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João de Sousa

Sexta-feira, Abril 26, 2024

Sócrates desmente o “Público”

João de Sousa
João de Sousa
Jornalista, Director do Jornal Tornado

Na sequência do que vem sendo habitual – julgar Sócrates na praça pública dando como provados factos e suposições da acusação publicados noutros OCS – o jornal Público, propriedade da SONAE de Paulo Azevedo, publicou um artigo que José Sócrates vem agora desmentir, ponto por ponto, num texto entretanto publicado no referido jornal, ao abrigo da Lei de Imprensa.Para os mais esquecidos recordamos aqui que Paulo Azevedo atribui a Sócrates, erradamente, o insucesso na sua pretensão de compra da PT com dinheiro emprestado. Vejamos a resposta de Sócrates.

Os sicofantas

Senhor Diretor,

O Público decidiu fazer uma noticia envolvendo o meu nome, desta vez a propósito do processo da EDP, sem fazer, mais uma vez, nenhum esforço para me ouvir. Por essa razão, e ao abrigo do direito de resposta, solicito a publicação do seguinte esclarecimento:

  1. É absolutamente falso que o nome do Dr. Manuel Pinho me tenha sido indicado pelo Dr. Ricardo Salgado para Ministro da Economia. Conheci o Dr. Manuel Pinho em 2004, quando este fazia parte de um  grupo de economistas independentes que aconselhavam o secretário-geral do PS durante a liderança do Dr. Ferro Rodrigues. Esse grupo continuou a existir depois de eu próprio ser eleito líder do PS e foi dessa colaboração que nasceu o convite para ser porta-voz para a economia e, mais tarde, para Ministro da Economia. Estes factos são conhecidos de muita gente e é absolutamente lamentável que tão repugnante mentira tenha sido alimentada durante tanto tempo pelo Ministério Público.
  1. Julgo que conheci o Dr. Ricardo Salgado durante uma breve reunião, que aconteceu a seu pedido, quando exercia  as funções de Ministro do Ambiente. Desde aí e até a tomada de posse como Primeiro-Ministro, que me lembre, nunca mais tivemos qualquer tipo de contacto, podendo afirmar com segurança que nunca falei com ele no período que mediou a minha eleição como secretário geral do PS e a formação do governo. A referida  indicação de um nome para ocupar funções governativas não passa, portanto, de uma ridícula e insultuosa efabulação.
  1. Esta falsidade tem sido também aproveitada para sustentar um outro embuste da operação Marquês – a suposta “proximidade” entre mim e o Dr. Ricardo Salgado. Também isso é falso e facilmente comprovável. Nunca fiz parte do grupo de amigos do Dr. Ricardo Salgado nem tive com ele nenhuma relação social e muito menos uma relação baseada em qualquer interesse. Mais uma vez afirmo que, durante o tempo em que fui Primeiro-Ministro, nunca o visitei no seu gabinete nem em sua casa. A nossa relação foi sempre institucional e cada encontro que tivemos aconteceu a seu pedido e no meu gabinete. A única vez que falei ao telefone com o Dr. Ricardo Salgado depois de abandonar funções – conversa que o processo Marques regista –  aconteceu cerca de três anos depois de sair do Governo. Essa conversa resulta, aliás, de uma ligação feita por engano e por sua iniciativa, e da qual se pode facilmente concluir que nem sequer conhecia o seu numero de telefone. Julgo estes factos suficientes para avaliar a farsa do invocado “grau de afinidade“.
  1. Reafirmo, por outro lado e mais uma vez, que nunca o Governo tomou qualquer decisão que pudesse ser vista como de favorecimento aos interesses empresariais do Grupo Espírito Santo. No caso da OPA sobre a PT, o governo decidiu abster-se na Assembleia Geral e, no caso da venda da Vivo, o governo opôs-se frontalmente aos interesses diretos e publicamente assumidos por aquele grupo empresarial. Esta é a verdade, e a única verdade.
  1. Finalmente, não deixa de impressionar que toda a noticia seja construída para dar voz a uma reclamação de procuradores que se queixam de uma decisão com “contornos inusitados“ por parte de um juiz de instrução que os terá impedido de terem acesso a correio electrónico “sem prévia autorização judicial”. A surpresa dos procuradores, que à jornalista parece absolutamente legítima, é que ainda haja há juízes de instrução que se mantenham fieis ao seu papel enquanto juiz dos direitos, preocupados com o respeito dos direitos individuais. Talvez pudéssemos deixar para os articulistas de serviço o papel de sicofantas do Ministério Público, libertando o jornalismo desse comportamento.

Receba, Senhor Diretor, os cumprimentos do
José Sócrates

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