente.

“A agricultura familiar brasileira, formada por mulheres, homens e pessoas LGBTQIAP+ no campo, floresta e águas, de todas as raças e idades, como assentados(as), reassentados(as), pescadores artesanais, quilombolas, indígenas, silvicultores(as), aquicultores(as) e extrativistas, a partir de diversas identidades e modos de vida e produção, ocupa 23% das áreas e 3,9 milhões de estabelecimentos e é responsável por 23% do valor bruto da produção agropecuária, 67% das ocupações no campo”, afirma texto de apresentação do Anuário, além de ser responsável pela produção de ao menos 70% dos alimentos consumidos no país.

Não à toa, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) declarou em 2019 a Década da Agricultura Familiar porque a concentração de terras em poucas mãos tem trazido enormes prejuízos ao planeta e, por consequência, à humanidade. A fome cresce porque o agronegócio visa somente ao lucro; e lucro a qualquer preço.

Para compreender melhor o Anuário deste ano, entrevistamos Vânia Marques Pinto, secretária de Política Agrícola da Contag, de Política Agrícola e Agrária da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Vânia também é agricultora familiar, educadora popular da Enfoc, formada em Pedagogia da Terra e mestra em Educação do Campo. Para ela, o Anuário é “bastante completo e complexo também”, por causa da “base de informações pesquisadas e aprofundadas”, o que “possibilita uma leitura da realidade complexa do campo brasileiro e a partir desse entendimento podemos sugerir a construção de políticas públicas voltadas para o que conseguimos identificar como necessidade e anseio de quem vive do trabalho no campo”.

O Anuário mostra também que a agricultura familiar ocupa 23% das áreas e 3,9 milhões de estabelecimentos rurais, sendo responsável por 23% do valor bruto da produção agropecuária e por 67% das ocupações no campo. Isso porque “estamos em oitavo lugar na produção de alimentos no mundo e com melhores condições de trabalho e incentivos governamentais podemos melhor e ampliar a nossa produção, quem sabe até para a exportação”, argumenta Vânia.

Vânia Marques Pinto, secretária de Política Agrícola da Contag, de Política Agrícola e Agrária da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

Leia a entrevista na íntegra

Como o Anuário da Contag pode ajudar nas reivindicações sindicais para a melhoria da vida no campo?

Vânia Marques Pinto: O nosso Anuário mostra que nós agriculturas e agricultores familiares estamos em oitavo lugar na produção de alimentos no mundo e com melhores condições de trabalho e incentivos governamentais podemos melhor e ampliar a nossa produção, quem sabe até para a exportação.

Isso diz respeito à ocupação de 23% das terras e ainda conseguimos assegurar 68% do trabalho no campo diretamente com a agricultura familiar. Os dados mostram que temos um potencial de aumentar a nossa produção de alimentos saudáveis de modo sustentável e dessa forma ajudar a acabar com a fome no Brasil. É inconcebível que um país com tantas terras agricultáveis tenha gente passando fome.

 

O que falta para que isso ocorra?

Temos uma deficiência muito grande em políticas públicas, principalmente das políticas de incentivo à produção. Um terço das famílias de agricultoras e agricultores familiares não consegue acesso ao crédito. E, desse número, 82% não recebem nenhum tipo de assistência técnica que garanta melhoria e um melhor escoamento da produção.

 

O que pode ser feito?

Precisamos de mais investimentos com recursos financeiros e um conjunto de políticas públicas para garantir a qualificação dessa produção com a utilização das tecnologias, para que a agricultura familiar possa garantir uma produção de acordo com a perspectiva da agricultura familiar com a produção de alimentos saudáveis com equipamentos e tecnologias adaptadas à realidade da nossa produção, do nosso trabalho.

Para isso, precisamos de uma estruturação produtiva e, para que essa estruturação seja efetiva, necessitamos de assistência técnica, extensão rural, seguro agrícola, pagamento de um preço mínimo e acesso aos mercados. Enfim, é necessário um conjunto de políticas públicas para que a agricultura familiar possa produzir mais e melhor, e assim assegurar comida de verdade na mesa das brasileiras e brasileiros.

 

Ajuda na atuação sindical também?

Com certeza. O Anuário serve tanto para as agricultoras e agricultores familiares, para os sindicatos, para o sistema Contag, quanto para a academia, para estudiosos que querem ter um olhar sobre o campo brasileiro e suas perspectivas. Os sindicatos têm uma ferramenta fundamental para aprimorar a sua atuação com um conhecimento mais aprofundado dos seus representados.

