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Sexta-feira, Abril 26, 2024

Vinhos algarvios vão conquistando o seu lugar ao sol

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Ao longo dos últimos anos, os vinhos algarvios têm vindo a conquistar o seu espaço, tendo em conta que o panorama nacional, é um espaço ainda relativamente reduzido, pois os néctares da região não têm a visibilidade, a fama  – e respectivo proveito – de que gozam, por exemplo, os seus ‘colegas’ do Alentejo ou do Douro.

Nesta altura, a produção de vinhos da região mais a sul do país é de “cerca de 1,2 milhões de litros, dos quais apenas uns 750 mil são certificados”, diz Carlos Gracias, o presidente da Comissão de Vitivinicultura do Algarve. Embora não esteja a jogar no ‘campeonato’ da quantidade, o objectivo é, a muito curto prazo, “atingirmos os 2 milhões.” É um objectivo perfeitamente alcançável, uma vez que “há novos produtores a instalarem-se na região, ainda este ano tivemos um recorde de 60 hectares de novas vinhas, o que, para a nossa realidade, é muito bom.”

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Carlos Gracias, presidente da Comissão de Vitivinicultura do Algarve

Pelas suas contas, nesta altura, o Algarve tem 30 agentes ligados ao sector, que, até agora, têm mostrado especial apetência pela produção de vinho tinto. Mas, a tendência vai no sentido do branco  – que tem, actualmente, uma quota de apenas 20 por cento – vir a conquistar terreno. Diz Carlos Gracias: “pretendemos que, nos próximos anos, a produção de branco atinja os 40 ou 50% de todo o vinho produzido na região.”

A razão tem a ver com questões, essencialmente, comerciais. Parte de ‘leão’ do vinho ‘made in Algarve’ é consumida na região, por residentes e turistas, sobretudo, no Verão, altura em que apetece mesmo é ingerir bebidas frescas, pelo que, nessas circunstâncias, o vinho branco ‘cai’ sempre bem.

Até agora, as exportações de vinho algarvio não têm sido muito significativas, atingindo apenas cerca de 10 por cento do total. Um panorama que, no entanto, tem tendência a mudar. Muito por ‘culpa’ dos turistas que, quando se deslocam à região provam e ficam fãs dos vinhos e, depois, quando regressam aos seus países, tentam encontrá-los. Muitas vezes sem sucesso, uma vez que a ‘máquina’ de distribuição internacional não é fácil, mas, havendo procura, começam a surgir interessados locais em comercializar o produto.

Vinhas

Também na base do crescente interesse que começa a verificar-se em alguns países é a conquista de alguns prémios por parte dos vinhos, situação que começa a ocorrer com alguma frequência e que, naturalmente, chama a atenção de profissionais do sector e do público adepto da boa ‘pinga’.

Apesar da evolução muito positiva que tem vindo a registar-se, Carlos Gracias admite que ainda há um longo percurso pela frente. Uma parte substancial dos produtores gosta e sabe fazer vinho, mas não tem igual vocação ou talento para vertentes igualmente importantes como o marketing e as vendas.

Por exemplo, nem todos os produtores têm, no dia-a-dia, as portas abertas a quem queira visitar as suas explorações e adegas. Quem o faz consegue aumentar bastante as suas vendas, pois escoa muita da produção por essa via, e a preços bem mais interessantes, uma vez que não paga a intermediários.

Outra área que joga bem com com a arte de produzir vinho é o enoturismo e também aqui há muito para melhorar. A legislação existente pode impedir que muitos dos produtores algarvios – que até têm condições para  isso – apostem nesta vertente. Mas, na opinião de Carlos Gracias, o que os retrai mais é “tratar-se de uma área que está fora da sua área de conforto e, por isso, sentem algum receio em nela se envolverem.”. De forma que preferem continuar a fazer aquilo que sabem fazer melhor: vinho.

E, por falar nisso, vai mais um copo?

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