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Sábado, Abril 27, 2024

Qualquer coisa como pensar apenas

Vitor Burity da Silva
Vitor Burity da Silva
Professor Doutor Catedrático, Ph.D em Filosofia das Ciências Políticas Pós-Doutorado em Filosofia, Sociologia e Literatura (UR) Pós-Doutorado em Ciências da Educação e Psicologia (PT) Investigador - Universidade de Évora Membro associação portuguesa de Filosofia Membro da associação portuguesa de Escritores

Um tom verde talvez me consuma como um albatroz sem rumo, talvez ouça a tua voz cantada naquela serenata incontida nos versos que lera e que poeta nesses rumos sentados à beira do choupal do Zeca…

…quem me dera contar como se deveria os anos como compassos nesta pauta de flautas de sorrir encantos à janela da tarde ver passar a calimeira, sonhar ainda assim sei, que importa então parar se navegar é preciso para encantamentos soletrados nos degraus das vozes dos pardais enjaulados na minha cabeça sem destino e somas ainda nesta mesa de vinhos de Sardoal como se do Ribatejo me sentisse e eu lá, sentado à mesa de rabiscos num garfo de plantas amorfas sondar o meu paladar que adormece em cada gole contado pelos metros da alma.

Lentejoulas de vidro, um segredo contido, uma voz dispersa nesta rua só minha em nós como caminhantes avulsos de vícios e a floresta na alma deitada como uma bala à tiracolo que importa?, indo-nos para rumos bem distantes é um cometa na mão quando se explana o sol sobre os esguichos deste jardim perdido à beira da rotunda de há anos na mesma, tudo sem sinais de novidade, sem restos nas encostas disformes que antes descaíam sobre a calçada dos pés cadentes nestes poentes do sul e sol a mais nada importa sei, é tudo apenas um disfarce como coisa constante, pedaço de lei neste arquivo de Abril faz cem anos somos ainda na mesma o mesmo e que importa se era teu ou meu, nada vale ser nosso ou nada se a ninguém pertence, é a lei dos dinossauros à janela como um livro de contos do faroeste de atiradores de aventuras por contar como quem vê cinema nesses restauradores tão cansados como o vício destas sevícias alojadas ou enjauladas que importa amor. Agora sim, dá-me a mão como fraternos irmãos nesta sala da nossa mãe deitada de dores pelo corpo que se destempera anos já contados no tabuleiro dos bifes batidos para jantar.

Qualquer coisa como pensar apenas assim seja, um vulto no rebordo da cara içada e nada a diante a não ser o ir ao encontro de nuvens como ervas sobre a casa que antes deslumbrava os sentidos do relógio seco e eu na mesma, seco como um nada que navega sem história a tua sauna numa praia deste inverno singular e apenas isso, um sítio de lagares como uvas em sacolas de estudantes que sobrevivem resmas a cantar sozinhos a voz nua de Brel e a coluna içada na sala de jantar dos meus pais.

Ainda assim o pesar do tempo sobre estes pêndulos esquissos como imagens que flutuam tanto faz, a gente entende e sobre que navios o mar nos descubra navegantes sombrios destas veredas encantadas à parede da vanguarda anónima de versos encontrados em qualquer gaveta da tarde soletrados sem silêncio como se deseja, sorrir encanta sim e assim fazemos ainda soltos nestas mãos púdicas de verbos escritos pela filosofia dos tempos. Sim, qualquer coisa como pensar apenas, nada mais.


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