 

O Anuário vislumbra um caminho possível para o campo brasileiro?

Esse é o segundo ano que a Contag faz o Anuário da agricultura familiar. O lançamento sempre ocorre na Semana da Agricultura Familiar, que vai de 24 a 30 de julho. Apresenta ao conjunto da sociedade informações importantes sobre a realidade do campo brasileiro.

Questões que vão desde os dados gerais da população rural (hoje quase 14% no país), passando pelas propriedades, pelas produtoras e produtores de alimentos e os seus estabelecimentos, os públicos que vivem no campo, como as mulheres, as pessoas idosas, população LGBTQIAP+, a questão da educação do campo e suas especificidades, da previdência rural, das políticas agrícolas, da estrutura do trabalho sindical.

É um Anuário bastante completo e complexo também pela base de informações pesquisadas e aprofundadas que sistematizamos e isso possibilita uma leitura da realidade complexa do campo brasileiro e a partir desse entendimento podemos sugerir a construção de políticas públicas voltadas para o que conseguimos identificar como necessidade e anseio de quem vive do trabalho no campo.

 

Dentro dessa perspectiva, o que deve ser feito para manter as trabalhadoras e os trabalhadores no campo?

 Primeiro é necessário compreender qual é a visão de campo que nós da Contag temos. Para nós o campo é lugar de vida, de produção, de reprodução da vida. Dentro dessa visão, para as trabalhadoras e os trabalhadores rurais, agricultoras e agricultores familiares é essencial termos asseguradas condições de vida digna que garantam a permanência no campo.

Isso significa dizer que precisamos ter acesso a várias políticas públicas que garantam desde o bem-estar social até políticas para a produção, como por exemplo, saúde, educação, habitação, esporte, cultura, lazer e aí as políticas de produção, crédito, fomento, assistência técnica, extensão rural, política de preço mínimo e todas as políticas que dão condição para que a agricultora e agricultor familiar consiga produzir, organizar, comercializar a sua produção e viver dessa renda.

É preciso conseguir um conjunto de políticas públicas de cunho social e de ordem produtiva para garantir o bem-estar dessas famílias no campo.

Acompanhe o estudo completo: Anuário Estatístico da Agricultura Familiar – 2023 / Ano 2

 

Isso garante também a permanência da juventude no meio rural?

Para garantir a permanência da juventude no campo, além dessas políticas públicas, é fundamental assegurar a acesso à terra, para a juventude adquirir essa terra e assim produzir seus alimentos, além de ter condições de comercializar seus produtos.

Para isso, a juventude necessita de formação adequada, formação escolar dentro dos princípios e concepções da educação do campo, acesso ao crédito, ao seguro, à assistência técnica porque isso assegurará à juventude ter uma renda com o seu trabalho.

 

Como isso pode ocorrer?

A agroindústria familiar é uma ótima opção para a juventude se beneficiar dos seus produtos junto com sua família e assim possa comercializar essa produção e garantir seu sustento, garantindo um estímulo para continuar na propriedade. Isso tudo associado ao acesso à cultura, esporte, lazer, internet,

O Plano Safra 2023-2024 apresenta melhoras dentro da linha Pronaf Jovem, mas é necessário também criar condições para a juventude acessar a linha de crédito e apoio logístico e financeiro assegurando a sua permanência no campo.

 

A reforma agrária pode ajudar nessa permanência?

A reforma agrária é uma luta constante para a promoção do acesso à terra de todas as trabalhadoras e trabalhadores rurais. Com a juventude não é diferente, pois é preciso garantir o acesso à terra com assistência técnica e de todas as formas que possibilitem uma produção de qualidade, sustentável e que respeite o trabalho.

 

O Anuário mostrou também uma maioria de mulheres e negros no campo, o que é necessário para assegurar o trabalho dessa população sem discriminações e sem medo?

 Para nós mulheres, para nós negras e negros, o campo também é esse lugar de vida, onde constituímos um grande percentual de contingente populacional.Precisamos de políticas públicas específicas para as mulheres, políticas de reparação histórica para a população negra, garantindo acesso às políticas públicas essenciais para uma vida digna no campo.

Porque o racismo estrutural de nossa sociedade impede que as negras e negros tenham as mesmas condições de todas as trabalhadoras e trabalhadores. E a nossa luta é que todas, todos tenham as mesmas condições de vida digna.

Precisamos ter um olhar voltado para as especificidades e que consigamos acessar todas essas políticas. E isso vai desde a questão da violência de gênero, do racismo até o trabalho de empoderamento através da autonomia financeira.

