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Quinta-feira, Abril 25, 2024

Mussulo. A “Ínclita Ulisseia”?

Eduardo Águaboa
Eduardo Águaboa
Escritor, Ensaísta, Comentador político especializado em ideias gerais

Salvé Regina da Luanda!

Ilha do Mussulo! Lá onde os dias fazem cobiça, de lindos que são.

Salvé Regina de Luanda! Os Sábados e Domingos agradecem-te. O povo igualmente e quem já aí bebeu copos de sol on the rocks também.

Ai de Luanda se não fosses tu. Era como um ai de mim se não fosse eu.

Tu, Mussulo, trazes-nos o sossego, acalmas as nossas pressas e sussurras-nos aos ouvidos, e em inglês, só aquilo que interessa: Please don’t go!

E é por isso que eu gostava de te desconhecer, para te conhecer de novo….

Esta ilhinha que se avista da capital é um banco de areia com cerca de 3okms de comprimento, formado pelos sedimentos do rio Quanza, na costa sul de Luanda.

A “coisa” é requintada, pelo que necessita de mais detalhes.

Restinga do Mussulo abriga a Baía do Mussulo que alberga três ilhas no seu interior, sendo a Ilha dos Padres a maior e a mais conhecida.

Ora bem, mesmo sem imagem, já se vê que a ilha é, foi e será um local de descanso, óptimo para o relaxamento, seja para os luandenses, seja para os visitantes, sendo certo de que para estes, é local de visita obrigatório – onde se chega de barco – de modo a poderem usufruir das suas belas praias protegidas pelas sombras de centenas de coqueiros estando várias delas dotadas de infra-estruturas turísticas e de lazer. Infraestruturas de qualidade, sublinhe-se, onde o empregado de mesa nos atende amavelmente, onde há robalos muito frescos e muito amigáveis e onde nos surgem, entre reverências, lagostas devidamente rodeadas de competentes alicates. Depois o café, acompanhado de uma conta astronómica.

Para quem foge com medo de engordar, as suas águas calmas favorecem a prática de desportos aquáticos, com ou sem ajuda motorizada. Os braços e as pernas, os nossos motores naturais, podem fazer-nos voar por cima delas, acima do mundo, acima das leis, pois ali reina a harmonia natureza/corpos à solta.

Mas há mais um elemento importante a declarar, neste desfile imperdível de belezas naturais.

Do outro lado da Restinga, voltada para o Oceano Atlântico há uma praia praticamente deserta, vá-se lá saber porquê, mas naquelas areias, como a felicidade é palreira, dá para desenhar espantos falados.

Pois é, como escreveu o poeta (terá ele passeado por aqui?) “passeando ao longo daquelas praias onde o mar, indo e vindo, como se nos convidasse a metermo-nos nele até desembarcarmos na porta de «ínclita Ulisseia» “

Quais ilhas Maurícias? Maldivas? Fantasias? Rá-Tim-Bum? Do Mel? Marijó? Koh Lanta ou Bocas Del Toro? – Nenhuma se compara ao Mussulo, às águas do Mussulo, às areias do Mussulo, aos dias e noites do Mussulo, aos churrascos do Mussulo, às tremendas bebedeiras do Mussulo, às pessoas que frequentam de laço o Mussulo, nem em nenhuma delas se brinca tanto com a imaginação. Quem quiser “arruinar” a reputação fabricada publicitariamente dessas ilhas e de muitas tantas que não caberiam aqui, é esfregar-lhes nas cuidadas, cremosas e bem tratadas trombas com a Ilha do Mussulo!

Do chão impossível do Mussulo só pode brotar algo impossível.

No Mussulo há búzios que guardam segredos de amantes espalhados pelo areal.

Quando alguém diz «fiquei com a sensação que deixei o meu coração algures em Angola» foi no Mussulo.

O Mussulo é uma tasca de cinco estrelas. Um hotel digno de todos os encómios.

O Mussulo é uma ”menina grande” como todos os homens.

Por tudo isto, Mussulo é a pausa que apetece, é a oração que se deve.

De facto, o Divino Artista que está nos Céus compôs certamente este sítio numa das suas manhãs da mais solene inspiração!!!

(In Taras de Luanda)

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