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Quarta-feira, Abril 24, 2024

O 25 de Novembro de 1975

No passado dia 25 de Novembro completaram-se 42 anos sobre uma data dramática para o Povo Português.

Nesse dia, através da Força Armada, as forças politicas emergentes do derrube da ditadura, procuravam impor os seus projectos, no acto final de uma disputa que se tinha prolongado pelo verão (chamado Verão Quente) de 1975.

De um lado as que queriam construir uma sociedade democrática e um Estado de Direito no modelo vigente na Europa Ocidental, do outro lado aqueles que preconizavam um modelo de sociedade do tipo das democracias populares dos estados totalitários do leste europeu acompanhados por outros, cujo impulso revolucionário os levava a quererem estabelecer um sistema puro e utópico de poder popular.

E ironia do destino, alguns dos que durante a ditadura sempre clamaram por eleições livres, e por elas tinham lutado e sofrido passam então as desvaloriza-las em função de estratégias alternativas de assalto ao Poder.

Perante esta disputa, as Forças Armadas dividiram-se e chegaram ao confronto físico.

Os militares vencedores, foram apoiados pelos partidos que até há dois anos atrás se reclamavam da exclusiva legitimidade para governar (arco da governação, como diziam, PS-PSD -CDS).

Os vencedores se declinaram o poder do momento e executaram de forma ordenada e genuína a entrega do poder aos representantes eleitos do Povo, não se coibiram de praticar uma politica persecutória e em muitos casos injusta para com os militares vencidos, que só muitos anos mais tarde foi parcialmente reparada.

Essa politica atingiu também de forma discriminatória muitos quadros civis e ameaçou mesmo um retrocesso dramático do processo de democratização, parado por três homens cuja História se encarregará de reconhecer Ramalho Eanes, Melo Antunes e Vasco Lourenço.

Mas o que ficou dessa disputa fraticida foi o cumprimento integral da palavra dos capitães que em 25 de Abril de 1974 prometeram ao Povo a Liberdade e o exercício pleno da sua Soberania. Palavra dada e cumprida com o acto final da revisão constitucional de 1982 e a retirada total do poder militar da esfera politica.

Podemos hoje perguntar-nos, o que resta dessa acção patriótica e generosa.

O exercício das liberdades públicas o progresso material inevitável face ás novas condições criadas, é certo.

Mas o sonho mais profundo e genuíno dos capitães de Abril, o sonho de uma Sociedade Justa e Fraterna, o sonho da Felicidade para o Povo, esse, não foi enterrado, como muitos dizem pelo acto patriótico do 25 de Novembro de 1975, esse foi apreendido, enclausurado e destruído de forma sistemática, por quem se apossou dele e dos direitos dos portugueses.

Os acontecimentos de anos recentes, em que fica cabalmente demonstrado a falência politica da cleptocracia que tem mandado no País e a falência da dita sociedade civil e de parte das suas elites, convoca-nos a todos, para a regeneração da Pátria e para a defesa da Democracia e da Liberdade.

por Coronel Rodrigo Sousa Castro, Capitão de Abril

(com a devida vénia ao autor)

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