São várias questões que devem ser implementadas no campo para assegurarmos uma vida melhor a todas as pessoas que vivem do trabalho no campo.


Texto em português do Brasil

Relatório do Cimi é prova do balanço funesto do desgoverno Bolsonaro

Divulgado nesta semana o relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – dados de 2022, publicação anual do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), prova como muitos outros estudos, o caráter funesto dos quatro anos do desgoverno de Jair Bolsonaro, período em que o Brasil andou para trás em todos os setores da vida.

O relatório do Cimi estuda a violência contra os povos originários no Brasil. Os dados mostram que o descaso do governo e a cooptação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) por setores religiosos fundamentalistas e militares causou degradação na vida desses povos, largados à própria sorte em meio aos conflitos com latifundiários sequiosos de terra e sangue.

O estudo aponta para 158 casos registrados nas categorias conflitos por direitos territoriais, somente em 2022, com 309 invasões possessórias, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio, atingindo pelo menos 218 terras indígenas em 25 estados.

O aumento dos conflitos pelas terras indígenas, muitas delas ainda sem demarcação, casou um grande número de crimes contra esses povos. Em 2022, foram registrados 416 casos de violência contra pessoas indígenas. Ainda, de acordo com o relatório, de 2019 a 2022, a média de violência contra a pessoa foi de 373,8 casos por ano, enquanto nos quatro anos anteriores, a média foi de 242,5 casos anuais.

Felizmente inicia-se um novo ciclo com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro deste ano e a criação do Ministério dos Povos Indígenas já vislumbra um novo caminho a ser trilhado em relação ao respeito à cultura e à vida dos povos originários, como em todos os setores.

Mas o trabalho é enorme porque “a maioria das 1.391 terras e demandas territoriais indígenas existentes no Brasil (62%) possui alguma pendência administrativa para sua regularização”, aponta o relatório. “Dentre as 867 terras indígenas com pendências, pelo menos 588 não tiveram nenhuma providência do Estado para sua demarcação e ainda aguardam a constituição de Grupos Técnicos pela Funai, responsável por proceder com a identificação e delimitação destas áreas”.

Como se já não bastasse, através da Lei de Acesso à Informação (LAI), o Cimi conseguiu da Secretaria de Saúde Indígena a triste informação da morte de 835 crianças de 0 a 4 anos, em 2022, pela total ausência do Estado nos cuidados à saúde dos povos originários. De 2019 a 2022, morreram 3.552 crianças nessa faixa etária.

O relatório do Cimi é mais uma prova do balanço funesto do desgoverno Bolsonaro e dos dois anos do seu antecessor, Michel Temer. Agora é trabalhar para o Brasil nunca mais ser governado por gente sem nenhuma condição de exercer cargos públicos, muito menos a Presidência da República.

A violência dos grileiros – com a cumplicidade da polícia, de políticos e de parte do Judiciário – nunca foi punida. Eles alegam que o MST é “violento” mas você não vê uma matéria contando quantos indígenas, posseiros e militantes da luta pela terra foram assassinados e perguntando: quantos grileiros, agronegociantes e seus jagunços foram mortos? A violência é só de lá pra cá. Eles matam… indígenas, posseiros e sem-terra são mortos, não matam.

O que se quer é um Brasil sem golpes, sem fake news, com respeito aos direitos humanos, sociais e individuais, onde todas as pessoas possam viver em liberdade e tenham os seus direitos e a sua vida garantida pelo Estado e pela sociedade.

Quem não respeita as crianças, os adolescentes, os idosos, as mulheres, as negras e negros, os povos indígenas e a classe trabalhadora, não assegura um futuro que valha a pena. Porque respeitar os povos indígenas é respeitar a humanidade.

Veja o relatório completo


Texto em português do Brasil

Manifestação nacional pelo fim do cruel abate de jumentos no Brasil

Especialistas e ativistas pelo direito animal realizam uma grande manifestação nacional no domingo (30) pelo fim do cruel abate de jumentos no país. De acordo com os ativistas, milhares animais são mortos todos os anos para serem exportados à China.

Os chineses utilizam uma substância da pele dos jumentos para fabricar o eijao, que de acordo com especialistas não tem comprovação científica de que funcione para ao qual é destinado. Como diz Patricia Tatemoto, bióloga e representante da The Donkey Sanctuary na América Latina, “as evidências científicas não são robustas sobre a eficácia deste produto. Para que se tenha uma ideia, no mundo todo seriam necessárias 4.8 milhões de peles de jumentos por ano para abastecer esta demanda. Então é impraticável. Nós não temos esta quantidade de animais no mundo. E a produção regulamentada em fazendas é custo proibitiva, por isso a atividade ocorre de modo extrativista”.

Ou seja, argumentam os ativistas, os jumentos são capturados e mal tratados, ficando até sem alimentação e água porque para a fabricação do eijao não há exigência no que diz respeito ao bem-estar dos animais.

Estudiosos afirmam que o eijao é utilizado pela medicina tradicional chinesa há muito tempo, sem nenhuma comprovação de eficácia e os animais são sacrificados de maneira cruel apenas para o lucro questionável de alguns frigoríficos no Brasil. Fora o custo para a reputação do agronegócio brasileiro, uma vez que a atividade gera indefensável risco à saúde pública.

O eijao é utilizado para tratar diversos problemas de saúde, como menstruação irregular, anemia, insônia e até impotência sexual. Como se vê parece esses remédios milagrosos que curam tudo, mas na verdade não curam absolutamente nada. E os jumentos estão morrendo desnutridos com um tiro na cabeça (método de insensibilização utilizado nos abatedouros), seguido de exanguinação.

Outro argumento utilizado pelos ativistas é de que muitas famílias, principalmente no Nordeste, estão ficando sem o seus jumentos para serem utilizados no trabalho de sustento dessas famílias. Além do perigo de extinção da espécie. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011, existiam 974.688 animais no Brasil, a maioria no Nordeste. Esse número caiu para 376.874, em 2017. E de lá para cá, em média 6 mil animais foram abatidos por mês em abatedouros inspecionados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária.

Acompanhe abaixo a programação da manifestação em todo o país e contribua com essa luta contra o abate de jumentos. O Brasil precisa seguir outros países e proibir essa prática cruel.

 

5ª MANIFESTACÃO NACIONAL PELO FIM DO ABATE DE JUMENTOS – 30/07/12

📍FLORIANÓPOLIS/SC
Praça Hercílio Luz – Centro (acesso pela Alameda Adolfo Konder, próximo ao Parque da Luz e ao acesso à Ponte Hercílio Luz), às 14h
@dxeflorianopolis

📍MACEIÓ/AL
Corredor Vera Arruda, das 9h às 12h
@pierre_escodro

📍RECIFE/PE
Centro Cultural Cais do Sertão – Armazen 10, Av. Alfredo Lisboa, s/n, às 15h
@febemape

📍NATAL/RN
Parque das Dunas – Bosque dos Namorados
Av.  Alm. Alexandrino de Alencar, s/n – Tirol, às 15h
@valeriacalvalcante.oficial

📍SÃO PAULO/SP
Av. Paulista (em frente ao MASP) às 14h
@patricia.aguiar.9634

📍RIO DE JANEIRO/RJ
Orla de Copacabana (em frente ao Copacabana Palace) às 14h
@direitoanimal.educ

📍SALVADOR/BA
Farol da Barra, às 9:30h
@gislanebrandao.oficial

📍ARACAJU/SE
Parque da Sementeira, às 16h
@ideiavegana_oficial

📍SÃO LUÍS/MA
Av. Litorânea (em frente a Barraca do Henrique) às 15h
@ong_patas_em_acao

📍FORTALEZA/CE
Av. Beira Mar (em frente ao mercado de peixes), às 16h
@apa_fortaleza

📍PORTO ALEGRE/RS
Parque Farroupilha – Redenção (em frente ao expedicionário), às 10h
@principioanimal

📍RIO GRANDE/RS
Balneário Cassino na Av. Rio Grande (junto ao multipalco), às 14h
@xeniajfv

📍CURITIBA/PR
Praça Santos Andrade, centro, às 15h
@bomparacachorrogato

📍BELO HORIZONTE/MG
Av Afonso Pena, 1055, Centro – Feira Hippie (concentração em frente ao antigo Mercado das Flores), às 10h
@movimentomineirommda

📍BRASILIA/DF
Eixão, altura da 208 – Norte, às 12h
@yassvaz


Texto em português do Brasil

Em São Paulo, a volta às aulas ocorre com os problemas de sempre

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Todos os anos a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo festeja a volta às aulas, seja no início ou no meio do ano. Neste ano não é diferente. Pois nesta terça-feira (25), os 3,5 milhões de alunos e alunas do ensino oficial retornam às aulas nas 5,3 mil escolas do estado.

Porém, a Seduc nunca fala sobre os graves e persistentes problemas no ensino básico no estado mais rico da nação. O tempo passa e as salas de aula cada vez mais lotadas, os profissionais da educação cada vez mais cansados de tanta promessa sem nenhum resultado positivo.

Foram anos governados pelo PSDB e agora com Tarcísio de Freitas, do Republicanos, a coisa parece piorar onde imaginávamos ser impossível piorar. As escolas continuam sem a estrutura básica mínima para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

Falta material, faltam profissionais e os que estão trabalhando não dão conta de tudo o que uma escola precisa. As professoras e professores não têm o apoio devido. As condições de trabalho são insalubres porque fica tudo nas costas das professoras e professores. Isso sem falar nos baixos salários e nos mais de 100 mil profissionais ditos “temporários” – a Categoria O – sem direitos.

E o governo do estado realiza um concurso para somente 15 mil vagas, quando a demanda ultrapassa os 100 mil. Porque é importante termos professoras e professores concursados e, portanto, efetivos, com estabilidade e segurança no trabalho. E com condições de exercer a função com dignidade.

Nem as novas tecnologias são bem utilizadas em todo o processo e as trabalhadoras e trabalhadores da educação paulista não contam com os equipamentos necessários para aprimorar as suas aulas, menos ainda com equipe de apoio para o aprendizado sobre as tecnologias, tão importantes para o apoio às aulas no século 21.

Os problemas se avolumam com governantes sem compromisso com a educação pública e com propostas privatizantes e totalmente elitistas. A nossa luta, portanto, permanece cada dia mais contundente para São Paulo e o Brasil terem a educação pública que a população merece e precisa.


Texto em português do Brasil

Marielle: por que se fez agora em 5 meses o que não fizeram em 5 anos

Segundo a delação de Élcio de Queiroz, enquanto ele dirigia em direção ao bairro de Rocha Miranda, aonde encontrariam “Orelha” para acertar a desmontagem e o sumiço completo do carro Cobalt prata usado na execução de Marielle Franco e Anderson Gomes, Ronnie Lessa ia jogando sobre a linha férrea, de tempo em tempo, as centenas de pedacinhos em que haviam cortado a placa verdadeira do carro. Jamais seriam achados, assim como a submetralhadora do crime, que Ronnie disse ter serrado em pedaços e jogado em área funda do mar da Barra. O crime perfeito, entretanto, não existe. Se não ficaram rastros, surgirá um delator.

O que foi divulgado ontem, e a leitura é de dar engulhos, é apenas o anexo 2 da delação de Élcio. Outros anexos, mantidos em sigilo, dão às autoridades, a começar do ministro Dino, a convicção de que em breve saberemos quem foram os mandantes do crime. Mas saberemos também por que a Polícia Federal conseguiu agora, em cinco meses, o que não se conseguiu nos cinco anos em que as investigações ficaram a cargo da Polícia Civil estadual e do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Dino evita acusações, diz que provas e elementos da fase estadual foram aproveitadas, que muitos trabalharam direito mas haverá o momento de separar-se o joio do trigo. E certamente muito joio impediu que se chegasse ao esclarecimento completo do crime em cinco anos. Quando isso acontecer, muita lama vai jorrar.

Quando olhamos para trás, encontramos momentos cruciais que impediram o avanço das investigações. Em setembro de 2017, vésperas do encerramento de seu mandato, a então Procuradora Geral da República Raquel Dodge pediu ao STJ a federalização do caso, afirmando estar havendo obstrução no âmbito estadual. Na peça, ela denuncia por obstrução o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão. Através de um policial federal (ou ex) lotado em seu gabinete, Gilberto Ribeiro, ele teria feito chegar à polícia uma testemunha falsa, o miliciano Ferreirinha. Este prestou depoimento e acusou um acerto Orlando Curicica pelo duplo assassinato. Por quase um ano a polícia seguiu essa pista falsa. Dodge denunciou estes quatro ao STJ porque este é o foro para membros dos tribunais de contas.

Antes da decisão, o STJ determinou uma investigação da investigação, que foi conduzida pelo delegado federal Leandro Almada. Meses depois o tribunal recusou o pedido de Dodge e o caso seguiu no âmbito estadual. Naquela fase, nem a família queria a transferência do caso para a PF comandada pelo bolsonarismo.

Almada ficou no ostracismo e no início do novo governo Lula foi indicado como Superintendente da PF no Rio, o que gerou muitas resistências, inclusive de políticos do estado. Até o governador teria tentado impedir a nomeação. Mas Lula, Dino e o diretor-geral da PF, Andrei Passos, bancaram a escolha. Foi sob o comando de Almada que as investigações agora avançaram, tendo como responsável pelo inquérito o delegado Guilhermo de Paula Catramby.

Este foi um dos momentos em que as investigações poderiam ter mudado de rumo, mas não mudaram. Outro foi aquele em que o porteiro do condomínio disse que Élcio pediu para ir à casa 58, a de Bolsonaro, e diante da reação do ex-presidente e de seu ministro da Justiça, Sergio Moro, recuou e disse ter se equivocado.

Então, saberemos não apenas quem mandou matar Marielle, pois é óbvio que havia mandantes acima de Edmilson Macalé, aquele que foi executado em 2021, e segundo o delator Élcio foi quem “arrumou o trabalho” para Ronnie Lessa. E saberemos também por que ficou tudo empacado durante cinco anos.

Aliás, a paralisia do processo contribuiu para que Élcio fizesse a delação. Ele conta que, já preso, Ronnie recebia R$ 10 mil mensais de Maxwel, o Suel preso ontem: R$ 5 mil iam para o pagamento do advogado de ambos e a outra metade ficava para ele, Élcio, que não tinha como manter a família. Depois o dinheiro foi minguando até que foi totalmente cortado por Suel. Ronnie estava rico. Preso e abandonado, e tendo descoberto mentiras do parceiro, fez o acordo e rompeu o pacto de silêncio.

No mais, é repugnante a leitura da delação. Depois do assassinato, os dois encontraram Suel num bar da Barra onde beberam até altas horas. Estavam de ressaca no dia seguinte quando foram levar o carro para o desmanche, enquanto os pedacinhos da placa eram disseminados na linha férrea.

Nem por isso, impedirão que venha logo a resposta para a pergunta que nunca calou: quem mandou matar Marielle?


Texto original em português do Brasil

Imunidade penal dos partidos?

Um precedente no Parlamento Europeu

Marine Le Pen. Por VOX España – https://flickr.com/photos/voxespana/51849414761/in/photostream/, PDM-owner, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=116946736

Salvo erro, na legislatura do Parlamento Europeu anterior à que está a findar, a então Frente Nacional de Marine Le Pen viu-se metida em complicações judiciais por recorrer a verbas do Parlamento para contratar funcionários que ficavam a exercer funções nas suas instalações sediadas em França. Para além de responder às necessidades de financiamento deste partido de extrema direita, com quem o português Chega entretanto estabeleceu relações preferenciais, esta prática foi considerada sintomática do seu desinteresse pelo processo europeu. Não registei qual veio a ser a evolução do processo.

Também o Bloco de Esquerda veio a ser posto em causa na altura por as entidades europeias questionarem a circunstância de um funcionário parlamentar da representação do Bloco de Esquerda ser dirigente nacional do BE, o que em princípio decorria dos seus direitos enquanto militante de eleger e ser eleito para os órgãos do seu partido(i).

 

A dependência dos partidos portugueses das verbas parlamentares

De forma que o episódio recentemente ocorrido em torno do alegado aproveitamento ilícito por parte do PSD de verbas parlamentares para contratação de funcionários que não exerceriam funções no grupo parlamentar mas na sua estrutura, não deverá em si surpreender.

Na base da situação – no PSD e em outros partidos – parecem estar as fracas exigências aos militantes em matéria de contribuição para as despesas partidárias: as quotas nominais são baixas e mesmo assim não são pagas, o que tem levado a episódios conhecidos de pagamentos em massa de quotas por terceiros antes de eleições internas partidárias especialmente disputadas. Parece haver quem ache que a solução estará na completa supressão da exigência de pagamento de quotas.

Sumariando: um partido político pode colocar os seus militantes

  1. como titulares de cargos governativos ou de alta administração sujeita a livre escolha, ou ainda de administração autárquica;
  2. como membros dos gabinetes destes, mesmo assim com sujeição a restrições, uma vez que a relação de especial confiança é sobretudo uma relação de confiança pessoal(ii);
  3. como membros de assembleias electivas, na medida em que os resultados eleitorais lho permitam;
  4. como membros de estruturas de apoio aos grupos parlamentares, nomeados por estes mas pagos pelas assembleias.

ou em cargos da estrutura partidária, sendo que só nesta última situação terá de suportar as suas remunerações.

Na actual legislação portuguesa que quis afastar o financiamento dos partidos políticos por interesses privados, designadamente empresariais, o Estado reembolsa dentro de certos limites as despesas com campanhas eleitorais e atribui uma subvenção aos partidos políticos, mesmo que não elejam deputados, em função do número de votos alcançado nas eleições legislativas.

Mesmo assim, parece, não é suficiente e, sendo difícil confiar a membros de gabinetes de órgãos executivos funções de apoio partidário serão os membros de estruturas de apoio a assembleias que poderão assegurá-las. Alguns dos aspectos em análise na operação Tutti-Frutti terão a ver com estas “necessidades”

 

Falta de vergonha

Rui Rio. Por European People’s Party – EPP Summit, 22 March 2018, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=75740835

Pelo menos terá sido a percepção de que a certa altura foi essa a opção do PSD no tempo da Presidência de Rui Rio que levou o Ministério Público, a, com o apoio da Polícia Judiciária(iii), promover buscas na casa daquele ex-Presidente e em sedes do PSD de Lisboa e Porto, em processo aberto com base em denúncias anónimas mas oriundas do próprio PSD.

A reacção mostra contudo que a “Justiça”, como se tem escrito, parece ter-se atirado a a intocáveis:

  • o comentador – geral Marcelo Rebelo de Sousa veio com toda a rapidez evocar os seus trabalhos de doutoramento para referir que os grupos parlamentares se encontravam numa “zona cinzenta”, muito embora, ressalvou, como presidente da República não devesse pronunciar-se sobre o assunto;
  • o Partido Socialista no Parlamento prometeu de imediato alterar a lei para esclarecer eventuais dúvidas;
  • o Presidente da Assembleia da República veio dizer que o crime estava à vista de todos nas buscas, ou seja na publicidade que resultaria de uma suposta violação do segredo de Justiça, tendo moderado o seu discurso quando foi necessário tomar uma posição unânime em conferência de líderes, a qual se ficou por alguns truísmos;
  • o grupo parlamentar do PSD fez exigências à Procuradora-Geral da República, que as remeteu para o “processo”(iv);
  • o mesmo grupo parlamentar fez menção de chamar ao parlamento os procuradores responsáveis pela acção em clara violação do princípio da separação de poderes e manifestou um curioso incómodo por a Justiça ter ficado de posse de documentos partidários(v);
  • o presidente do referido grupo, PSD, não se esquecendo de que é economista, assinalou que o Partido consolidava contas com o grupo parlamentar;
  • perante alegações de que todos os partidos fariam o mesmo(vi) começou a ser noticiado que a “Justiça” iria investigar as contas de todos os grupos parlamentares.

 

Quase de certeza, um crime que irá deixar de existir

Por uma via ou por outra, julgo que a investigação – de abuso de poder ou peculato ? – irá ser abortada a curto prazo, para o que a opinião pública, que não foi informada do que está em causa foi convenientemente preparada, aliás Rui Rio tem a imagem julgo que merecida de ser pessoalmente honesto e devem-se-lhe mesmo, quando ainda mero deputado, as primeiras iniciativas no sentido da transparência das despesas públicas, com a publicação obrigatória do destino dos subsídios concedidos pelo Estado.

Uma possibilidade de o alcançar é, por iniciativa legislativa do PS, alterar a lei no sentido de viabilizar o que neste momento é ilegal ou de legalidade duvidosa, o que, em termos gerais, terá o efeito de, por aplicação da lei penal mais favorável, determinar a extinção de eventuais procedimentos que estejam a correr os seus termos.

Este tipo de expediente aliviou há alguns anos a responsabilidade financeira de órgãos autárquicos sem necessidade de qualquer amnistia formal e sem que a opinião pública se apercebesse da amplitude dos seus efeitos.

Uma outra possibilidade seria relegar os comportamentos actualmente puníveis como crimes para o elenco de meras infracções financeiras, susceptíveis de enquadramento em responsabilidade sancionatória ou reintegratória como sucederia se tivessem ficado sujeitas à supervisão do Tribunal de Contas.

De notar contudo que uma solução deste tipo foi afastada quando se delineou o actual regime.

 

Montenegro, a política e a justiça

Luís Montenegro. Por European People’s Party – EPP Athens, 2-3 December, 2022, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=133800749

Luís Montenegro não está directamente envolvido na origem destes problemas e aparentemente vem intervindo com moderação.

Num partido como o PSD em que muitos dos dirigentes têm uma base política local, a sua base foi Espinho onde actuou como Presidente da Assembleia Municipal enquanto Joaquim Pinto Moreira era, até atingir o limite de mandatos, Presidente da Câmara nas condições que começam a ser conhecidas.

Será que não tem nada a dizer? E ninguém tem nada a perguntar-lhe?

 

Notas

(i) No actual mandato, em que o BE passou de um para dois eurodeputados, este militante passou a integrar o PE.

(ii) Ver artigo Gabinetes de membros do Governo no Jornal Tornado de 17 de Maio de 2023

(iii) Num artigo inserido no Público de 23 de Julho de 2023 António Cluny deixa a sugestão de que os aspectos mais “coboioescos” da organização das buscas, designadamente com a elevada mobilização de meios, estará ligada ao envolvimento das polícias. Política e Justiça, a inutilidade de uma guerra oportunamente evitada

(iv) Nalguns jornais surgiu a menção de que Lucília Gago se arriscava a não ser reconduzida. Mas Marcelo e Costa não se haviam entendido em excluir a recondução dos PGR, afastando Joana Marques Vidal ?

(v) Luís Montenegro, que neste momento não tem assento no Parlamento mas que foi durante muito tempo presidente do Grupo Parlamentar do PSD, terá tido o mérito de tentar colocar as questões no local próprio em que constitucionalmente o seu partido está representado – o Conselho Superior do Ministério Público..

(vi) O PCP, cujos eleitos renunciam a uma parte das suas remunerações em benefício do Partido, demarcou-se destes dizeres.

A justiça, finalmente, mexe

Independentemente dos resultados, apura-se a relevância e o impacto social causado pelas movimentações, no quadro das suas competências especificas, a movimentação das diversas autoridades legais que começam a perder o medo de investigar o que tem de ser investigado no âmbito das suas competências:

  • O financiamento dos partidos políticos;
  • Os agentes políticos;
  • Os empresários;
  • empresas;
  • autarquias locais;
  • membros do governo;
  • deputados;
  • o cidadão comum com direito a defesa jurídica paga pelo Estado tendo em conta a sua declaração dos rendimentos tributáveis apresentada em sede de IRS. Que, como sabemos, numa sociedade formatada no plano educativo para o crime fiscal e outros em geral, não faltam cidadãos nessa condição tão só porque os rendimentos declarados são irrisórios, inclusive a massa salarial em linha com o salario mínimo nacional, a que acrescem os rendimentos declarados por um vasto leque de empresários também em sede de IRS, sendo que, os resultados líquidos para cobrança de IRC são trabalhados através de omissões conhecidas com incidência nas receitas do IVA e outros impostos, na justa medida em que há setores da economia onde não se apura que o IVA isentado acaba sendo cobrado ao consumidor inserto no valor final das mercadorias consumidas ou, para consumo, e a rotatividade dos stokes mais a prestação de serviços omitidos a que se juntarmos a economia paralela com facilidade concluiremos que a circulação da documentação oficial não corresponde à economia reallegl

Curiosamente numa destas ultimas investigações surge um ex-dirigente politico a dizer publicamente que usar dinheiro destinado à Assembleia da República em sede de despesa pública com os deputados é comum ser usado de igual modo por todos os partidos com assento no Parlamento para pagamento de acessórias do interesse partidário e despesas com funcionários faltando saber se nesse considerando está incluso também os alugueis de sedes e outros, sem que se saiba publicamente quais são os meios usados para justificar documentalmente essa despesa assim como qual a via legal para o registo da mesma documentando a receita.

A Lei quando é aprovada, passa para o cidadão a ideia de que a sua aplicação é geral.

A realidade mostra a existência de mecanismos legais de isenção fiscal e outras formas habilidosas de tratar os elementos contabilísticos, para contornar os resultados líquidos apurados com entrega em sede de IRC e de IRS assim como tratamento fiscal diferenciado para empresas da economia social vulgo, IPSS, com duas organizações diferente: a associativa com Órgãos sociais distintos e a que se rege por protocolo celebrado com os Conselhos Económicos da Fábrica da Igreja mais as Misericórdias, assim como para a economia associativa em geral independentemente da fonte da receita onde um Plano de Atividades, Orçamento e Contas, a aprovar em Assembleia Geral sob proposta da Direção são exarados em ata para os efeitos convenientes.

Esta circunstância abona a desconfiança do cidadão eleitor aquando da eleição dos seus dirigentes nos Órgãos sujeitos a esse procedimento em Órgãos distintos como o são os Órgãos Sociais generalizados, públicos e privados, na qualidade de associados.

No quadro da ação politica o cidadão eleitor não crê em laivos de boa fé perante resultados em que é o próprio a pagar os enganos e os desvios de que sai sempre
lesado nos direitos Constitucionais e Humanos que lhe são conferidos mas que o sistema instalado lhes coarta.

É neste contexto que a justiça se obriga a ser cega perante o estatuto do julgado e ao mesmo aplicar a Lei.

Coisa rara nas sociedades ditas civilizadas mas que começa a fazer caminho.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90